eu não vou deixar você cair

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Boa leitura!!

— Aqui — Changkyun Lim, com pálpebras cansadas, ergue a mão a uma mureta de cimento entre a calçada e o mar. — Vamos sentar.

Sentamo-nos. Ele, virado para o mar. Eu, virado para a pista. Bem grudados. Ombro no ombro. Talvez até mais que isso. Apoio o queixo em seu ombro, sugando meu milkshake de chocolate maltado e cappuccino que comprei numa sorveteria aqui perto. Changkyun fica em silêncio também, comendo seu sanduíche de sorvete.

Porque após corrermos, morremos sem ar numa esquina qualquer. Compramos garrafas d'água e, de repente, Changkyun disse que sorvete ajudaria a acalmar seus ânimos por conta do álcool. E ele quase caiu nas escadas, o que fez-me pensar que talvez fosse uma boa ideia. Ele parece feliz aqui, comigo. Com sua mão esquerda sobre meu colo e as pernas chacoalhando sem parar.

Meu milkshake está bom. Mas seu calor no meu também está bom. E o sol mais gentil também está bom. E é tanta coisa boa que me vejo rodear tua cintura com meu braço e desvendar que as coisas acontecem de repente mesmo, que eu que lute para lidar. Eu gosto dele. Gosto muito mesmo. O tempo passa e só piora. Eu posso dar no pé, mas quando eu voltar, ainda estará dentro de mim. Isso irá tomar conta do meu interior. E quando eu ver, estarei abraçando seu corpo e dizendo que gosto de cuidar dele ou que ele é sim importante para mim.

O barulhinho do canudo e o chiado das ondas marítimas é nossa trilha sonora. Talvez a melancolia que vez ou outra assola-me, volta e meia foge quando estou com ele. Como agora. Esse céu que já quer mudar de cor, trocar de pele, transformar a aparência. Nós somos só um segundo. Porque quando o tempo passa, algo muda em nós. O que nos faz ser nós, são nossas características. E se alguma delas muda, não somos mais os mesmos. Somos outros. Como o céu da manhã não é igual ao céu ao se pôr. Porque as nuvens são diferentes, talvez não mais tenha alguma. E sua coloração. E o vento. A temperatura. Se eu me levantar e perguntar o preço daquele crepe que está sendo vendido do outro lado, eu não vou ser mais o mesmo Kihyun. Porque o Kihyun original não sabe o preço do crepe. Mas o Kihyun que volta, ele sabe o preço do crepe. E se é um conjunto de características que tornam o Kihyun original ser o Kihyun original, quando ele aparece com uma característica diferente, já não é mais aquele de antes. Já é outra pessoa, outra coisa, algo diferente. E eu olho para Changkyun e quero saber porque é que ele mudou, eu mudei, mas nossos sentimentos não. Eles parecem os mesmos para mim. Não mudaram de cor, nem apareceu nuvens, tampouco oscilou-se a temperatura. Eu não consigo ter essa resposta.

E como não consigo ter essa resposta, ergo meu copão para que ele possa beber. Ele bebe, e fico observando como olha o mar e sente-se em casa com isso. Ou como seu cabelo sacode-se rente ao vento, e vem um cheirinho gostoso que mistura-se a brisa do mar. Ou como fica resquícios de sorvete no canto dos seus lábios e fico tentado a beijá-lo também. Mas ele sempre os lambisca lentamente, provavelmente a pensar sobre filosofia ou qualquer coisa que ocupe sua mente e eu não saiba. Até encosto minha bochecha em seu ombro. Bebo do canudo, olhando sua pele sob o sol... A pele do pescoço.... E uma parte do seu peitoral, visto que a camiseta sacode tanto que me permite ver um pouco. Talvez até demais, se eu me inclinar um pouco. E ainda tem o crak crak de quando ele mastiga o biscoito.

— Jooheon parece que está vindo de jumento — reclama, num suspiro.

Changkyun, eu acho que estou apaixonado por você.

— Ou ele se perdeu também — prossegue, dando outra mordida no sanduíche.

Changkyun, eu acho que estou apaixonado por você.

— Mas ele está com GPS, então é capaz de estar demorando por ser lento mesmo... — continua ainda.

Changkyun, eu realmente acho que estou apaixonado por você.

Thé et fleurs ┊ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora