Capítulo 30

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Daniel

— Espera! — Izabely levantou uma mão fazendo os outros se calarem e olhou para Lucca. — Você deu apelido para os palavrões?

— Lucca dá apelido até para as cuecas dele — falou Ryan.

— A tia Patrícia não deixava nenhum de nós dizer palavrão na casa dela e ela entendia italiano. — Lucca deu de ombros. — Era isso ou ficar sem sobremesa.

— O que nunca, jamais, pode acontecer — acrescentou Mikael.

As garotas balançaram as cabeças em conjunto como se finalmente tivessem entendido algo enquanto observavam Lucca beber distraidamente seu refrigerante usando um canudo.

Após comermos todas as pizzas, nos sentamos em uma roda feita de almofadas no chão da sala e começamos a conversar. Passava das dez da noite e estávamos todos com pijamas de bichos sentados como crianças em uma roda de amigos.

Nunca me imaginei em uma situação como aquela, mas estava gostando bastante daquilo tudo, ainda mais por ver a alegria de Megan ao ter seus amigos reunidos e se dando bem, mesmo que ainda rolassem algumas provocações.

— Além disso também tem o fato de que a maioria dos palavrões são coisas ofensivas diretamente contra mulheres, por isso mamãe não deixava a gente falar nada do tipo na presença dela. Ainda não deixa — explicou Jonathan. — Por causa disso temos que xingar uns aos outros de coisas como calopsita devassa e popótamogado.

— O que é um popótamogado? — perguntou Cristina.

— Hipopótamo drogado — respondeu Mikael como se fosse óbvio.

— Eu vou passar o meu repertório de apelidos de palavrões para vocês depois. — Lucca se intrometeu. — Assim podem xingar alguém sem que a pessoa saiba que está sendo xingada, e ainda vai ser um xingamento duplo, porque vai estar chamando ela de uma coisa e também se referindo a ela como outra bem pior.

— Ele vai ensinar vocês a chamarem as pessoas de capivaras depravadas e crias de lupanar — disse Christopher revirando os olhos.

— O que é lupanar? — indagou Alysson.

— Prostibulo. — Izabely sorriu ao falar e todos começaram a rir.

— Tudo bem? — Megan me perguntou sussurrando.

Acho que eu ter me mantido calado a maior parte do tempo e não dito muitas coisas durante essa reunião a fez pensar que havia algo me incomodando, no entanto estava apenas pensativo observando eles.

— Tudo ótimo. — Beijei sua testa e sorri para que não se preocupasse.

Ela ainda me olhou desconfiada, mas voltou a ser aconchegar em mim.

Estava pensativo porque percebi como minha vida nos últimos anos era sem graça. Com meus pais sempre tive liberdade para fazer e dizer o que queria, eles sempre faziam o possível para me entender e apoiar, mas depois que fui morar na China, com uma família cheia de regras e tradições que deveriam ser seguidas à risca, não tive mais tanta liberdade como antes. Muitas coisas que achava normal fazer com minha família aqui em Nova York, não podia fazer com meus parentes em Hong Kong, ainda mais com minha avó sendo uma matriarca tão centrada em seguir tudo do jeito que, de acordo com ela, era o certo.

Não fui tão afetado pela influência deles, porque assim que consegui meu próprio dinheiro e comecei a me estabilizar sozinho, comprei uma casa perto do trabalho e fui morar longe da casa dos meus avós. Mas a verdade era que minha vida era solitária, eu tinha dinheiro e uma carreira promissora em um bom trabalho, porém não tinha com quem conversar ou sair, não podia confiar em ninguém lá por temer que estivessem perto de mim por causa da minha herança, ou para me espionarem a mando dos meus avós que queriam controlar cada passo meu.

Tempestade Bem-Vinda - Livro 1 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora