Treze - Fotografia

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Quando a hora do almoço finalmente chegou, Melissa deixou sua mesa devidamente organizada, apagou a luz do consultório e saiu, respirando o ar puro e frio do corredor. Antes que conseguisse atingir o seu destino, entretanto, foi puxada para um canto escuro sob a escada do segundo e terceiro andares.

- Brian! – ralhou, levando a mão espalmada ao peito disparado pelo susto.

Brian sorria aquele sorriso de canto, que fazia reluzir seus dentes brancos e os olhos transbordantes de desejo.

- Te assustei? – perguntou maroto, envolvendo a cintura dela entre seus braços fortes.

O olhar enfezado de Melissa respondeu sua pergunta, mesmo que retórica, de modo que ele tentou consertar depositando um selinho rápido nos lábios dela. A situação só piorou, porque ela tratou de se afastar.

- Você tem que parar com isso. Se alguém nos pegar, estamos bem ferrados. E eu gosto de meu primeiro emprego o suficiente para não ser idiota de perde-lo logo no primeiro mês.

O sorriso de Brian murchou e ele recostou o corpo contra a parede.

- Por que está sempre me dando bronca?

- Porque você é um garoto levado que não sabe lidar com uma coisinha muito simples chamada regra.

Ele cruzou os braços e torceu os lábios.

- É que só um beijo e uma transa não são suficientes para matar minha vontade de você.

Um sorrisinho convencido surgiu nos lábios de Melissa. Poderia não ter certeza sobre Brian, mas ser desejada daquela forma era sempre muito lisonjeiro.

- Trate de se controlar até podermos nos ver fora daqui. Por enquanto, quanto mais discreto, melhor. – sorriu e não esperou que Brian desse uma resposta, virou as costas e voltou para seu caminho até o refeitório.

Ouviu o outro suspirar inconformado, mas a seguiu mesmo assim. Quando Melissa serviu sua comida, seguida de Brian, ambos foram se sentar à mesa de sempre, junto de Kate. Ela já terminava sua refeição.

- Infelizmente, terei que deixá-los sozinhos. Muitas brigas no helvete hoje e vários curativos para fazer. – lamentou a enfermeira, levando a bandeja de comida junto consigo.

Despediu-se com aquele sorriso amigável de sempre.

- Kate fala do helvete com tanta naturalidade... – comentou Melissa, casualmente.

- Vou te levar lá amanhã. – Brian disse.

Melissa o encarou, curiosa.

- E eu posso? Ir até lá?

- Por que não poderia?

- Não sei, pelas histórias que contam, parece mesmo um inferno na Terra. Não seria um lugar para médicos mais experientes, com alguma noção do que fazer lá dentro?

- Em geral, sim, mas você estará comigo, não há nada a temer.

Melissa rolou os olhos.

- Não estou com medo. E por falar em helvete... – começou ela, hesitante, remexendo em seu pedaço de peixe frito – Por que não me disse que estava tratando Corey Sanders?

Brian engasgou com o gole de suco de laranja que tomava, limpando a boca com um guardanapo, antes de virar na direção de Melissa. Sorria com naturalidade.

- Não achei que fosse necessário. – ele deu de ombros, comendo uma batata frita.

- Sério mesmo?

Psicose (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora