LAÇOS

N

"Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo..."

Gizelly ficou a noite toda inquieta, só adormeceu quando a puxei para os meus braços, fazendo conchinha. Quando acordo ela continua na mesma posição, tento levantar sem que ela acorde, mas falho. Rapidamente ela vira-se ficando cara a cara comigo. Seus olhos leem meu rosto, não resisto e levo as mãos ao seu, passo os dedos vagarosamente como se tivesse fazendo um reconhecimento facial. Me aproximo e deixo um selinho em seus lábios. Acolhemos o silêncio e nos abraçamos.

Ter um relacionamento com Gizelly é diferente de tudo que tive, e nem falo isso por causa das regras, pois desde que me tornei famosa convivo com elas. Digo isso pelos sentimentos que nutro por ela. Sou apaixonada nessa mulher, de uma forma que nunca me apaixonei por ninguém.

- Cheirosa. - Quebro o silêncio, falando próximo ao seu ouvido.

- Oi.

- Nós precisamos conversar.

- Sim, nós temos. – Aperto ela nos meus braços. - Mas não aqui na casa da Manu, pode ser na minha casa?

- Sim, pode ser. – Penso um pouco na pergunta que iria fazer em seguida. – Você ficou chateada por Manu saber?

- Não. – Ela se afasta dos meus braços e mantem os olhos nos meus. -  A Manu é um pequeno gênio, me espanta por ela ter demorado tanto para descobrir.

- Ela é. – Analiso a resposta - A forma que você respondeu, me parece que tem um “Mas". - Visualizo ela ficar pensativa.

-  Sim, têm...

- Porém é uma conversa para depois. – Concluo a frase dela, eu a entendo somente de olhá-la.

- Isso. – Ela deixa um beijo na minha testa. – Vou me arrumar para ir embora. – Gizelly levanta deixando-me deitada, acompanho ela com o olhar.

Passado dez minutos, ela sai do banheiro. Me encara, solta uma risadinha. E vai até sua bolsa.

- O que foi? – Pergunto desconfiada. Ela continua me encarando e sorrindo. Sento na cama e observo ela pegar o celular dentro da bolsa.

- Nada.. na verdade, é engraçado que até a decoração do banheiro é a cara de Manu. - Ela ri baixinho, olha o celular e muda a expressão.

- Aconteceu alguma coisa?

- Nada sério, tenho que resolver algumas coisas. - Parecia ser algo sério. - Depois do horário de almoço estarei em casa. – Ela vem até mim, deixa um beijo casto nos meus lábios. – Aproveita a manhã com a Manu.

- Hoje é sábado, você vai para o escritório?

- Sim, preciso pegar alguns documentos.. e, tenho almoço com um cliente. – Não sinto confiança em sua resposta, mas não pressiono.

- Ok, encontro você depois. – Puxo ela pela blusa, beijo seus lábios e peço passagem com a língua. Dessa vez eu dito as regras. Somente nós separamos quando ficamos sem ar.

- Rafaella.. – Ela solta meu nome respirando com dificuldade. – Até depois. – Mais uma vez lhe acompanho com o olhar. Mulher gostosa.

O apartamento de Manu está silencioso, aposto que ela está dormindo. Deito novamente na cama, pensando em Gizelly e no que conversaríamos.

Pego meu celular, ignoro todas as notificações. E clico no seu contato, tinha um áudio.