eu realmente quero fazer isso

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Boa leitura!

Jogado no sofá, mando mensagens para Hyungwon sobre hoje. Cheguei do restaurante agora, nem livrei-me das roupas, apenas desabei com o celular em mãos. Ele me pergunta o que foi, então respondo que quero a sua opinião sobre.

O cara que quer ser meu esquema: tá, mas idai?

Às vezes, a indiferença de Hyungwon me deixa irritado. Enfatizo o fato de que quero a opinião dele e enfim consigo arrancar algo que preste.

O cara que quer ser meu esquema: migo, hoje foi normal, como qualquer dia que saímos juntos. claro, quando saímos sem você né. 

O cara que quer ser meu esquema: só teve aquele negócio estranho de vocês ficarem zoando Jooheon como se fossem bfs. sendo que tu sabe o que tu fez. 

O cara que quer ser meu esquema: mas foi normal, é só você não ficar com cara de idiota quando ele falar, que tudo vai ficar ok. porque eu não sei quem estava mais desconfortável, você ou ele. 

O cara que quer ser meu esquema: acho que foi você, porque ficou com cara de quem tá devendo. teu cu deve ter trincado. 

O cara que quer ser meu esquema: mas enfim, vá logo tomar banho e dormir porque amanhã tem labuta. 

O cara que quer ser meu esquema: eu sei que tu ainda não tomou banho hahahahah 

O cara que quer ser meu esquema: te conheço pacas. xau no seu bilau.

Não entendo sua última frase, mas respondo com um sticker de cansaço e bloqueio o telefone. Hyungwon nunca teve medo de esfregar a verdade na minha cara, então eu talvez esteja agindo como se estivesse devendo alguma coisa. Sinto essa sensação em mim e não sei como evitar.

Por ora, me amo na minha banheira, escutando a versão francesa de la vie en rose, acompanhado de um tinto seco e um croissant recheado — que eu estava morrendo para comer. Não há companhia melhor que si mesmo, pois apenas você conhece teus gostos e intimidade, sabe bem como agradar a si. Por isso que me estico e fecho os olhos bem forte, sentindo-me amado. Da porta para dentro sou eu e eu, minhas músicas francesas, meus croissants muito bem feitos e minha pequena e humilde coleção de vinhos. Sinto l'amour preencher minhas entranhas, as lacunas das minhas costelas, o desfiladeiro de glóbulos em meus sistemas. Fecho bem os olhos. Estou em casa. A vida está cor de rosa.

Eu gosto de ficar sozinho em casa, porque não tem coisa melhor que não ficar cheio de tarefas e responsabilidades. Sim, eu sou cheio de tarefas e responsabilidades. Mas, quando chego em casa e percebo que só preciso me preocupar comigo mesmo, eu me sinto melhor. Então cozinho um pouco, testando receitas novas, e vou dormir tarde da noite cheirando a molho.

Quando o despertador toca, não me sinto tão descansado como gostaria. Mas sem reclamar, levanto-me e me preparo para mais um dia de trabalho. Respiro fundo ao chegar, sem saber se fico no escritório ou na cozinha. Às vezes olho ao redor e me sinto perdido. Hoje estou assim, distraído.

Mas eu subo as escadas, me interno no escritório e fico a resolver questões do restaurante e, claro, o casamento de Jooheon. Lembro sempre de beber água e até me irrito um pouco com as invasões de Hyungwon, me chamando para checar isso e aquilo. Por isso que, assim que ponho o telefone no gancho — trezentos anos explicando ao atendente quais produtos quero solicitar e quantos — e Hyungwon entra para mais uma informação, eu já estou de saco cheio.

— Relaxa, Kihyun. É que Jooheon está com a Minyoung lá embaixo — me avisa.

Levanto-me com pressa, desço as escadas e encontro os dois sentados à mesa. Sorriem um para o outro, então fico besta com isso. Nunca fui de me apaixonar, de ficar bastante tempo com alguém. Isso realmente me assusta. Sempre achei que esse lance de se apaixonar e passar anos e anos com alguém era perda de tempo. Afinal, a vida é curta demais para desperdiçar com uma pessoa só.

Thé et fleurs ┊ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora