Três dias se passaram desde a surpreendente e misteriosa rebelião no St. Marcus Institute. Três dias que se arrastaram como se fossem três meses. Três dias desde que a paz voltara a reinar no St. Marcus Institute, por mais que naquele local "paz" tivesse significados distintos do usuário comum.
Nenhuma morte, alguns pacientes e guardas levemente feridos, apenas uma única fuga: Corey Sanders.
Era o assunto do momento pelos corredores e isso não ajudava Melissa a se sentir melhor por ser a responsável por toda aquela confusão. Todos cochichavam pelos cantos, criando mirabolantes teorias da conspiração sobre a espetacular fuga de Corey Sanders.
A principal dúvida era: quem o havia ajudado?
Porque ele não seria capaz de escapar dos muros do St. Marcus sozinho. A segurança era arrogante o suficiente para chegar rapidamente a tal conclusão. Ninguém, jamais, em mais de 150 anos de história, havia escapado. Sozinho, por mais inteligente que fosse, nenhum prisioneiro seria capaz de tal façanha. Nem mesmo Corey Sanders.
Pelo número de funcionários, os suspeitos eram muitos, mas por algum motivo, Melissa sentia o olhar desconfiado de todos por onde passava. Ou talvez fosse apenas peso na consciência.
Melissa desligou-se do mundo conspirador que a rodeava, porque o nome de Corey passando de boca em boca só trazia a amarga lembrança de que também há três dias não tinha notícias dele. Talvez devesse tomar o silêncio como um bom sinal, pois ele haveria completado sua fuga com sucesso. Por outro lado, entretanto, não poderia deixar de considerar a possibilidade de ele ter se perdido na floresta, ou se machucado de alguma forma. Pelo menos a polícia ainda não havia dado as caras, e isso era um alento.
Alento esse que, infelizmente, passou no início da manhã do terceiro dia.
Melissa caminhava distraída pelos corredores, o pensamento naquele que era o responsável por suas preocupações, suas três noites mal dormidas e suas olheiras escuras. Mas a agitação de três enfermeiras que passaram esbarrando em seu ombro chamou a atenção. E quando chegou ao refeitório, Melissa reativou sua audição, apenas para ouvir qual era a fofoca da vez. Torcia para não ser a localização de Corey. Felizmente, não era, constatou.
Mas tinha a ver com sua fuga e a palavra Scotland Yard fez um frio esquisito subir por sua espinha. Eles estavam levando o caso muito sério, a ponto de deslocar alguém da polícia metropolitana de Londres até o fim do mundo. Provavelmente porque Corey era quem era, e porque precisavam dar uma resposta rápida aos ingleses de bem, preocupados com a possibilidade de um assassino frio como ele estar à solta. Por um instante, a doutora parou com as mãos sobre um pedaço de pão doce. E só se mexeu porque alguém pigarreou atrás dela, chamando-a de volta à realidade.
Era Kate.
— Já soube da novidade? — Ela perguntou.
Seu semblante maternal de sempre foi substituído por um visivelmente preocupado. Era a primeira vez que Melissa via Kate sem aquela aura de calma contagiante envolvendo-a. Não houve contágio sobre a doutora desta vez, portanto.
— Acho que acabei de descobrir. Não falam de outra coisa nesse lugar. — Melissa rolou os olhos, tentando parecer equilibrada.
Um colapso nervoso estava na iminência de acontecer, o copo de suco de laranja tremendo entre seus dedos confirmava com propriedade sua suspeita. Kate caminhou atrás de Melissa, enquanto ela buscava um lugar afastado de todos no refeitório para se sentar.
— O investigador chega logo após o almoço. — Kate apoiou as mãos sobre a mesa de fórmica branca e começou a tamborilar os dedos ali.
Melissa mordeu um pedaço do pão doce e observou o gesto inquieto da outra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Psicose (Livro I)
Mystery / ThrillerMelissa Parker é uma psiquiatra recém-formada que encontra seu primeiro emprego em um manicômio judiciário. Em meio aos novos desafios, se vê encantada por um de seus pacientes, Corey Sanders, um rapaz misterioso e muito atraente. Sem que se dê cont...