Segredo de Amor

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Sabe aquela sensação estranha quando você faz uma nova amizade, aquela amizade rápida, que quando você vê já contou tudo para essa pessoa? Já gastou vários finais de semana junto com essa pessoa mentalizando que a amizade de vocês não seria como as outras... Que essa nova amizade iria durar para sempre?

Então de repente tudo acaba, você quebra a cara e fica sem aquela sua "melhor amiga", sem aquela outra pessoa que você podia contar em todas as horas e para absolutamente qualquer situação. Foi assim que eu me senti na segunda-feira.

O meu sábado na casa dos Jauregui havia sido maravilhoso, eu me diverti como não fazia há muito tempo, fui tratada mais do que bem, conversei e expus minhas idéias para uma pessoa mais velha que não era da família e com isso podia dar a sua verdadeira opinião. Passei parte do dia ao lado de alguém que consegue me fazer feliz com tão pouco.

Só que na segunda-feira eu descobri que perdi Taylor de vez, que nós não poderíamos ter mais aquela amizade maravilhosa que tínhamos no começo de três meses atrás. Eu não poderia mais desabafar com ela e nem ela comigo, e isso me magoava. Ficamos tão próximas.

Tudo aconteceu quando eu estava no estacionamento; tinha que caminhar um pouco até chegar ao ponto do ônibus e então ir para casa tomar um banho e depois ir para a faculdade. Segui a minha rotina sem me preocupar com nada, então tudo mudou de uma forma radical e assustadora. Eu ia subindo alguns degraus e alguém segurou o meu braço.

— Taylor...

— O que você foi fazer em casa? É pra você ficar longe de mim, da minha irmã... da minha família! — falou entre dentes e eu levantei uma sobrancelha, encarei sua mão que agarrava o meu braço com uma certa força.

— Quem você pensa que é para achar que pode mandar ou não em mim? — a questionei usando o mesmo tom. — Taylor, eu gosto muito de você, não ferra ainda mais a nossa amizade...

— EU? Eu ferrei tudo? Tem certeza? — perguntou com a voz falhando.

— Tay, não chora... — Ia abraçá-la, mas me repreendi lembrando da sua fala na última semana. — Não vou me afastar da sua família, eu não pretendia nem me afastar de você, estava disposta a esquecer o tapa... Mas do jeito que você falou comigo semana passada, do jeito que está me tratando... Taylor, eu não tenh...

Ela não deixou eu terminar de falar, colou nossos lábios, apenas segurou o meu rosto e me beijou a força. Como eu estava falando minha boca estava aberta e ela aproveitou a deixa para invadir minha boca com a sua língua. Levei minhas mãos até os seus ombros e a empurrei levemente para trás, nossas bocas se separaram e eu a olhei horrorizada.

— Taylor... — falei a encarando. — Ai meu Deus... Olha, não é assim que você vai me fazer gostar de você...

— Então existe uma possibilidade?

Existia... Eu não sei mais quem é você, olha como você está agindo! — falei, dando um passo para trás. — Olha o quão estúpido foi isso que você fez agora. Nunca mais, eu repito, nunca mais faça isso novamente!

— Mila... eu não... me desculpe! — falou baixinho.

— Não, chega de desculpar você, chega de aceitar essas coisas que você anda fazendo. Eu sou uma pessoa, Taylor, eu era a sua amiga. Com pessoas você não brinca com os sentimentos ou faz o que quer. Eu não sou uma de suas bonecas!

Depois de dizer aquilo eu apenas fui embora; estava extremamente irritada com o seu gesto impulsivo e bruto, eu deveria ter devolvido o tapa dolorido logo depois que eu a empurrei pelos ombros. Quem ela pensa que é para fazer aquilo? Ela não tem o direito.

Foi naquela tarde que eu perdi uma das minhas amigas.

Ignorei o ocorrido e fui normalmente para a faculdade, tive apenas aulas cansativas e teóricas que me faziam querer dormir na cara do professor, coisa que eu não fazia. Para me manter acordada eu anotava a maioria das coisas que os professores passavam na lousa e dados importantes que eram falados oralmente, apenas para que mais tarde eu revisasse a matéria.

Foi uma forma que eu encontrei de não pensar no assunto também.

Em nenhum momento parei de me perguntar o porquê dos atos desesperados de Taylor. Pelo o que ela já havia me contado de seus outros dois relacionamentos, ela era uma namorada de boa e seu último namorado, Brad, havia terminado com ela e Tay havia aceitado numa boa, então porque toda essa marcação comigo? Por que todo esse desespero em me ter?

Tá aí uma coisa que eu não sei e nem consigo responder.

Três dias se passaram e eu recebi um White Chocolate Mocha vindo direto do Starbucks junto com um bolinho de chocolate com gotas de chocolate, o meu favorito. Junto com aqueles dois deliciosos e saborosos alimentos havia uma carta que eu apenas li por curiosidade.

"Querida Camila,

Sei que sou uma péssima amiga, e também sei que sou uma péssima escritora. Por isso, me desculpe caso eu escreva algo estúpido aqui, só estou tentando me redimir de alguma forma e eu realmente espero que você me perdoe.

Sei que tudo o que fiz não tem desculpas, isso me apavora. Não acho certo ter gritado do jeito que gritei, de ter te xingado e muito menos de ter te beijado. É uma coisa de Jauregui, agir por impulso e de cabeça quente.

Quando estava conversando com uma amiga minha sobre tudo o que anda acontecendo, sobre os sentimentos que tenho por você, ela me perguntou "por que está agindo tão estupidamente assim?", e eu comecei a me fazer a mesma pergunta. Acontece que eu esqueço de como devo agir na sua frente... isso não é uma desculpa, eu sei, mas foi a única que eu achei.

Acho que foi esse seu jeito espontâneo, engraçado, inteligente, culto, divertido, sincero e amoroso de ser que me conquistou de todas as formas possíveis, ver que você não julgava qualquer pessoa, ver o amor e a gentileza que me tratava... que tratava/trata Lauren, foi impossível não me apaixonar pela minha nova e agora ex-amiga.

Sou apaixonada por você, sei que você nega todos e quaisquer sentimentos por mim agora, não te culpo, fui tão idiota e estúpida... mas eu realmente espero que um dia você possa me perdoar e quem sabe me amar do jeito que eu te amo!

Não estou no direito de te pedir absolutamente nada, mas eu vou.

Quero que você se afaste de Lauren. Não estou pedindo isso com as mesmas intenções de antes, juro. Laur se apega facilmente nas pessoas, ela já está ficando dependente de você, não vai aceitar ver outra pessoa partindo vovó disse que iria ficar sempre com ela mas acabou partindo, isso fez minha irmã se isolar. Você é tão sonhadora, quer viajar pra fora, quer ser uma escritora famosa e eu só peço uma coisa: não acostume a sua presença em minha casa, não acostume Lauren com você.

Minha irmã é como outra qualquer, como você sempre diz, só que ela tem uma necessidade maior que pessoas importantes fiquem em sua vida.

Espero que me entenda, atenda o meu pedido e que um dia me perdoe. Saiba que eu não vou mais insistir em algo que não vai acontecer.

Com amor, Taylor Jauregui."

Eu havia ficado sem reação, afinal quem não ficaria recebendo uma carta dessas? Eu acho que Tay deve ser bipolar, no mínimo; uma hora ela age de um jeito e uma hora ela age de outro, só que diferente das outras pessoas eu não consigo me afastar e não perdoar. Eu prefiro me machucar a ver qualquer outra pessoa que eu gosto machucada e sofrendo.

Dessa vez algo diferente havia acontecido, de uma certa forma eu havia perdoado Taylor. Mesmo não merecendo eu iria fazer o que ela me pediu, iria atender ao seu pedido.

Não vou me afastar de Lauren apenas porque Taylor está me pedindo, seria preciso muito mais para que isso acontecesse, acredite. Estou me afastando de Laur porque eu sei que se não cortar essa relação agora eu nunca vou seguir em frente, eu nunca vou conseguir ter um novo relacionamento e vou criar algo na minha cabeça achando que tenho algo com a menina dos olhos verdes, que nós temos a chance de ter uma vida normal... como um casal normal.

Vou me afastar pelo bem de ambas... Vou me afastar porque eu gosto o bastante dela para a deixar livre.

Perfect To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora