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folk das montanhas com brumas

vai chover, vai molhar. podemos nos perder, mas sempre vamos nos encontrar. me sinto cansado, porém sei que você irá estar comigo quando eu não puder mais aguentar. sei que você vai estar comigo sempre que puder. eu fecho os olhos e não sei mais o que imaginar, porque tudo que quero já é realidade. você aqui me dando as mãos, ou então sentindo o vento no rosto, praticamente pulando para fora do teto solar, e eu tenho que te dizer para ter cuidado. ultimamente seu bem estar é a única coisa que quero me preocupar. porque é reunião de família e eu gostaria de estar em qualquer lugar que não fosse aqui. sinto-me desconfortável, mas seguro sua mão por debaixo da mesa e sinto que é disso que se trata o agora. porque se o tio que odeio está falando mais que o normal, que sou visto como o ser humano mais egoísta do mundo, eu não vou me estressar mais. qual o sentido da vida se eu não puder fazer o que quero? conquistar o que quero? chegar onde quero? é, talvez eu seja egoísta e constantemente me sinto só, mas eu nunca vou fingir nada a você, porque eu sei que você merece algo melhor que isso. nunca vou fingir tão bem quanto você faz à mesa, para despistar que não está comendo direito. eu passei a te ler de diversas maneiras. não solte a mão da minha.

esse é o lugar onde eu cresci, mas agora queima mais que outrora. você tropeça na chuva e isso não surpreende ninguém. talvez eu venha compreender, um dia, por que tudo é tão bagunçado para você. vamos pegar o vôo direto e eu não acredito que aguentamos o décimo inferno e voltamos sorridentes e idiotas. prometi que te encaixaria na minha rotina, de algum forma, eu quero tentar. quero te colocar nas coisas mais íntimas da minha vida, porém não em todas. antes de você, eu pertenci a mim e não tem como mudar isso. mas, ei, tem essa música francesa que escuto e lembro de você, acho que não há mal algum começarmos uma playlist e dizermos o que os lábios não conseguem saborear. já vi inúmeras belezas no mundo, você é uma das mais valiosas. é o que te digo no táxi.

hoje te beijei bem forte, para que meu gosto continue na sua pele depois que o vento soprar. esses últimos dias foram bons, bebê. sabe aquela sensação de se deitar na cama bem enroladinho num dia chuvoso com um friozinho fresco, leve, e escutar aquele folk lentinho e gostoso usado em trilha sonora de vídeos cinemáticos de montanhas rodeadas por bruma? senti o mesmo quando te abracei na despedida, não sei se você notou. vou escrever essas últimas páginas e te devolver, desculpa por tê-lo feito, mas não me arrependo. às vezes eu esqueço que somos diferentes e nossos pensamentos divergem. mas não importa o que eu faça, você sempre vai me convidar pra ir ao seu apê assistir um filme ou tomar café ou deitar na cama e falar sobre curiosidades científicas ou sei lá mais o quê. eu vou sempre dizer que tô sem tempo, mas verei se irei fazer. tenho medo de te perder nos meios dos dias. desculpa se eu falhar. um dia vamos ler todas essas páginas e rir dos nossos medos estúpidos que temos agora. eu quero rir disso demais. mas agora não posso. eu te amo demais. e se isso cair, eu não sei mais quem eu vou ser. eu não vou ser mais quem quero ser. não sei se você me entende.

Thé et fleurs ┊ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora