2 • Aquele com questionamentos.

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"É um tanto assombroso ver que você é ordenado a ser forte, resistir e lutar contra anjos caídos, e ao mesmo tempo, você é ordenado a fugir com medo das suas paixões da mocidade.

Isto demonstra que a paixão da sua carne e a sensualidade desenfreada da sua cultura é mais perigosa do que uma batalha face a face com o diabo.

– Paul Washer.


#IndigenteEnxerido

🎐

—... Então basicamente são essas informações que vocês vão precisar para os exercícios e testes daqui pra frente.

Acho que morri há horas.

— Obrigado pela aula de hoje!

Comemoro silenciosamente com todo o meu ser o fim dessa tortura.

Quando o professor pega os materiais que estavam em cima da mesa e vai em direção à porta, sinto vontade de gritar de alívio quando o sinal toca me confirmando que as aulas daquele dia tinham acabado.

Depois de sair da sala, andei até um pátio, que acabei atravessando para chegar a uma pequena barraca de doces e comprar um chocolate.

Mais a frente, vejo o ginásio, arquibancadas dos dois lados e uma grama que não parecia ser sintética, por milagre. Me aproximo e vejo que um grupo de alunos está em algum tipo de treinamento, com o treinador já de idade gritando mais alto do que minha mãe quando vê uma barata.

Não que eu tire a razão dela, afinal, eu mesmo me garanto com esse tipo de inseto contanto que não tenha uma coisa.

Asas.

Sério, se esse bicho voar, fica com Deus.

Depois de ver a cena do coitado gastando as cordas vocais com um bando de adolescentes, decido voltar até a área interna do prédio, onde eu percebo o quão fácil é se perder ali.Preciso, urgentemente, parar de ser tão curioso e voltar para casa, antes que eu me enfie em um buraco nessa joça que não saiba sair.

Mas uma coisa me faz não voltar.

Uma música que eu não faço ideia de onde vem. E isso é nada menos do que um tiro no peito para um curioso como eu, porque é claro que eu preciso saber de onde o som está saindo, é caso de vida ou morte.

Continuo andando, o som ficando mais alto a cada passo, vejo uma porta no final do outro corredor, com salas mais afastadas, olhando pelo vidro das portas, apenas aquela estava sendo ocupada no momento. Me senti em um filme enquanto andava com todo o cuidado que eu poderia, mesmo não tendo nenhum motivo para que eu andasse praticamente na ponta dos pés.

Acho que peguei a mania dramática de Yuna. Estava tendo tanto cuidado que qualquer pessoa que me visse andando daquele jeito, pensaria que eu estava cagado.

Confirmo de onde a melodia vem, passeando meu olhar pela sala que estava apenas com parte das luzes ligadas. Consigo ver as caixas de som e percebo que aquela é uma sala de dança, com alguns espelhos nas paredes e barras. Mas parece vazia.

Foi nesse momento que eu senti que nem respirando eu estava, porque, se não havia ninguém ali... então como a maldita caixa de som estava ligada? E veja bem, eu não tenho coragem de lidar com espíritos, demônios ou qualquer coisa já morta, por isso já estava me preparando para fingir um desmaio ou sair correndo daquele lugar.

Até que eu vejo alguém. Um cara que surge do nada.

Vem de um ponto cego meu, e vai até o som. A música para e recomeça de novo. Ele se posiciona no centro da sala e é como se respirasse fundo, até que a primeira batida da música começa e se torna difícil não centrar minha atenção ali.

Decalcomanie / •jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora