Capítulo 4

1.9K 334 59
                                    

Sem Revisão!

Vejo ele apoiar-se contra a parede oposta da sala e ficar nos observando, acho que ele está mais perdido dentro de si, do que nos olhando. Para meu alivio Dom perde o interesse pela mamadeira e aproveito para levantar para poder sair dali o quanto antes.

Guardei a mamadeira na bolsa aproveitando os segundos para respirar fundo e tentar me acalmar, provavelemente a pior parte tinha passado, mas nao consiguia me desprender da sensação ruim de toda situação.  Tinha plena consciência que o Dylan estava silencioso, porem a alguns metros.

— Garanto que a situação vai ser esclarecida se o resultado for positivo. — Digo  colocando o Dom no carrinho e arrumando a bolsa no ombro.

— Ah isso você pode ter certeza que vai ter que acontecer se esse DNA der positivo.

Ele termina de dizer e se vira para abrir a porta, se da ao trabalho de me esperar sair segurando a porta e em seguida vai em direção ao elevador e mais uma vez só o sigo, porem dessa vez recebemos mais olhares no caminho e a espera pelo elevador foi uma tortura.

Se não tivesse o carinho eu iria sugerir descer as escadas. — Escuto ele dizer em tom baixo assim que está segurando a porta para eu entrar.

Tudo bem. — Digo me posicionando o mais longe possível, mas tentando manter as aparências, até porque depois do que falei e tudo que deve estar passando na cabeça dele, nao imagino porque teria a empatia de se preocupar com a minha "fobia de elevadores".

Saímos do prédio em silencio. Ele só falou para se despedir da recepcionista, que agora sei que se chama Susan. Parei próximo a porta para pegar meu celular, vejo que o Dylan percebe e volta os passos a frente que estava de mim.

Você não veio de carro? — Ele pergunta.

Eu não tenho carro. — Falo botando no maps onde está a parada mais perto para me localizar.

E vai de ônibus? — Ele parece meio incrédulo, coloca a mão no bolso e tira a chave de um veículo.

Sim e metrô. — Digo sem dar muita atenção, adoraria ser levada em casa, mas não sei se posso confiar, com a Uber eu olho as avaliações, confiro a placa, olho umas 3 vezes se a pessoa é a mesma da foto e mesmo assim fico com aquele frio na barriga e levo o taser preparado. O que eu sei desse cara além de que minha irmã dormiu com ele? Nem ela sabe nada sobre ele. Só sabia dizer que ele era bonito, que foi gentil e educado. Bonito é mesmo, não que eu me importe com isso, mas o resto não sei.

— Eu levo vocês, se ele é meu filho isso é o mínimo, você vai para a casa da sua irmã entregar ele? Seria de grande valia ouvir dela o que você me disse e talvez entender o que levou eu receber essa informação agora e não meses atrás.

Não precisa nos levar e minha irmã está fora trabalhando. — Falo arrumando a bolsa no braço, nervosa por estar mentindo. Começo a andar, mas ele vem atrás.

Vamos, não me custa nada. — Dylan diz pondo a mão no carrinho próxima a minha, seguro mais firme no carrinho. — Assim podemos esclarecer mais essa história.

— Realmente acho que não é necessário.— Digo olhando dele para o meu celular vendo a distância da parada.

— Se o resultado der possitivo, vou fazer parte da vida dele e por você está aqui nesta situação, acredito que esteja bem presente na vida dele.—  Ele tira a mão do carrinho e me olha parecendo um tanto frustrado e aponta com a mão para o Dom antes de falar.—  Se você tem tanta certeza que ele é meu filho, vai ter que se acostumar comigo.

Não deixava de ter sentido em suas palavras, e eu verdadeiramente queria que ele fosse pai do Dom, não que eu quisesse de verdade, a palabra certa era que eu precisava que ele fosse o pai. Se não estamos perdidos.

Ok, vou aceitar a carona. — Digo me sentindo derrotada.— Pelo Domic.

No caminho para casa Dylan fez mais perguntas sobre o pequeno e minha irmã, ele meio que torcia o nariz quando falava dela, mal sabe que tem muitos outros motivos para ter sentimentos negativos contra ela. Desconversei o máximo quando ele perguntava onde ela estava. Uma coisa de cada vez, vamos esperar esse exame de DNA, sendo positivo botamos tudo em pratos limpos.

Me encontrava sentada no banco de trás com o Dom distraída com a paisagem cada vez mais familiar.

Por que só agora? — Escuto ele perguntar e não sei bem se foi uma pergunta direcionada a mim ou foi um pensamento alto.

— Entendo que parece atrasada a notícia, foram 39 semanas de gestação e mais 2 meses de vida do Dom, mas não sabiamos ao certo quem era você e como te encontrar. Achei que a situação não precisaria chegar a esse ponto. — Digo olhando minhas mãos, sem querer olhar para o espelho retrovisor, onde podia sentir que ele estava me fitando.

É sobre dinheiro? — Ele diz meio ríspido e pude acompanhar suas mãos apertando o volante e uma veia surgiu sobre ela.

— É sobre necessidade sr. Keller, sobre não deixar um serzinho inocente passando fome e crescendo em meio as adversidades, quando ele tem um pai com dever tanto quanto a mãe e aparentemente mais condições de suprir. — Já estava esgotada e joguei nele o que achava, sem me importar se isso seria ou não do seu agrado.

  Estávamos a uma quadra do meu apartamento, graças aos céus ele não falou nem me olhou pelo espelho retrovisor novamente, sentia minhas mãos tremer e tentava ao maximo não demostrar meu estado emocional. Assim que chegamos pulei para fora do carro com o bebe conforto, Dom seguia em seu soninho inocente, é incrível como dormem nesses meses iniciais e é incrivel pensar que nessa idade somos tão ingenuos e livres de sofrimento. Dylan me auxiliou tirando o carrinho do porta-malas, agradeci pela carona tão baixo e sem jeito que nem sei se ele ouviu, entrei no prédio mais rápido que podia.

   Doce lar, penso assim que passo pela porta do meu apartamento. Respirei aliviada por chegar sã e salva em casa, pensei mil formas que seria esse encontro, todas extremas, muito positivas ou negativas, pelo menos ele teve uma reação mais neutra e ainda existe à chance de tudo se acertar. No carro Dylan pediu que ligasse em duas horas, ele iria me passar o endereço de onde seria feito o teste de DNA e a hora que iria me buscar, ele foi irredutível sobre nos buscar amanhã, bom que ainda tenho dinheiro para voltar, já que não gastei com a volta de hoje.

Botei o carrinho do pequeno em frente a porta do banheiro e tomei um banho bem quente para tentar aliviar a tensão e junto não sentir as lágrimas que corriam sem eu ter nenhum controle, agora nao era só minhas maos que tremiam, mas por alguns minutos me permiti não ser forte, permiti que todas emoções contidas na ultima hora aparecessem.

Sai do banho não muito diferente do que entrei nele, mas não tinha mais tempo para lamentar. Dom estava nas suas horas ativas do dia, ele ficava umas 6 a 7 horas acordado por dia, ultimamente é a noite que ele fica mais ativo, estava trocando o dia pela noite. Bom que ele é bem calmo e quando temos que sair, como hoje, ele costuma dormir em todo processo, está longe da fase de querer observar tudo e não perder nenhum momento de novidades, o balanço do carro e do carrinho embriagam ele.

Assim que começou a resmungar fui mimar o pequeno, se dependesse só de mim, ele teria todo amor do mundo.

— Oi amorzinho! Já estava com saudade de ver esses seus olhinhos cinzentos, vai ficar acordado com a titia mais tempo hoje? — Digo tirando ele do carrinho e depositando vários beijinhos em seu rosto rosinha. 

Meu SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora