Capítulo 19

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Sem Revisão!

Antes de subir desliguei o sensor de movimento, para a luz não se apagar mais, subo o mais silencioso que posso e encontro meu filho dormindo tranquilamente. Sento na cama e tento respirar um pouco, ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo aqui, desejei tanto nunca mais ver aquele olhar e em um piscar de olhos eu estava de frente para uma cena parecida novamente, dessa vez eu sei seu nome e eu vou tentar não fracassar. Naquele mesmo ano eu sai do exército, não por isso, eu fiquei muito ferido pelos escombros, mas me recuperei e participei de mais uma missão. Eu precisei de acompanhamento psicológico quando voltei para casa e com toda certeza a imagem daquela iraquiana foi um dos motivos para isso, não tenho como imaginar o estado do psicológico da Lena, espero muito que ela aceite ajuda.

Levanto e vou para o meu quarto vestir uma blusa antes de descer, minha dor de cabeça se tornou algo insignificante comparado a toda situação. Desço as escadas fazendo barulho, para ela saber que estou chegando, ela seguia na mesma posição, mas agora era só sua aparecia, rosto inchado e as lágrimas que denunciavam seu estado.

— Posso ficar aqui com você? — Pergunto ao lado do sofá mais distante dela.

— Sim. — Ela diz com a voz roca, ela estava com uma aparência muito abatida.

— Vou me sentar, você não vai conseguir dormir agora né? — Pergunto, quero que ela entenda que tem a opção de ir deitar se quiser, ela tem que fazer o que quer, não se sentir coagida a nada.

Ela faz que não sem falar e me acomodo no sofá.

— Me desculpa, desculpa por tudo, você não devia estar aqui, não devia precisar me ajudar, foi só um pesadelo e acabei criando toda essa situação, eu entendo se você quiser que eu vá embora.

— Não faça isso, não se sinta culpada por nada, eu estou aqui porque quero, não peça desculpa, você não tem culpa de nada, você não tem culpa pelo que te deixou assim. — Digo querendo que ela entenda que eu quero ajudar, eu sei que não foi só um pesadelo. — Quero que confie em mim, mas sei que só as minhas palavras não são suficientes para isso, eu não preciso saber mais do que quiser contar, mas quero que saiba que eu estou aqui para te ajudar e nunca vou fazer algo que não queira.

— Obrigada. — Ela diz secando uma lágrima que escorre solitária pelo seu rosto.

— Eu só quero que você me responda uma coisa, não vou perguntar mais nada, eu prometo. — Espero ela olhar em meus olhos, quero ter certeza que ela vai ser sincera, não vai mentir por medo ou algo assim. — O que aconteceu na cozinha me pareceu que alguem já fez algo com você. É recente, alguém está fazendo mal a você agora? Não vai acontecer nada com você estando aqui, mas preciso saber que você vai estar segura quando sair por aquele portão.

— Faz anos dês da última vez. — Ela diz parecendo muito envergonhada e meu sangue ferve por ouvir "última vez" e perceber que minhas suspeitas estão certas,  alguem fez algo a ela e as palavras que usou me faz entender que não foi algo isolado, aconteceu mais vezes. Minha vontade é de socar a mesa de centro, mas é uma péssima ideia, controlo minha raiva.

— Dom não acordou? — Ela pergunta suavizando sua voz ao falar do pequeno e tento focar em quanto é bom ouvir sua voz tranquila falar em meu filho, tento não pensar no pouco que ela me contou, a vontade é de arrancar mais informações e sair pela porta para fazer justiça com as minhas próprias mãos.

— Não, deixei a porta do quarto aberta, acho que ouvimos ele se chorar. — A tranquilizo. Me impressionava do quando ela era boa, mesmo parecendo ter passado por tanto coisa ruim, e eu achava que sua irmã era a pior pessoa que ela teve que conviver, ela é delicada, atenciosa e parece tão frágil encolhida em meu sofá, queria poder tirar essa dor dela.

Meu SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora