023 ∾ I would never regret it

430 37 11
                                    

Shawn Mendes

O caminho foi quieto e até o motorista pareceu perceber que Eliza não estava na melhor das situações. Ela estava com a cabeça deitada em meu ombro e não fez nada desde que o carro saiu do lugar, o que não era exatamente do seu fetio, mas era completamente justificável. Acho que até se estivesse completamente sóbrio eu tomaria a mesma atitude que ela após as palavras de Carter e estava confiante em o fazer, porém ela foi mais rápida.

– Esse é o endereço certo? — o homem no banco da frente perguntou cortando os meus pensamentos.

Olhei pela janela, percebendo que estávamos parados e fiquei analisando o prédio por alguns segundos antes de lhe dar uma resposta.

– Sim, isso mesmo — tirei o cinto e vi a ruiva ao meu lado fazer o mesmo — Obrigada... Boa noite.

Abri a porta do carro e assim que pisei na calçada estendi minha mão para Eliza se levantar, assim que me despedi mais uma vez do motorista, a abracei de lado não pelo simples ato de ser algo afetuoso mas também, porque queria que ela se sentisse confortável na minha companhia.

– Onde estamos indo? — ela perguntou em tom baixo sem parar de andar.

– Para o meu apartamento — dei um sorrisinho como se a pergunta fosse óbvia.

– Achei que morasse em Toronto.

– Eu moro... Também. — o elevador se abriu e entramos juntos — Ou você achou que eu passava todo esse tempo em Los Angeles dormindo no estúdio?

Observei um sorriso se formar em seu rosto enquanto esperávamos chegar no andar desejado mas apenas isso, o que já era mais que o suficiente para mim.

Quando as portas de metal a nossa frente se abriram, mantive meus braços ao seu redor enquanto a guiava para o caminho certo. Para ser sincero não tinha muita certeza de quem estava se apoiando em quem, mas não caímos, já era uma vantagem. Até mesmo quando paramos de andar não soltei o estranho abraço em que estávamos enfiados, parte de mim temia ridiculamente que se a soltasse, Eliza iria sair dali correndo e fugindo por algum motivo que eu, novamente, não entenderia.

– Lar, doce, lar — falei quase ironicamente após abrir a porta e dar mais alguns passos para entrar definitivamente no apartamento.

Percebi que ela observava todo o ambiente com um olhar simples, sem mover um músculo para longe de mim.

– É bonito — sorriu — E a sua cara.

Sua voz não está mais carregada de ironia ou intensidade como geralmente algum conjunto de falas de Eliza Smith seria. É um pouco estranho. Mas confortavelmente novo e compreensível. Não posso imaginar estar em sua pele, queria ficar um pouco chateado por aquela situação ter acontecido logo naquela festa mas só conseguia pensar em amenizar o clima pesado que acabou ficando por isso.

– Quer beber ou comer algo? — perguntei acariciando seu braço levemente.

Por deus. Como era bom estar próximo a ela daquela forma. Eu deveria beber mais vezes e falar baboseiras como as que disse hoje naquele bar, tenho certeza que mesmo sendo uma atitudes que jamais tomaria se estivesse sóbrio, eu também não me arrependerei disso. Sóbrio, bêbado, chapado, dormindo ou completamente desligado da realidade, era sempre momentos como este que eu desejava estar vivendo. Tirando a parte de que ela foi praticamente humilhada pelo ex namorado na frente de muitas pessoas. Isso não é nada legal.

– Eu aceito uma água — Eli respondeu simplesmente e concordo com a cabeça antes de deixar um beijo na ponta do seu nariz — Se está pensando que esse beijinho vai compensar pela portada que me deu mais cedo, você está muito enganado.

Essa era a tonalidade de suas palavras que eu conhecia e adorava. Sorri pensando nisso e também no fato de que eu definitivamente havia esquecido do ocorrido tenebroso no camarim de Camila.

– Mas que droga! — ironizei — Pois então acho que vou ter que te dar muitos outros beijos. Ou então deixar você me bater de volta.

– Adorei a segunda opção.

– Eu sei disso. Não fuja daqui, hein.

Dei uma risadinha e quebrei nosso abraço indo em direção à cozinha. Peguei um copo de água que ela havia pedido e talvez eu devesse ter feito o mesmo para mim mas eu estava focado apenas em voltar logo para sala.

Quando estava a alguns passos longe de Eliza, por um segundo, meu corpo congelou ao perceber a garota — a minha garota — estava sentada no sofá ao lado de onde havia a deixado, se desmanchando em lágrimas com as mãos no rosto e os braços apoiados em seus joelhos. Jamais pensei vê-la chorando daquela maneira, não era algo ruim, mas fiquei assustado.

Não fiquei parado por muito tempo. Tentei o mais rápido que pude ir na sua direção e me sentar bem perto do seu corpo.

– Eli... — a abracei de maneira desajeitada e ela apenas se apoiou em mim.

– Me desculpa — ela limpou os olhos desesperadamente — Estou destruindo o clima chorando desse jeito, não é?

– Não está — seguro seu rosto e deixo um selinho delicado em seus lábios — Quer me contar, porque exatamente você está chorando? — ela ficou em silêncio — Se não quiser, não precisa.

A abracei com carinho, passando meus dedos pelos seus fios de cabelo e ficamos assim por alguns minutos. Talvez minutos demais. Mas eu não sairia dali até que a garota pedisse. Em algum momento, quando não estava mais chorando, ela deslizou seus braços pelo meu corpo e resolveu quebrar o silêncio de uma vez.

– É uma droga ter que lidar com Carter — suspirou — E não quero ter que lidar com alguém assim nunca mais, mas como sabemos quem são essas pessoas?

– Não imagino como deve ser...

– Tá tudo bem, não precisamos falar sobre ele.

– Então... Falemos sobre nós dois — ouvi ela soltar uma risadinha abafada contra meu peito e sorri por isso — O que foi?

– Temos algo para falar?

– Onde esteve nos últimos cinco meses, hein?

Gargalhamos juntos e deixei mais alguns beijos em seu rosto e foi algo quase involuntário. Ela estava tão perto, era tão fácil o fazer. Apenas precisei daquilo.

– Acho que tenho medo de você se arrepender depois... — disse baixinho — Não sei se confio muito em palavras ditas depois de uma série de bebidas.

– Eu jamais me arrependeria. Claro, eu preciso de algumas bebidas para ter coragem de te falar tudo que falei na festa, mas idai? Essas palavras estavam entaladas na minha garganta a tanto tempo que senti pena delas.

Não recebi resposta. Apenas um belo sorriso e um toque no rosto seguido de um beijo calmo que me causou arrepios dos pés a cabeça, uma sensação tão familiar e ao mesmo tempo tão em falta que poderia permanecer ali por toda eternidade.

As vezes penso que gostaria que nosso primeiro beijo tivesse sido cheio de sentimentos como esse, mas talvez seja interessante pensar em como nossa história atropelou a ordem de continuidade que clichês românticos devem ter. Começamos com beijos. O resto veio como um brinde inesperado. E como foi inesperado...

Sem querer, eu te amo, Eliza Smith.

~

Que tristeza eu queria um Shawn Mendes na minha vida.

Queria dizer que talvez eu demore um pouco mais pra atualizar pelas próximas semanas, mas não vai ser algo muito absurdo, não se preocupem.

Espero que tenham gostado, até a próxima!

it matters ∾ shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora