Tempestade Bem-Vinda - Livro 1 Série: Paixão e Amor

Capítulo 26

Megan

Não queria falar com ninguém depois que saí de casa, precisava pensar, por isso fui para o meu lugar favorito para refletir e tomar uma decisão.

— Oi, senhor Tony. — Sorri fraco ao falar em português com o senhor de idade.

O senhor Antônio era brasileiro e morava nos Estados Unidos há anos depois de ter se casado com uma americana e se mudado para cá. Ele tinha dois filhos, um deles casado, e três netos.

— Oi, Megan — falou em português, mas seu grande sorriso foi diminuído quando percebeu o meu desânimo e me olhou preocupado. — O que aconteceu?

— Problemas no paraíso. — Brinquei, mas não sorri. Eu não conseguia sorrir de verdade.

— Foi o seu namorado? Vocês pareciam felizes nas vezes que estiveram aqui, mas posso mandar meu filho dar um jeito nele, estou velho mas Marcos dá conta de dar uma lição naquele rapaz.

— Não foi com o meu namorado, mas agradeço a oferta. Só preciso pensar agora.

Ele balançou a cabeça e foi pegar o meu pedido da quinta feira. O senhor Tony já tinha me visto no pior momento da minha vida há alguns anos e sabia quando eu tinha um problema sério no qual pensar, por isso me deixou sozinha para refletir, mas sempre mantendo um olho em mim para garantir que estivesse bem.

Depois de receber o meu grande pote de sorvete de baunilha com calda de morango, andei para a minha mesa e me sentei no acento estofado que havia ao redor dela, olhando pelo vidro as pessoas passaram do lado de fora enquanto tomava o meu sorvete e pensava na minha vida.

Minha carreira profissional estava andando bem, mas agora minha vida pessoal estava me deixando em um dilema.

Não queria ter que deixar o meu Gato Chinês e também não queria que Marta continuasse triste. Se ao menos ela me dissesse o motivo de estar daquele jeito eu poderia tentar resolver a situação, porém Marta não me dizia nada e passava a maior parte do tempo em silêncio e cabisbaixa. Isso quebrava meu coração.

Sempre achei que por causa da minha personalidade extrovertida e meu jeito um pouco maluco iria ter um romance agitado e conturbado, mas o que estava vivendo era exatamente o contrário disso. Meu relacionamento com Daniel era como o clima que sempre estava entre nós, leve, romântico e provocante, algo que me deixava feliz e desejando que continuasse sempre assim.

O tempo foi passando e quando percebi havia tomado dois potes de sorvete e já tinha anoitecido. A sorveteria estava quase vazia e eu continuava encarando meu pote de sorvete vazio. Não havia conseguido decidir nada nas horas que fiquei lá e era horrível pensar em perder um deles, não conseguia nem me imaginar fazendo isso sem ter lágrimas embassando minha visão.

Continuei entretida observando o pote vazio até perceber alguém sentando rapidamente ao meu lado e braços fortes me abraçarem. Poderia ficar alarmada quando fui abraçada de surpresa se não tivesse sentido o cheiro familiar do perfume da pessoa pela qual eu estava totalmente apaixonada e nas últimas horas tive certeza que não era só paixão.

— Nunca mais faça isso, por favor! — Daniel pediu ainda me abraçando.

Fiquei confusa com suas palavras e Daniel se afastou um pouco, mas mantendo os braços ao meu redor, então me encarou com os olhos cheios de preocupação.

— Fiquei preocupado quando não apareceu para trabalhar quando disse que estaria lá, te liguei várias vezes para saber se estava bem e quando fui na sua casa minha mãe disse que você saiu no começo da tarde e estava fora há horas — falou exasperado e suspirou bagunçando os cabelos. — Meg, eu liguei para todos os seus amigos e fiquei desesperado quando ninguém sabia onde você estava.