Cinco dias haviam se passado desde o almoço na casa dos Jauregui, devo dizer que a minha amizade com Taylor estava cada vez mais forte. A cada dia que passava ela me contava ainda mais sobre Lauren, sobre como foi crescer tendo uma irmã autista, me contou sobre o preconceito, sobre absolutamente tudo do universo Lauren Jauregui.
A cada palavra da minha nova amiga eu ficava ainda mais encantada, como se isso fosse possível.
Tay ainda havia dito que seus pais tinham me amado e insistiam que eu voltasse mais vezes para a casa deles, o que eu realmente acho que vou fazer, apenas para rever Lauren e conversar com a mesma... Quero que ela se sinta normal e que não acredite nas pessoas que dizem que ela não tem capacidade ou que não é boa o bastante.
— Mila! — Olhei para Taylor. — Eu não agradeci direito por aquele dia.
— Agradecer o quê, criatura? — perguntei com o cenho franzido e totalmente confusa com a sua fala.
— Lauren... Você fez ela ler, isso nunca aconteceu! — Abri a boca meio chocada. — Eu que sempre li para ela desde que aprendi a ler... Ela não gosta de ler, apenas gosta de ver as imagens e faz o mínimo de coisas possíveis.
— Tay... Não quero soar rude, mas vocês não acham que pressionam ela demais? Cobram demais ao mesmo tempo que não deixam ela fazer as coisas mais simples do mundo? Tipo, pegar o próprio prato e levar até a pia...
— FINALMENTE! — Olhei ainda mais confusa para ela. — Finalmente alguém que me entende, eu falo isso direto para a minha mãe e ela me ignora. Aquela mulher vive para a Lauren e para ninguém mais. Isso me irrita e acho que irrita a Laur também, ela não tem privacidade e minha mãe faz absolutamente tudo por ela.
— Por que você não tenta intervir nisso? Leve-a para dar uma volta, conhecer novas pessoas... Vamos fazer assim, o que acha de ir amanhã no parque? Podemos dar uma volta, tomar sorvete, ela pode andar livremente... — sugeri.
— Eu acho uma ótima ideia! — Sorri e ela também. — Obrigada por chegar na hora certa, obrigada por ser uma nova amiga para ela e para mim...
— É um enorme prazer. — Rimos e voltamos a almoçar.
Eu acabei descobrindo que tinha uma nova meta na vida, ajudar Lauren.
Diferente de muitas pessoas, eu não sentia dó dela, de forma alguma, eu sinto uma admiração enorme. Ela consegue ser uma pessoa incrível mesmo tendo uma doença que é praticamente incurável.
Eu tenho um professor na faculdade que é gay; sempre vou me lembrar do dia que um aluno por receber uma nota baixa o ofendeu apenas por ele ser gay. Naquele dia eu nunca achei uma pessoa tão repugnante, afinal qual é o problema de ter uma sexualidade diferente? Diferente da reação esperada por todos o meu professor sorriu para ele e apenas disse "Ter um gosto diferente do comum não é ser estranho, ou nojento, é ser exclusivo!". Foi uma frase bem boba, acho que para o nível intelectual dele meu professor poderia ter dado uma sofisticada melhor naquela frase. Ser exclusivo... é isso, acredito que todos nós queremos apenas ser isso, únicos, sermos exclusivos e especiais apenas para alguém, o que vem de resto vem de brinde.
A minha interpretação dessa frase é a seguinte: ignore o que as pessoas acham ou não de você, não tenha vergonha de ser quem é para agradar. Qual é a graça de ser igual? Ainda mais ser igual a pessoas idiotas e com mente pequena? Ter pensamento próprio é tudo, por isso eu não mais tenho vergonha de expressar o que eu sinto. Bem, apenas algumas vezes.
Esse mesmo professor, Dexter, pediu para que escrevêssemos uma redação envolvendo "preconceito", foi uma verdadeira indireta para o garoto que está na minha sala. Eu realmente não sabia como abordar esse assunto, o que é totalmente irônico já que eu sou bi, tenho uma amiga autista e uma outra amiga negra, ambas já sofreram preconceito.
