Capítulo 2: Treino Transeunte

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Cada gota de suor que escorria lentamente pelo rosto do jovem Mihawk era um símbolo claro de coragem, de disciplina e de perseverança. O jovem não parou de golpear fortemente o alvo que estava na sua frente até quebrar a sua bokken ao meio, juntamente com o alvo que era feito de madeira criptoméria, tal como a bokken quebrada. 

Não se sabia quantas horas haviam se passado. Talvez umas 3? 4? 5? Já estava praticamente de noite, mas parecia que o tempo era irrelevante para o jovem, pois o mesmo não se importava com a hora do dia e nem com nada, afinal era apenas uma criança. Uma criança sempre no seu recanto mental e determinada a fazer tudo aquilo que os seus pais mandavam-lhe fazer, até porque ele não tinha muita escolha.

Sempre introvertido, silencioso e concentrado, o pequeno Mihawk destacava-se de todas as crianças da época, literalmente todas. Não era nada comum ver uma criança de 5 anos empunhando uma espada e atacando um alvo por horas até quebrar tanto a espada como o alvo, ambos feitos de madeira. Mihawk diferia das demais crianças, diferia imenso, e o seu pai sabia disso, por isso privou o seu filho de ter qualquer relacionamento afetivo com qualquer outra criança, para prevenir certas influências ou amizades que poderiam de certa forma atrapalhar ou atrasar o sucesso do seu filho. Após ter se esforçado muito com aquela bokken pequena, Mihawk foi para a sua cama descansar. Ele sabia que iria ser chamado pelo seu pai para treinar novamente no próximo dia, e, infelizmente para o pobre menino, ele teria muito poucas horas de sono, pois o seu pai costumava acordar cedo. 

No dia seguinte, Mihawk foi acordado pelo seu pai às 05:00 da manhã, para aquecer o corpo durante algumas horas para depois entrar no pequeno dojo e iniciar o seu segundo treinamento. Eagle, seu pai, não era um mestre espadachim, por isso não podia ensinar muita coisa para o seu filho, porque os seus conhecimentos de esgrima eram bastante limitados. Contudo, ele acreditava que, com o básico, o seu filho poderia ir à procura de conhecimento autonomamente, e ele só daria um pequeno empurrão para motivar Mihawk a treinar mais e mais. 

Mihawk estava com roupas bastante casuais. Por baixo, eram umas bermudas cinzentas simples com um cinto branco para as manter no lugar, por cima uma véstia escura e nos seus pés ele utilizava sapatos velhos de cor cinza, que condiziam com as bermudas. Esta roupa era bastante adequada para o seu treinamento. 

Mihawk não parecia estar sonolento, apesar das suas pequenas olheiras, ele demonstrava uma grande energia e força de vontade, mesmo às 5 horas da manhã. Ainda não tinha amanhecido direito e lá fora já estava a fazer um briol insuportável, um frio rigoroso de arrepiar a alma. A neve caía violentamente, parecia ser uma nevasca. Contudo, esse frio não iria incomodar Eagle e Mihawk, pois eles estavam em casa, e o pequeno dojo estava conectado à casa deles. Havia o calor das lareiras e das velas presentes nos lustres que rodeavam todo o interior daquele domicílio luxuoso e também no dojo, que também era luxuoso, e alardeado por Eagle, que exigia aos seus empregados e aias uma limpeza rigorosa e bem-feita no local.

— Então Mihawk... eu espero que estejas pronto para mais um dia. Ontem dei-te um pouco de autonomia para usares aquela bokuto da forma que entendesses melhor. Este treino será um pouco mais específico. Irei ensinar-te técnicas básicas de esgrima que são utilizadas frequentemente por neófitos. Pronto? — indagou Dracule Eagle, contente e satisfeito com aquilo que o seu filho fez ontem. Dava para notar que o seu tom de voz esboçava entusiasmo mesclado com grande satisfação.

 — Sim... — respondeu Mihawk, de uma forma curta e até insensível, ele não esboçava sentimentos nem com o seu próprio pai, já que ele estava a ser ensinado a valorizar mais a razão do que a emoção, a preferir mais a antipatia do que a simpatia. 

Dito isto, Eagle entregou ao seu filho uma nova espada, outra espada feita de madeira para substituir a outra que foi quebrada. Só que desta vez, a madeira parecia ser um pouco mais refinada e resistente, não parecia ser madeira de criptoméria, parecia ser madeira de carvalho negro devido à sua cor enegrecida. Além disso, essa espada tinha uma ponta levemente curvada para a esquerda, por algum motivo. Por ser uma espada de madeira, não havia nenhuma forma de cortar alguém com ela, a não ser que ela seja lixada na ponta o suficiente a ponto de ficar incrivelmente afiada, como uma espada de aço fica quando é amolada numa pedra de amolar. 

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