Liberdade..

574 79 113
                                    

No dia seguinte, acordamos tarde e decidimos ficar no quarto do hotel o dia inteiro. Embora eu não estivesse necessariamente triste, eu me sentia diferente, com um aperto estranho em meu peito.

Eu passei grande parte da minha vida odiando o homem que me colocou no mundo e, fatalmente, aquilo não me deixou feliz durante a minha existência. 

Internamente eu sabia que as coisas deveriam ser diferentes, mas, eu era um sobrevivente e os sobreviventes não questionam, apenas... Bom, apenas sobrevivem.

— O que houve, meu anjo?  —  Magnus perguntou em algum momento, enquanto terminávamos o nosso delicioso almoço.

— Sinto-me estranho.   —  Magnus me olhou profundamente, dando um tempo para que eu conseguisse continuar.  —  Não quero ser hipócrita, Mags. Não posso dizer que estou sofrendo pela morte de meu pai, mas, também não estou feliz, entende?

Ele deu um longo gole em seu vinho, antes de largar a taça e segurar a minha mão, acariciando com o dedo a minha palma.

— Perfeitamente. Ele é o seu pai e vocês finalmente acertaram as contas. — Respondeu, sorrindo.  —  E você não sabe o quanto isso me deixou feliz.

Sorri também, e Magnus envolveu a minha mão na sua, entrelaçando os nossos dedos. 

— Esse seria o momento em que vocês talvez pudessem tentar recuperar todo o tempo perdido, mas...  — Sua mão apertou a minha e ele a levou aos seus lábios, beijando-a docemente.  —  Mas, ele se foi antes que isso pudesse acontecer e aí está a sua frustração, meu anjo.

Encarei-o e ele levantou-se, sentando-se ao meu lado, acariciando o meu rosto.  

—   Não se sinta frustrado, há pessoas que não têm a chance que vocês tiveram.

Balancei a cabeça levemente, Magnus tinha razão. Sorri. Era impressionante como ele me acalmava.

— Lembrou-se de algo engraçado, Senhor Lightwood? — Perguntou, levantando a sua sobrancelha e eu sorri mais ainda ao me lembrar do nosso primeiro encontro.

— Você quer saber por que eu ri daquele jeito quando nos encontramos pela primeira vez? — Resolvi mudar de assunto e Magnus arregalou os olhos. 

Sua expressão foi impagável, quando eu confessei que o motivo da minha risada era porque eu achava que o meu médico seria um senhor na casa dos oitenta  e chegar lá e me deparar com um Deus Grego como ele me atendendo foi demais para mim.

— Qual o seu problema com os idosos? Um dia você vai chegar na casa dos oitenta também.  —  Disse em tom divertido, balançando a cabeça e eu ri mais ainda.

Ficamos em silêncio depois disso, apenas apreciando a companhia um do outro.

— Eu acho bonito o seu sobrenome.   —  Falei aleatoriamente, depois de um tempo. —  Bane combina com você.

— Tudo combina comigo, Sr. Lightwood. — Olhei-o incrédulo e ele continuou.  —  E fico feliz que ache o meu sobrenome bonito, pois quem sabe um dia ele não será seu.

Magnus  me olhou profundamente e eu congelei, engolindo em seco. 

Nesse momento, a voz de Sinatra ecoou pelo quarto. Magnus havia ligado o seu iPod com músicas devidamente selecionadas por ele, quando acordamos. 

Ele era muito eclético, havia de tudo um pouco em seu aparelho e, naquele momento, foi a vez do “The Voice”, como ele costumava dizer, dar o ar da graça.

— Hummm.. — Magnus gemeu com seu olhar sacana, levantando e estendendo a mão em minha direção.

— Eu não vou dançar! — Retruquei.

The Deal  (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora