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Eu observava o desconhecido  deitado ao meu lado. A noite tinha sido boa, mas, sinceramente? Eu já tive melhores. 

Silencioso  e sorrateiramente, me levantei, tentando não fazer barulho. Eu parecia uma cobra, rastejando pelo colchão para que a pessoa que nem me recordo do nome  não me visse sair. Aquele homem era uma delícia realmente, mas ainda bem que dormia,  isso facilitaria o meu trabalho.

Levantei-me e recolhi as minhas roupas pelo chão, me dirigindo à sala  para me vestir. Eu não queria que ele acordasse de jeito nenhum, seria um saco ter que dar explicações. 

Vesti a minha blusa branca com um sobretudo preto por cima e a minha calça preta, justa nos lugares certos e como Jace diria se estivesse aqui: realça a minha bunda. Abri a porta e olhei de relance para o corpo musculoso deitado na cama. 

Realmente era uma delícia, eu não poderia negar. "Adios, baby", pensei, enquanto fechava a porta sem olhar para trás.

Segui até a garagem e acionei o controle do meu Audi. Entrei, joguei as minhas coisas no banco do carona e acionei o botão para abertura da capota. 

À noite em Nova York estava linda e quente e eu queria muito sentir o vento em meu rosto. Recostei-me em meu banco de couro enquanto a capota abria.

"Três orgasmos. Nada mal para uma noite." 

O cara até que não era tão ruim assim. Qual era mesmo o seu nome? Marcos? Marcelo?  Mar... alguma coisa, não me lembro. Foda-se! Nomes não são importantes, eles não trazem orgasmos.

Qualquer pessoa idiota diria que isso não é atitude de uma pessoa decente. Que uma pessoa decente deveria encontrar o amor em outra  pessoa e viver felizes para sempre, caminhando em direção ao pôr-do-sol. Dane-se o “feliz para sempre”, isso eu tenho com o meu vibrador, que me satisfaz sem questionar, atormentar e me encher a paciência. E por falar em descente, quem disse que eu pretendo ser um?

Liguei o meu carro e imediatamente liguei o som  alto. A música estava presente em minha vida desde sempre, e naquele momento, eu precisava da voz rouca de Bon Scott em meus ouvidos, cantando aquela música que Jace dizia ser a minha cara e que sempre tocava, quando eu me sentia poderoso. 

Selecionei a música no momento em que larguei rumo à cidade, AC/DC tocou alto em meus ouvidos. Pensei no moreno deitado lá em cima, ele era gostoso e parecia um bom partido, mas eu não sou desses que se prendem a relacionamentos.

Nova York estava acesa, como dizem por aí: "A cidade que nunca dorme". A Times Square fervia, e via-se de tudo um pouco nas ruas, eu adorava aquela agitação toda.

Entrei em minha garagem e estacionei o meu carro, subindo para minha cobertura no Upper East Side. Minha sala era imensa, com uma decoração moderna, visual clean, decorada em branco e prata, com janelas que iam do chão ao teto, e eu tinha a visão privilegiada do Central Park todas as manhãs.

Eu não sou daqueles que gostam de ostentar, mas, conforto para mim é essencial e vem acima de qualquer coisa. Finalmente posso pagar por isso, e não hesito em economizar um centavo para ter o meu luxo particular. 

Após um bom banho, ao som de Imagine Dragons, entreguei-me ao sono. Uma dose do meu uísque era tudo que eu precisava para fechar a minha noite com um bom rock aos meus ouvidos, nada poderia ser mais perfeito. 

The Deal  (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora