eu tenho uma novidade

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Boa leitura!

Eu acho que estamos nos estranhando. E me sinto receoso, mas é como se eu não estivesse me sentindo assim desde o momento em que bateu a porta da minha casa, forte o suficiente para que as cortinas dançassem. E aqui está ele, olhando para o meu rosto, meu rosto parado, meus olhos nos seus. Talvez estejamos nos comunicando por telepatia, talvez possamos escutar os gritos um do outro.

Não há porquê lamentar-se pelo passado, por águas já derramadas e quedas já vividas. Eu sei disso mais que todo mundo, para ser honesto. Estou de pé, estou de pé até hoje por conta disso. Então se tiver de esquecer o passado, talvez eu venha ser bom em fazê-lo. Sinto-me azul, quero apenas o conforto de um sorriso ou de um olhar de alívio. Mas é pedir demais e, sendo honesto, eu já parei de criar expectativas sobre muitas coisas.

E quando vejo seus lábios se afastarem, peço que não venha uma bala na minha direção, pois não estou protegido o suficiente para qualquer ataque. Eu só queria dizer, tentar resolver, organizar a mesa, separar os fatos.

— Então por que você...

— Ah, vocês realmente estão aqui? — a porta se abre repentinamente, interrompendo Changkyun. Jooheon põe a cabeça para fora e sorri. — Calma aí, tá bem? Ah, Changkyun... Não sabia que viria.

— Eu vim de surpresa — vira-se, assim como eu, para figura sorridente e morena encostada na porta da sala de reunião.

— Ótimo. Eu tenho uma novidade para os dois — ele diz, caminhando até nós.

Algumas pessoas começam a sair da sala também, despedindo-se dele com acenos e palavras simpáticas. Esperamos que se dissipem e, quando seus corpos escorrem elevador adentro, Honey agita os braços e sorri daquele jeito que podemos contemplar seus dentes pequenos.

— Sim, e...? — incentivo para que conte logo de uma vez e deixe de rodeios.

— Bem... É sobre o casamento... — seus passos curtos e nervosos estão inquietando-me. Ele não para de ir de um lado para o outro. Do outro para um lado. Quero saber do que se trata. — Meio que não vai ser aqui.

— Oi? — é que eu não estou entendendo exatamente nada.

Olho de relance para Changkyun, que está com uma expressão de quem não está entendendo nada, porém seguindo o bonde. Seus olhos estão bonitos nessa amarga confusão. Ele não é monótono.

— Tudo começou com uma parada louca da Minyoung em fazer um teste de DNA para descobrir quais etnias têm em seu sangue... Um negócio louco sobre teste de ancestralidade que ela se interessou — quanto mais ele conta, mais meus olhos apertam numa suspeita nada legal. — E foi daí que ela descobriu que teve algum ancestral grego.

Fecho os olhos de uma vez e respiro fundo, já sabendo do que se trata. Bem, parece que vou ter que fazer mágica agora. Vou ter que fazer mágica. Virei feiticeiro.

— Sim, e isso significa o quê? — Changkyun ainda pergunta. Ai, esqueci o quão lentinho ele é para pegar as coisas.

— O casamento vai ser na Grécia — explico, bufando em seguida. Não que eu não queira, mas isso vai balançar todos os meus planos. Foram todos para o lixo.

— Como é que é? — Changkyun levanta-se do sofá e guarda o celular no bolso da calça preta. Ele sempre surta, tinha esquecido também. — É sério isso, Jooheon?

— É, nós decidimos ontem — Jooheon põe as mãos nos ombros de Changkyun como quem quer acalmá-lo. — Mas, relaxa... Nós vamos explicar com calma. Na verdade, por que não agora? Vou lá buscar a Minyoung e a gente vê algum lugar para nos encontrarmos. Não sei se Minhyuk ainda está por aqui...

Thé et fleurs ┊ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora