10 • Aquele com as lembranças.

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[recomendo ouvir a música acima, diz muito sobre os sentimentos do personagem. Não esqueçam de votar e comentar no capítulo. Boa leitura!]

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— É pecado sonhar?

— Não, Capitu.

— Então porque essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte
nossos sonhos?

— Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer.

– Dom Casmurro.

#IndigenteEnxerido

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Seria cômico, se não fosse trágico, que as pessoas que te deram a vida, que decidiram não usar nenhum dos vários métodos para que isso não acontecesse, quem deveria te ver nascer e te amar incondicionalmente, proteger, cuidar e fazer com que você se sinta feliz, às vezes, são o motivo pelo qual você precisa sentar uma vez por semana em uma cadeira e falar sobre suas crises, tomar remédios para não parecer tão fodido, ou acumular traumas pelo resto da sua vida.

Irônico que isso seja família, na maioria das vezes.

Pode parecer besteira, mas a frequência com a qual é difícil ser você mesmo é assustadora.

O mundo é assustador, assim como as pessoas que vivem nele.

Chan me lembrou disso quando o encontrei na mesma boate em que eu estava, antes de todo mundo do grupo sair caçando Jimin e eu por todo o lugar.
Isso foi depois de eu ter me sentado com o loiro para que ele tomasse dois copos de água, porque ele estava sorrindo tanto de olhos abertos que confesso que me deu um pouco ou muito medo, mas me fez dar algumas boas gargalhadas quando acabou se engasgando e a água saiu pelo nariz.

Tão besta.

— Jeikei? — ouço a voz atrás de mim e me viro, dando de cara com Chanyeol. — Coincidência você aqui, achei que só saísse quando eu te arrastava.

Coço a cabeça meio sem jeito por não ter lembrado de convidar o moreno, mas do jeito que eu estava não conseguia nem inventar uma desculpa que coubesse no momento.

— Ah, vim com o pessoal...

Seu olhar cai em direção ao loiro, que está concentrado demais no rótulo da garrafa d'água para sequer perceber a sua presença.

— O pessoal... Entendi. — ele olha ao redor e devagar me puxa em sua direção. — Você tá junto com esse cara, não é?

O álcool não faz com que sua pergunta fique menos confusa em minha mente. Olho para ele, ainda tentando processá-la.

— Quê?

— Você não acha que tá fazendo escolhas erradas? — Agora seu tom parece mais sério. — Você já me contou umas coisas e...— seu comportamento inquieto me faz questionar toda aquela situação. Onde ele queria chegar? — Acha que seu pai ia gostar disso?

— Meu pai? Ele nem...

— E a sua mãe? Sei lá, ela poderia ficar neurada com isso... Além de que você nem conhece esse cara direito...

Silêncio da minha parte. Minha atenção é para o loiro um pouco a frente, que agora sorri sozinho com a garrafa, feliz, assim como eu estava minutos atrás.

Decalcomanie / •jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora