019 ∾ How would you know?

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Eliza Smith


Enquanto permaneciamos no silêncio constrangedor tentei não prestar muita atenção no quão bonito Shawn estava naquele terno azul enquanto eu parecia uma sombra coberta com roupas pretas, pois estava ali apenas para cumprir meu trabalho.

Trabalho... Argh... Tenho certeza que estava prestes a ser demitida por carregar tanta falta de profissionalismo. O que não me surpreenderia ou me deixaria com raiva, apenas significaria o quanto eu preciso colocar limites em mim mesma de vez em quando, mesmo que Camila fosse minha amiga ela ainda era minha chefe, certo? Mas quem imaginaria que o maior dos cretinos estragaria a minha noite e logo em seguida eu seria acertada no rosto? Ao ponto de que já faziam longos minutos que eu segurava aquela garrafa contra minha pele, ela sequer estava gelada como quando me foi oferecida.

Percebi estar desligando-me de meus próprios pensamentos quando, pela sua expressão corporal, percebi Shawn inquieto sem saber como ficar.

– O que foi? — perguntei após juntar toda cara de pau que tinha dentro de mim.

Ele me observou um pouco surpreso, mas logo soltou um suspiro um pouco longo e cruzou os braços fixando seu olhar em meus olhos.

– Não imaginei que fosse estar aqui hoje... Sabia que ainda trabalhava com a Camila, mas não que vinha para premiações.

– Foi meu primeiro dia em algo assim — tirei o objeto do meu rosto e olhei para baixo evitando contato com o rapaz — E para ser sincera... Por como me comportei, acho que deve ser o último. Em qualquer coisa para a Cami.

– Não é assim também — percebi ele sentar ao meu lado no sofá — Tenho certeza que se justificar certinho para todo mundo, vão entender. Além de que seu trabalho é incrível, seria um desperdício.

Virei minha atenção para seu rosto e sorri. Sem timidez ou segundas intenções. Apenas um sorriso de alguém que, sem perceber, realmente sentia falta daquela voz pouco grossa e as palavras bacanas que a mesma formava na maior parte do tempo. Eu sentia falta dele. Como pude não perceber que sentia?

– Obrigada — respondi — Acho que posso tentar se meu nariz não estiver prestes a cair.

Rimos juntos e a memória da situação de minutos atrás vagou pela minha mente, vindo junto de um pequeno detalhe que também acontecera um pouco antes do agora.

– Quando Carter e Camila estavam aqui... — comecei — Por que você disse aquilo daquela forma.

– O que exatamente eu disse? De qual forma? — ele deu uma risadinha enquanto arqueava uma sobrancelha.

– Você disse "ai eu não quero atrapalhar a festinha"... — fiz aspas com as mãos enquanto tentava imitar sua voz e ele soltou uma gargalhada — de uma maneira tão... Não Shawn.

Ele se inclinou um pouco apoiando os cotovelos nos joelhos e não tirei minha atenção de ti por um segundo sequer. Estava com medo de que ele estivesse com raiva de mim ou da situação, mas ele apenas continuou sorrindo e encarando o chão.

– Você... — tentei falar algo mas ele logo me interrompeu.

– Não, Eli — virou seu olhar para mim — Não estou com raiva de você. Só não gosto daquele sujeito, ele é de caráter bem duvidavel.

– É mesmo — me apoiei no encosto do sofá tentando relaxar um pouco quanto à toda aquela situação — Mas como você saberia?

– Sabe... No casamento, quando nos conhecemos, ele me parou no banheiro pra me dizer que você era doida, que não devia confiar em ti.

– Isso é sério? — perguntei quase em um grito e o assisti se desmanchar em risadas — Você tá brincando comigo, não está?

– Não estou!

– Então do que você está rindo?!

– Da sua reação! Eu não sou idiota, Eliza! Eu não dei ouvidos a ele, tanto que voltei e mais tarde aquele dia eu te beijei de novo.

Lembranças daquele episódio passearam pela minha mente, o que me fez sorrir um pouco, desejando que todos os dias com Shawn fossem assim, descontraídos, nos beijando e sem alguma preocupação com como iriamos agir no dia seguinte, porque isso não importava.

Eu desconhecia esse sentimento. Sentimento de tamanha vontade de alguém, normalmente eu conseguia esquecer o nome da pessoa em dias caso as coisas não saíssem como planejado e, claro, eu segui em frente com relação ao rapaz que estava ao meu lado, mas ainda sim, tê-lo rindo e falando bobagens ao meu lado apenas me fez querer mais daquilo.

Parte de mim me sentiu hipócrita e insensível por querer aquilo mesmo depois de ter sido responsável por não estarmos juntos hoje, mas o que eu poderia fazer? Mendes era adorável em tudo que fazia e pelos últimos cinco meses evitei qualquer tipo de conteúdo relacionado a ele ou seu trabalho justamente para não sentir o que estou sentindo agora.

– Isso é meio estranho. — ele sugeriu com um tom meio timido em sua voz — Mas já se passou muito tempo. Podemos ser amigos, não é?

Amigos. Sim, podíamos ser amigos. E eu não ia gostar muito daquilo, porém precisava entender como as coisas não giravam apenas em torno ao que eu queria ou sentia então so me restou concordar.

– Claro. Afinal, somos adultos — me levantei deixando a garrafa, que estava a décadas em minhas mãos, sobre uma mesinha simples que havia ali — Podemos lidar com essa situação com classe.

– Com certeza — o observei dar uma risadinha e se aproximar de mim enquanto mantinha sua mão esticada na minha direção — Amigos?

Eu não me mostraria nem um pouco insatisfeita com aquela situação, eu não tinha bolas suficientes para isso. Então simplesmente sorri, simpática, tentando mostrar maior naturalidade impossível.

– Sim. — respondi ao seu cumprimento, apertando sua mão como se estivéssemos fechando um contrato de negócios — Somos amigos, maduros e nada entre nós vai ser estranho.

Mesmo após alguns instantes, estranhamente, nós permanecemos na mesma posição. Nos encaramos sem parar enquando nossas mãos ainda estavam juntas quase que descansando uma na outra.

Nenhum de nós sabia o que dizer ou o que fazer, ou pelo menos era isso que parecia, até seu olhar mudar de apenas perdido para algo que não consegui identificar ou decifrar. Mas eu nem ao menos precisei continuar me esforçando para isso. Assim que abri a boca para questionar a situação, senti sua mão apertar a minha me puxando para mais perto de forma quase agressiva e quando menos esperava ele simplesmente me abraçou. Me tomou contra seu corpo com força e me deu um abraço confortável e confuso.

– Por que isso? — perguntei em seguida lhe abraçando de volta e descansando a cabeça em seu peito.

– Acho que é isso que amigos fazem... — suas palavras saíram como um sussurro calmo antes de ele se afastar quase que de maneira desesperada e desconfortável — Foi... Ahm... Uma forma de afirmar nossa... Amizade...?

– Oh... Claro. Entendi.

Sorri falsamente tentando me convencer de que aquilo não havia sido extremamente estranho. Mas do que caralhos eu sei? Acho que é assim que as coisas devem ser afinal.

~

Eii pessoal, só passando pra lembrar vocês de votarem e comentarem, porque ver que 50 pessoas leram e só 4 votaram é beeeem desmotivador. Enfim...

Espero que tenham gostado do capítulo, até a próxima!

it matters ∾ shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora