Capítulo 24 - Jornada do Retalhador: Ato III

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ATO III - O Mestre e o Aprendiz

Sozinho.

Desolado.

Vazio.

Muitas palavras poderiam ser ditas sobre o estado atual de Tsune Yoshi, mas nenhuma chegaria perto de expressar o que o garoto esteve sentindo durante os seis meses que passaram desde aquele horrível dia.

Sem poder voltar para a Cidade Baixa, Yoshi vagou pela ilha até encontrar a pequena vila Fujiwara, onde era longe o suficiente da Capital para que ele não fosse reconhecido.

Demorou um tempo, mas finalmente os rumores do que havia acontecido naquele dia chegaram ao outro lado da ilha.

- Ei, você ouviu falar do que aconteceu na Capital? – Yoshi ouviu de dois homens que estavam conversando na rua, logo no momento em que ele passava.

- Sim, coisa terrível – respondeu um outro homem – Olha, eu sei que nós não devemos desafiar os nobres, mas fazer tudo aquilo?

- Pois é, eu ouvi falar que os corpos foram deixados à mostra e...

- Você aí! – disse Yoshi com u grande sorriso no rosto – Tem alguma coisa para me dar hoje?!

- Ora, ora, e quem seria esse? - perguntou um dos homens.

- Ah, ele é o Sorriso – respondeu o outro homem – Foi mal tampinha, não tenho nada hoje sobrando.

- Ha ha ha! Não tem problema! – disse ele acenando em quanto ia embora – Amanhã eu passo por aqui!

Sorriso, era assim que ele era conhecido na vila. Os moradores tinham notado a sua presença há alguns meses enquanto ele vagava de porta em porta pedindo algo para comer.

Ele sempre estava sorrindo, mesmo se as pessoas lhe negassem comida na cara, e como o garoto se recusava a dizer o seu nome, as pessoas o apelidaram de Sorriso.

Mas para Yoshi, ele não se importava como era chamado, não agora. Seu nome ainda era bem conhecido na Capital, então simplesmente não poderia sair o dizendo por aí.

Quando não estava vagando pela cidade, ficava em um pequeno esconderijo que tinha perto de um riacho. Já que ninguém ia por aqueles lados, podia pelo menos ficar tranquilo.

Sob um pequeno amontoado de pedras, ele escondia o seu maior tesouro: a espada que sua mãe havia lhe dado, o seu presente de aniversário.

Ele não teve coragem de vende-la, e como teria? Era a última coisa que a sua mãe havia lhe dado e, mesmo que um dia ela foi do seu pai, agora era sua.

Yoshi nem sequer tinha tocado nela desde quando chegou em Fujiwara, pois seria bem suspeito um menino de onze anos andando com uma espada por todo canto, mas naquele dia ele estava decidido.

Mais cedo, enquanto mendigava pela cidade, escutou uma conversa no bar da cidade. Aparentemente, um comerciante havia resolvido se estabelecer na ilha, e estava procurando um local para construir a sua casa.

- Estava pensando em construir no interior, mas não tem muitos lugares bons – disse ele em plenos pulmões para que todos no bar ouvissem – Mas eu encontrei um lugar interessante. O que me dizem daquela montanha no Norte?

Todos fixaram seus olhares no comerciante, mas sem lhe dirigir uma palavra.

- Senhor, se o meu conselho for bem-vindo, digo para ficar longe do Monte Kurama – disse o barman.

- Então é esse o nome daquele lugar? Mas por qual razão tenho que ficar longe de lá?

- Sabe, eu não costumo a acreditar muito em crenças, mas... – ele parou de enxugar o copo e olhou fixamente para o comerciante – Segundo os relatos, uma selva cheia de criaturas selvagens e plantas venenosas cercam a base do monte, além disso, em seu cume, um demônio da espada habita um templo e dizem que ele mata todos que se aproximam...

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