Capítulo 42: A Ressonância do Pranto

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Após abocanhar Lykaon com os seus dentes caninos afiados, Mihawk deixou o licantropo cair dentro da ravina juntamente com a espada lendária dele, para fazer companhia a todos os outros que morreram naquela noite trágica. O corpo do lobisomem tinha ficado podre, tinha perdido a sua vida, a sua cor. Ele era apenas uma casca vazia, sem sangue percorrendo em suas veias e artérias. Um monstro salafrário e desgraçado que, com toda a certeza, iria conhecer o núcleo ardente do inferno por ter cometido tantas atrocidades imperdoáveis em sua vida. Um psicopata ensandecido com um pensamento irreversível jamais seria perdoado nas profundezas mais temidas e sombrias do reino infernal.

Mihawk fechou a sua boca logo em seguida, engolindo o sangue fresquinho do lobisomem, que escorria pela sua garganta e esófago como se fosse água. Tendo a natureza de um vampiro, Mihawk sentia um grande prazer ao beber sangue, tinha um sabor bastante agradável e um aroma incrível. Aguentar a sede meramente insaciável naquela transformação era praticamente impossível, exigia a Mihawk uma enorme resistência mental, pois resistir à tentação era muito difícil e custoso, até mesmo para alguém tão resistente psicologicamente como o Olhos de Falcão.

O seu pescoço, a sua boca e as suas bochechas estavam totalmente sujas de sangue, até parecia que o esgrimista tinha dado um mergulho num rio repleto do tal líquido escarlate. Era uma imagem horripilante e grotesca, não era muito aconselhado deixar uma criança ou alguém com estômago fraco ver um mestre vampiro recheado de nódoas de sangue em seu rosto. 

Sangue era essencial para os vampiros, era o traço mais icônico deles. Eles necessitavam de sangue para sobreviver e para sentir prazer. O sangue dos bons e o dos maus era fundamental para a satisfação de Zegrath e para a estabilidade da transformação vampírica, que era temporária e que muito em breve iria desaparecer.

Além disso, outra coisa interessante poderia ser notada no corpo do Olhos de Falcão. Por conta de seu corpo incrivelmente gelado e da palidez, dava para entender claramente que o coração de Mihawk, naquela transformação, não bombeava sangue, o coração de Mihawk não batia em nenhum momento, seu sangue estava imóvel em seus vasos sanguíneos, e isso explicava a sua pele extremamente pálida e gelada. Com a falta de circulação sanguínea, até parecia que Mihawk estava amaldiçoado, como se o mesmo não tivesse controlo de seu próprio corpo, como se ele já estivesse morto. O espadachim ainda tinha algumas dúvidas sobre o seu estado atual, e ele esforçava-se ao máximo para conter todo o seu poder e não virar futuramente um sanguessuga enlouquecido e incontrolável.

Tendo êxito na batalha contra Lykaon, já não havia mais ninguém ali para duelar, o que significou que Mihawk não ficaria naquela cidade por muito mais tempo, já que ele tinha um tipo de agenda a cumprir e novos desafios a encarar para chegar mais próximo do cume da montanha. A cidade tinha sofrido alguns estragos, mas aquilo que mais causou prejuízos foi a destruição total do recinto. A academia não existia mais, nem um destroço sobreviveu quando Lykaon abriu uma fenda enorme no meio da zona, levando todos os escombros para o fundo da terra. Os cadáveres que infestavam o recinto, o muro que rodeava a academia, tudo foi dizimado. Todos os escombros caíram no esquecimento, o que iria custar muito caro para a prefeitura da cidade, que seria praticamente obrigada a reconstruir tudo aquilo que os espadachins dizimaram com os seus duelos.

Obviamente Mihawk não se importava com os danos que ele ou os seus inimigos causavam no campo de batalha, ele nunca se importou e não era naquela noite específica que ele iria dar importância. Para não ser cobrado pelos danos causados, Mihawk teria que sair dali o mais rápido possível, voando para longe com as suas enormes asas de morcego enquanto ainda tinha acesso à sua transformação.

Contudo, havia ainda uma coisa que deveria ser feita. Além do Olhos de Falcão, havia ainda uma pessoa viva no recinto, ainda havia uma alma num corpo. Zoe estava desacordada no meio do chão, próxima da ravina, com a sua nodachi rosa ainda na sua mão esquerda, como se estivesse anexada na mesma.

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