Eles dizem que estamos fora de controle e outros dizem que somos pecadores
Mas não deixe eles estragarem nossos belos ritmos
Porque quando você vê quem eu realmente sou e diz que me ama
E olha nos meus olhos
Você é a perfeição, minha única direção
É fogo em chamas.- Fire on fire, Sam Smith.
🎐
#IndigenteEnxerido
A pior parte de esconder certos sentimentos é o caos e a dor que te invade quando, de repente, eles vêm à tona.
Não digo que pretendia esconder isso em algum lugar dentro da minha cabeça até que eu os esquecesse, mas queria ter o poder de decidir quando e como iria lidar com as minhas dores.
Não tive tempo de decidir o que falar, o que realmente me doía? Como eu poderia lidar com aquilo? Terapia era a melhor opção?
Não tive nada.
Não tive tempo de respirar e expirar com calma, de repassar em minha mente o que realmente tinha acontecido desde que eu vi aquele rosto pela última vez, aquela feição que não carregava, como de costume, arrependimento algum por ter virado as costas e ido embora.
Quando eu vi meu pai há alguns passos de distância, portando um sorriso tão falso quanto a felicidade fingida por estar ali, eu soube que não havia mais tempo para mim.
Talvez agora que as coisas desmoronaram, eu deva ser mais sincero quanto a tudo o que ele me faz sentir, tudo o que há anos vem estando preso em minha garganta, querendo sair em um grito nada silencioso, ecoando na minha mente todos os dias.
Meu pai é a causa pelo qual eu conheço a dor de ser rejeitado.
Como se já não me fosse suficiente que a única figura paterna que eu tive, visto que nunca fomos próximos e família, me odiasse, tinha que conviver com o fato de que ele constantemente fazia com que eu mesmo me sentisse um completo fracasso.
Não consigo negar e nem fingir que não odiava o senhor Jeon com todas as minhas forças, as únicas que ele deixou que restassem.
Meu pai tem um talento desde que fiz cinco anos, o dom de me deixar triste, desmotivado e desacreditado de mim mesmo apenas olhando para mim. Seu desprezo e raiva sempre ficaram nítidos.
Minha mãe costumava me irritar um pouco quando dizia: "Perdão é uma coisa importante, Jungkook." "Guardar rancor só vai fazer mal a você."
Como não guardar rancor de quem acabou com toda confiança e felicidade que eu tinha?
Como perdoar alguém que me abandonou, abandonou a responsabilidade de ser pai, de ser presente, de me amar?
Como perdoar alguém que nunca sequer pediu desculpas?
Antes de ser esse cara de dezoito anos de hoje, eu fui uma criança, que não entendia o porque as palavras que o pai direcionava a si eram sempre tão rudes e secas, porque era proibido de demonstrar e receber qualquer afeto por parte dele, sem comemorar aniversários fora de casa ou ter mais do que um bolo na nossa cozinha cheia de coisas de valor que nunca me serviram de nada.
Eu poderia dizer que todo o amor que minha mãe me deu fazia com que a parte paterna fosse o menor dos meus problemas, posso tentar jogar tudo isso para debaixo do tapete e fingir que nada aconteceu, que é só drama, como ele costumava dizer, mas eu estaria mentindo, mentindo muito.
Porque meu genitor me causou angustia, dor, solidão e tristeza. Fez com que eu odiasse cada parte de estar vivo, de mim mesmo.
Estou em pé, ao lado de Jimin, ele está apoiado em meu ombro enquanto eu seguro sua cintura e nossos amigos estão ao nosso redor, rindo e nos parabenizando. Posso ouvir sua risada que tanto me anima ao meu lado quando seu professor faz uma piada e nos elogia. Fomos bem. Estamos bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Decalcomanie / •jikook
Fanfic[CONCLUÍDA] Dizem que quando os corações se pertencem, até mesmo as melodias mais distintas se tornam sobre o amor. É o que Jeon Jungkook mais desacredita aos seus dezoito anos, afogado em uma maré de decepções e desastres, seu reflexo é se esconde...