Sabe aquela frase bem popular "Gosto é que nem cu, cada um tem o seu!"? Eu adoro essa frase e acho que todos deveriam segui-la. Você não pode mudar uma pessoa, não pode obrigá-la a ser quem ela não é, ouvir e comer o que não quer, gostar do que não gosta. Claro que a pessoa tem o direito de mudar de opinião, mas ninguém pode obrigar uma outra pessoa mudar de gosto apenas porque acha que vai ser melhor para a outra pessoa. Cada um sabe o que é melhor para si mesmo.
O preconceito é um assunto delicado, delicado até demais, que com toda a certeza deveria ser abordado por todos. Em pleno século vinte e um muitas pessoas não respeitam a opinião uma das outras, não respeitam a sexualidade ou até mesmo o problema que essa pessoa tem. Se tem depressão é porque é drama, se adolescentes se cortam é porque é falta de apanhar, se tem uma sexualidade diferente é porque quer atenção... a verdade é que talvez se todos fossem mais empáticos e aprendessem a respeitar as diferenças uns dos outros, as coisas finalmente mudassem.
"Não quero ficar na mesma fila que uma pessoa negra" Foi isso que um senhora disse quando Normani estava entre Ally e eu, ela olhava para Mani como se ela tivesse a peste negra ou como se fosse uma assassina, minha amiga apenas abaixou a cabeça e não disse absolutamente nada, eu fiquei sem reação... Ally, bem, podemos dizer que foi a primeira vez que eu vi a pequena perder o controle.
"Preconceito racial é crime, minha amiga pode muito bem ligar para a polícia e você pode ser presa! O presidente do nosso país é negro e você vem me dizer uma palhaçada dessas? E, aliás, as pessoas hoje em dia não querem estar em uma fila com uma pessoa como você! Então caso a senhora esteja incomodada, se retire, aproveite aquele famoso ditado 'os incomodados que se retirem'" Aquela senhora ficou tão brava, foi embora e todos aplaudiram o gesto de Ally, que apenas abraçou Normani e disse que era para ignorar aquilo que aquela velha havia dito. Não querendo cortar, mas já partindo para o outro lado tenho que dizer que Normani Kordei é uma das mulheres mais lindas que eu já vi e acho que hoje em dia as pessoas esquecem que ainda existem outros tipos de preconceito sem ser com os homossexuais.
— Kaki? — Parei de escrever no caderno e olhei para Sofi, que andou até a minha cama e se sentou ao meu lado. — Hoje eu vi uma menina beijando outra menina, assim como você beijava a Quinn... Uma mulher malvada apareceu e fez uma das meninas chorarem! — fala simplesmente e eu a encaro sem saber o que dizer.
— Sofi, você acha que aquelas duas meninas se amavam? — perguntei, a olhando.
— Sim, as duas sorriam bem grandão uma para a outra!
— Então é isso... A felicidade delas incomodou outras pessoas — falo baixinho. — Então me prometa que nunca vai deixar que tirem a sua felicidade e que sempre vai seguir o seu coração. — Ela concorda com a cabeça entrelaçando nossos dedinhos. — Algumas pessoas apenas não gostam de ver outras felizes.
— Por que não?
— Porque não são felizes e só por isso acham que outras pessoas também não podem ser felizes.
Eu acreditava nisso, preconceito para mim são pessoas infelizes consigo mesmas que não conseguem ver pessoas "diferentes" sendo felizes com pouco.
Quando existe respeito existe um ambiente muito melhor, pessoa melhores e personalidades melhores, é com o respeito que se consegue abrir portas e quebrar barreiras. Com um mundo de pessoas distribuindo o respeito, o amor viria de brinde, e assim o mundo perfeito que todos tanto falam iria finalmente existir.
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Perfect To Me
Fanfiction[FINALIZADA - Desisti da revisão, desculpem pelos erros, rs] Quantas pessoas desejam ter um amor de livro? Quantas pessoas desejam poder lançar um livro? Camila Cabello estava no último ano da faculdade de letras quando descobre que para escrever u...