Capítulo 10 UM ROUBO A LUZ DO LUAR

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O momento chegara. A lua estava alta, estava cheia. As corujas chirriavam. Alguns cogumelos brilhavam em uma luz azulada, fonte da alta quantidade de magia daquela terra.

O grupo estava na espera do sinal quer queriam para ir até o cemitério. O corpo já havia sido enterrado pelos aldeões durante a tarde. No meio da floresta, o grupo esperou e esperou. Olivia brincava com alguns vagalumes que estavam voando próximos a eles. Astra por outro lado sentia-se muito preocupado para acompanhar a amiga. Próximo ao descampado do cemitério a noite não era tão amedrontadora apesar do cenário macabro dos túmulos. Já dentro da floresta, a escuridão era tamanha que sabe-se lá que horrores poderiam estar se escondendo lá dentro.

— Acho que esse é o nosso momento meus amigos. — Disse Arthur em um murmúrio, se é que se pudesse dizer que aquele chiado na voz poderia ser chamado de murmúrio. Era alto o suficiente para que o grupo todo pudesse ouvir.

Todos atenderam ao aviso de Arthur. Levantaram-se e puseram-se a andar junto dele. Agora estavam próximos uns dos outros andavam vagarosamente e agachados para que ninguém pudesse vê-los, principalmente o coveiro que tinha seu pequeno casebre próximo ao pequenino cemitério. A lua era capaz de gerar uma luz azulada que permitia aos jovens enxergarem, para Astra, isso não fazia diferença já que ele próprio era capaz de enxergar no escuro, era uma das habilidades naturais de um elfo ter a possibilidade de enxergar em ambientes escuros como se fosse dia.

A grama se balançava contra o vento que por meio dela, mostrava a que direção estava indo. O grupo de aventureiros se movia pela leve colina até que puderam chegar até o local onde havia sido enterrado o corpo do pobre coitado que havia morrido naquela vila. Para a sorte do grupo, já havia uma pá ali perto que o coveiro preguiçosamente não levou. Talvez por que não fosse imaginar que havia um grupo prestes a desenterrar um cadáver ou mesmo simples displicência.

— Olivia, passe-me a pá. Pediu Arthur.

Olivia não se demorou a pegar a pá. Logo ela veio com o instrumento em mãos e o homem pôs-se a cava a cova só para então desenterrar o caixão sujo de terra. O fedor era gigantesco. Afinal, já havia se passado o dia inteiro desde que o homem havia morrido. Sabe-se lá se malditos insetos asquerosos já haveriam se apoderado do corpo do homem como assim fazem com todo ser que deixa este mundo.

— Astra, venha aqui um instante, preciso de sua ajuda, vamos levantar o caixão.

O menino foi até lá. Os dois levantaram o caixão, a força que faziam era tamanha a ponto de fazer com que as veias da cabeça saltassem. Se esforçaram e puseram o caixão ao lado da cova aberta. Arthur, estava completamente sujo de terra tentava inutilmente limpar-se com as mãos que também estavam sujas, mas ao menos faziam com que o excesso da sujeira diminuíssem um pouco.

— Agora vamos, abrir o caixão.

Eles se puseram de bruços ao caixão, arrombaram a tranca com a pá de maneira violenta e abriram.

— Perturbar os mortos... Isso não é bom. Murmurava Olivia.

— Eu concordo com você, pequena, mas precisamos saber o que estamos enfrentando aqui. Respondeu Arthur.

A porta do caixão apresentou aquela figura, um homem de aproximadamente 40 anos morto. Assassinado. Curiosamente não haviam sinais de ferimentos nele. Como se tivesse... Como se tive sido morto por dentro.

— Curioso. Disse Arthur enquanto examinava o corpo.

— O que é curioso? Perguntou Astra?

— Não tem marca de absolutamente nada e ainda sim, esse homem teve... parece que teve uma hemorragia interna.

— Tem alguma ideia de o que poderia ter feito isso? Perguntou a jovem Olivia.

— Muita coisa ainda Jovem Olivia. Muitas coisas podem causar hemorragias dentro do seu corpo.

— Podem?

— Podem. Hm. — Suspirou Arthur — Acho que vamos ter de abrir.

— Abrir? Astra engoliu em seco.

— Beatrix, poderia me dar uma faca por favor?

A menina assentiu com a cabeça. Levantou levemente o vestido até que pudesse ver sua bota por inteira. Puxou da lateral da bora uma faca que provavelmente era para outro uso. Arthur pegou e começou a abrir a barriga do homem, o fedor e cheiro de sangue eram enormes. Foi aí que ele viu.

— Meu deus. Disse ele baixinho.

Todos puseram as mãos a cobrir suas bocas. A imagem era horrenda. Era nojenta, seja lá que outro adjetivo grotesco se pudesse dar a aquilo. As entranhas do homem estava dilaceradas, mal podia distinguir os órgãos dentro do corpo do pobre coitado que havia morrido de maneira brutal. Eles poderiam até imaginar o sofrimento que este homem tenha passado antes da morte.

— Pelos Deuses. Disse Astra.

— E agora Arthur? Perguntou Olivia em um tom que agora parecia estar levemente nervosa?

— A coisa atacou ele por dentro... Um parasita? Não Não teria feito todo esse estrago em tão pouco tempo. Talvez, algum tipo de magia?

— Que magia teria sido usada para um fim tão vil quanto esse? Disse a menina com a voz trêmula.

— Acho que você não faz ideia dos horrores dos quais as pessoas são capazes pequena Olivia. Não é a primeira vez que vejo uma cena de brutalidade praticado por magia... Por outra pessoa. Algumas pessoas podem ser muito ruins e isso é algo que você com suas pequenas atitudes, pode mudar. Lembre-se disso.

A menina encarou ele com um tom de admiração por alguns segundos até se tocar do que estava pensando, as palavras, as poucas palavras de Arthur haviam lhe tocado bem.

Pararam de remexer o corpo. Sentaram e começaram a sentar raciocinar sobre o que poderia ter acontecido. Passou-se cerca de 30 minutos até que Beatrix teve sua cabeça acesa por uma ideia.

— Sem marcas de luta... — Dizia Arthur consigo mesmo em um murmúrio pensativo — Deve ser obra de magia. Só pode ser obra de magia.

O pequeno Astra tornou os olhos para o homem jazido ao chão frio de terra preta ao qual havia sido enterrado.

— E se o monstro for alguém de dentro da vila? Disse a Olivia enquanto olhava para o chão com os braços abraçados as pernas.

Todos viraram as cabeças rapidamente para ela, o tom era de uma dúvida repentina ao qual não haviam pensado a princípio.

— Isso justificaria o assassinato de alguém de dentro da vila. E no meio dela sem que fosse descoberta. Não consigo imaginar um animal ou qualquer outra criatura atacando simplesmente por pura vontade. Lembremos que o ataque foi dentro da vila e foi as escuras para que ninguém pudesse fazer ideia do que estava acontecendo.

Todos estavam impressionados com o raciocínio lógico da jovem Olivia.

— BRILHANTE! Exclamou Arthur

A menina corou.

— Que aldeão não estava no meio da multidão? Algum de vocês prestou atenção nisso? Perguntou o espadachim

Todos continuaram cabisbaixos sem conseguir pensar em alguém que pudessem ter visto agir de forma estranha.

— Senhores. Então eis aqui nosso próximo objetivo. Vamos achar o desgraçado dentro do vilarejo. Disse Arthur enquanto se levantava e olhava para o horizonte. Seus cabelos que batiam até o fim do pescoço e eram levemente ondulados balançavam aos ventos que se puseram naqueles exato instante. O espadachim virou-se para eles e continuou.

— Eis aqui o que faremos...

Naquelanoite os aventureiros arquitetaram seus planos. Estavam decididos a encontrar oassassino do pequeno vilarejo.

A jornada de AstraOnde histórias criam vida. Descubra agora