Capítulo 5

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Megan

— Eu sou a culpada? Eu? — falei alto dando um passo para frente e ele deu um para trás. — Você é quem veio parecendo ter os olhos grudados nesse telefone e a culpa de você ser um cego e do meu vestido preferido estar todo manchado, é minha?

— Senhorita Perez — disse com cautela.

— Calado! — ordenei irritada. Se estivéssemos em um desenho animado sairiam chamas dos meus olhos e fumaça dos ouvidos. — Estou aguentando seu mal humor e controle exagerado há dias e tenho dó da pobre da Suzi por ter que te aguentar há anos, não sei como ela, estressada do jeito que é, ainda não te jogou pela janela, porque ninguém poderia culpá-la por isso.

— Você deveria se acalmar — pediu levantando as mãos.

— Eu deveria me acalmar? — Joguei a cabeça para cima e ri falsamente antes voltar a olhá-lo mortalmente. — Você é quem vive de mal humor e desconta sua arrogância nas pessoas que estão a sua volta sem pensar, ou se importar com o que isso causa a eles. Quem deveria beber chá de camomila e um suquinho de maracujá toda a manhã é o senhor.

Coloquei as mãos na cintura e dei outro passo para frente, fazendo ele ir para trás até se encostar na porta da sua sala. Parecia realmente assustado e surpreso, mas não dei atenção para isso, toda minha paciência estava esgotada.

— Não é porque você tem um péssimo estado de espírito e Jesus, os deuses gregos, Iemanjá ou seja lá para quem você reza, ou faz macumba e não funciona, que precisa ficar descontando seu carma ruim nas pessoas a sua volta. Não temos culpa nenhuma por você trabalhar demais e ficar estressado todo o dia e toda a hora, você não tem o direito de nos atormentar e nos deixar deprimidos e irritados apenas porque está com a vida ruim. Se quer descontar a raiva, vai socar uma parede ou fazer qualquer merda que não envolva ser um sem educação com seus funcionários, não é porque você é um gostoso rico que pode fazer o que bem entender, ter dinheiro não te faz melhor do que ninguém!

Assim que parei de falar, percebi que minha respiração estava rápida e meu sangue fervia, mas tudo piorou quando aquele cretino sorriu. Sorriu!

— Está debochando de mim? — perguntei e ele balançou a cabeça em negativa, ainda com um sorriso irritante no rosto. — Tire esse sorriso bonito do seu rosto agora! Você só precisava pedir desculpas por ter me feito derrubar o café quando esbarrou em mim, mas não, o senhor sabe tudo tem que ser um arrogante idiota como sempre e ainda está rindo da minha cara!

Seus olhos assumiram um brilho de diversão e ele apertou os lábios, logo soltando uma gargalhada e descruzando os braços enquanto ria igual um pateta. Achei tudo um absurdo, não só por sua risada ser bonita, mas também por ele estar rindo de mim como se eu fosse uma palhaça quando estava lhe dando uma lição de moral.

— Eu vou para o xilindró com acusações de agressão e tentativa de assassinato, mas que se foda, minha mãe é advogada. Pelo menos um murro eu dou na sua cara, seu bonitão idiota!

Caminhei até aquele energúmeno pronta para acabar com seu rostinho lindo, porém assim que ele percebeu que eu não estava de brincadeira, parou de rir e arregalou os olhos.

— Senhorita Perez, me desculpe por fazer o café cair em cima de você — disse apressado e estendeu os braços para frente.

Parei de andar ao ouvir suas palavras e apertei os olhos continuando o olhá-lo como se estivesse pronta para cometer um crime, o que me fez ficar arrependida de não ter comprado a serra elétrica rosa que vi no mercado. Isso porque Marta me proibiu, dizendo que qualquer coisa cortante nas minhas mãos era um perigo.

— Acho que precisamos conversar com calma. Eu realmente sinto muito por todas as minhas grosserias, às vezes não percebo que estou sendo um idiota quando estou estressado, me desculpe. — Ele parecia sincero ao falar aquilo apesar de estar sério como sempre, porém isso ainda não diminuiu meu nervosismo.

Tempestade Bem-Vinda - Livro 1 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora