Tempestade Bem-Vinda - Livro 1 Série: Paixão e Amor

Capítulo 1

Megan

Eu estava seriamente considerando me juntar com uma gangue e roubar um banco, se der certo ganharia dinheiro, se não, talvez fosse deportada e pararia na cadeia, mas pelo menos teria onde morar.

Bati a mão na testa sabendo que não podia fazer aquilo, mamãe me criou pra ser honesta e nem a cadeia poderia me salvar do que Marisa Perez faria comigo caso cometesse algum crime.

Assim que o despertador tocou pela terceira vez, finalmente tomei coragem para levantar, precisava tomar café e ir para o meu ritual diário de procurar emprego. Isso começou há três meses atrás, quando a empresa onde eu trabalhava fechou e perdi meu estágio e o emprego que iria ter depois da faculdade de arquitetura.

Meu sonho sempre foi ser arquiteta, eu amava desenhar todo tipo de construção, principalmente o interior, mas outro sonho que tinha era morar em Nova York, por isso quando passei em uma faculdade aqui na cidade, meus pais pagaram a mensalidade e compraram a casa onde morava hoje.

Minha mãe era brasileira e advogada e meu pai um médico que se mudou dos Estados Unidos depois de casar com ela, porém não era porque eles tinham boas condições financeiras que eu podia me aproveitar disso, tinha dois irmãos gêmeos adolescentes que também precisavam estudar futuramente.

Meus pais se conheceram quando minha mãe tinha dezenove anos e veio a Nova York com a turma da faculdade para assistir um congresso. Nesse mesmo congresso estava Edward, meu pai, que deu uma palestra e no final dela acabou encontrando minha mãe no banheiro masculino, onde ela tinha entrado por engano. Eles iniciaram uma discussão, que rendeu em um jantar e levou os dois até dias românticos pela cidade. Depois disso começaram a se falar por telefone e não pararam mais, ele foi visitá-la algumas vezes e quando fez um trabalho voluntário no Brasil começaram um namoro que durou um ano. Como Edward era órfão e não tinha família aqui, ele se mudou definitivamente para o Brasil para começar uma família com a mulher que amava e pouco depois eu nasci.

Quando tinha oito anos de idade minha mãe teve os gêmeos, Tyler e Bruce, os adolescentes que sempre me irritavam. Nós tínhamos uma família unida e feliz apesar das muitas intrigas e loucuras, mas apesar de amar o Brasil, assim como o meu pai eu amava Nova York, por isso tive que vir morar aqui, mesmo que isso tivesse rendido muitas lágrimas da minha família e um grande drama dos meus irmãos e primos que não eram capazes de viver sem minha incrível presença em suas vidas.

Como eu tinha dupla cidadania possuía os mesmos direitos de um norte americano, então estudava à noite e podia trabalhar de manhã. Contudo, quando consegui o estágio em uma empresa de arquitetura, um ano antes do fim da minha faculdade, tive que deixar o emprego e me concentrar nele. Agora que terminei a faculdade e não havia mais a possibilidade de ter um emprego na empresa que havia fechado, fiquei desempregada e sem futuro.

Após o meu banho, me vesti e peguei minha bolsa descendo para a cozinha, já conseguindo sentir o cheiro do café da manhã que Marta deveria estar fazendo.

Marta trabalhava na minha casa desde que vim para o país, ela era cozinheira do meu pai e quando me mudei para Nova York ele pediu que trabalhasse para mim. Edward fazia questão de pagar o salário dela adiantado todo mês para garantir que Marta não me "abandonasse" e eu acabasse destruindo a casa.

Mas a presença dela era essencial na minha vida e não era somente porque me impedia de morrer de fome ou congestão com as minhas gororobas. Marta se tornou uma segunda mãe para mim desde que nos conhecemos. Ela era uma senhora de quarenta e cinco anos que nasceu nos Estados Unidos, mas na adolescência viajou para a China e conheceu seu atual marido, Wilson, que eu apenas chamava pelo nome americano dele porque não sabia pronunciar o chinês. Os dois eram o casal mais romântico que eu conhecia.