Boa leitura!
Kihyun.
Decerto, fatigou-me as óperas italianas. Não que sejam ruins, mas porque para tudo há limites.
Em dias comuns, eu estaria praguejando uma maldição por estar desembarcando, mais uma vez, nesse aeroporto insuportável. Mas apenas em saber que isso terá um certo fim, eu silenciosamente dou um desconto. Afinal, estava mais cansativo ir de um lugar para outro do que dar conta de tudo.
Puxando duas malas e carregando uma bolsa grande no ombro, agradeço aos céus por finalmente ver o blazer azul de Jooheon. Aceno para ele, que simplesmente sorri ao me ver e aproxima-se para me ajudar. Na última vez que vi Jooheon, ambos saímos para beber com alguns conhecidos. Até hoje eu sinto a ressaca.
Um ano e meio fora para mudar totalmente minha rotina. Não sei se me acostumei com a rotina de lá, mas era divertido. O sotaque italiano fez-se presente em mim de um jeito tão intenso que, em meio às minhas conversas com Hyungwon acerca do restaurante, de repente pegava-me falando algumas palavras italianas dentre as frases. Esse era o tipo de bug mental que sempre quis ter.
E agora que estou de volta e com todo gás, tenho muito trabalho a fazer. Estou animado, empolgado e levemente nervoso. Aprendi a fazer as coisas muito bem, então não devo me preocupar com isso. No fim, tudo dá certo. Estou orgulhoso de mim.
— Eu senti sua falta — Jooheon me abraça, assim que pega a bolsa do meu ombro. — Você está maior ou é impressão minha?
— Vai brincar com minha altura de novo, Lee Jooheon? — puxo a mala pelo aeroporto, andando ao lado dele. Estava sentindo falta de estar com ele e agora estou mais despreocupado quanto a isso.
— Não, de modo algum — ele ri. — Você está uma gracinha com roxo, sabia?
— Sabia — sorrio, consciente. — Fiquei com medo de pintar meu cabelo, mas depois que juntei coragem, me deu vontade até de pintar de vermelho.
— Ficaria legal — avalia o meu cabelo, como se fosse um cabeleleiro super especializado. — Mas deixe roxo por enquanto. Está há pouco tempo. E só lembrando que eu ainda não superei o fato de você ter cortado, querido Kihyun.
Respiro fundo e reviro os olhos, deitando os olhos nas portas de entrada e saída do aeroporto. Eu só quero chegar em casa, passar uma hora na banheira, comer alguma coisa e morrer no meu sofá. E só em lembrar que não terei de pegar um vôo daqui a alguns dias... Nossa, isso é sensacional. Qualidade de vida, o nome.
— Por que exatamente todo mundo surtou quando cortei meu cabelo? Vocês são mais apegados a ele do que eu, credo! — torço o nariz, encenando.
— Filho, tu já se viu no espelho todo cabeludo? — Jooheon me espera alcançá-lo em frente as portas automáticas.
— Cabeludo onde?
— Na cabeça, seu merdinha! — ele se choca comigo de propósito, para que eu tombe para o lado. Eu rio enquanto tento me equilibrar e continuar a caminhada até o carro dele.
— Já, já — respondo. — Mas mudanças são necessárias.
— Ui — Jooheon brinca, fazendo beicinho. — Ah, o Hyungwon falou para eu não te falar, mas vou te falar mesmo assim... Ele vai na sua casa hoje trazer guloseimas pra você em homenagem a sua volta e o menu italiano que vocês estão quase terminando.
— Fofoqueiro morre cedo, Jooheon — comento, parando em frente ao seu carro.
Observo as ruas enquanto Jooheon deixa a bolsa sobre o capô e tira as chaves do bolso. Me surpreendo por ele estar dirigindo, ao invés de estar com um motorista na cola. Hoje é um dia de glória, nem consigo acreditar nos meus próprios olhos.
— Eu não faço fofoca — ele diz. — Mas... Estou feliz por você.
— Também — sorrio.
— Me dê — pega a mala da minha mão e, assim como as outras, enfia no porta-malas.
Giro meus ombros ao entrar no carro, pondo o cinto de segurança. Felizmente tenho o Jooheon, ele me ajuda bastante. É um anjo sensato sem defeitos. Quer dizer, tirando a fofoca que... Meu Deus, só Jesus para salvar.
— Vi seu Instagram — ele se senta como motorista. Eu não olho com surpresa, então ele bate a porta do carro e vira-se sorrindo para mim. — Patrocinado, hein...?
— Onde, amado? Queria eu...
— Tu tava com o outfit todo da Burberry, migo. Se isso não for patrocínio...
Levo alguns segundos para entender o que ele está falando, porque esse tempo sem falar coreano me tornou uma lesma no quesito entendimento.
— Foram mimos, Jooheon — explico.
— Mimos são o quê, então?
— Mimos, ué. Abriram uma boutique em Bangkok, me convidaram para o evento e me deram mimos — dou de ombros. — Acelera logo essa merda, quero logo chegar em casa.
Felizmente, Jooheon liga o carro e passa a fofocar dirigindo. Eu acho até que ele sabe o que Kim Jong-Un comeu no café da manhã de hoje. Ele fala, fala e fala... Senhor, que bom que chegou. Acho que ficamos tanto tempo sem interagir muito que ele acabou explodindo hoje.
— Obrigado, Jooheon — agradeço, já na frente da casa, com minhas malas jogadas no assoalho da varanda. — Tu é um anjo. Pena que hoje está meio emocionado, né?
— Ih, só porque eu falei demais? — revira os olhos. Jooheon é extremamente fofo. — Uh, lembre de fingir surpresa quando Hyungwon aparecer.
— Tá, só acho estranho a proximidade de vocês dois desde o ano retrasado — viro-me para abrir a porta. E quando sou açoitado pelo aroma da minha casa, sinto que estou no meu lar. Ah, estou extremamente feliz.
— Se eu tive que te dar uma ajuda no restaurante, tive que me comunicar muitas vezes com ele. E nós viramos amigos, isso é normal. Você está com ciúmes? Oh, Kihyun... Eu nunca vou te substituir! — ele sorri encantadoramente, sentindo-se maravilhado pelas próprias palavras.
— Jooheon, querido... Se toca, tá? Tchau, obrigado — puxo as malas para dentro e espero que ele se despeça também. Jooh sorri.
— Ei, ei... Lembre que depois de amanhã tem aquilo, viu? — põe a mão na porta, me impedindo de fechar.
Ah, claro. Quase esqueci disso. Respiro fundo, guardando um pouco de ansiedade num lugar onde eu possa contê-la. Olho para Jooheon e ele parece estar expectativo, como se quisesse desesperadamente receber uma confirmação. Eu não culpo ele pelos meus vacilos, então apenas sorrio de volta. Isso iria acontecer numa hora ou outra. Encarar o passado. Encarar meus erros.
— Viu, eu vou.
Que vontade de inventar uma desculpa...
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Thé et fleurs ┊Changki
FanfictionʿʿKihyun sempre preferiu fugir a se entregar ao egoísmo do amor. Changkyun é só o florista que bebe chá exageradamente e não larga o seu bullet journal." 𓏲 ֶָ֢ adaptação 𓏲 ֶָ֢ continuação de Café Et Cigarettes 𓏲 ֶָ֢ capa por AyaWestmacott22. ©T...