Perdão..

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O Doutor Wayland tocou em alguns botões do tal aparelho ao lado da cama e aproximou-se do corpo que ali jazia. O homem fez uma careta antes de abrir os seus olhos, ligeiramente assustado com a situação.

Sua situação estava.. Deplorável.

Não parecia nada com o homem que eu me lembrava, ele estava pálido, magro ao extremo e os seus olhos azuis que lembravam os meus, estavam apagados, como sinal de que sua vida estava se esvaindo.

— Senhor Robert, o senhor tem visita.  —  O Doutor Wayland murmurou baixinho.

O homem piscou algumas vezes, tentando se encontrar e, neste exato momento, eu percebi quão triste era a sua situação. 

Doente, ele estava praticamente morrendo e estava sozinho. 

Por mais que eu soubesse que era algo que ele mesmo havia plantado em sua vida, vê-lo daquela forma me sensibilizou e eu senti um aperto no peito. Não imaginei que eu iria encontrá-lo em um estado tão crítico.

— O senhor tem visita.   —   O médico repetiu e o velho tentou balbuciar algumas palavras em seu ouvido. —  É verdade, senhor Robert.   —  O Doutor Wayland continuou, apontando em minha direção. — Veja.

Os olhos quase sem vida os acompanharam na direção em que apontou, parando no momento em que cravaram em mim, seus olhos se arregalaram e, como se fosse possível, ficou ainda mais pálido. 

Ele inalou com a pouca força que tinha, totalmente surpreso por me ver ali. Foi impossível não me sentir um pouco desconfortável.

Alguns instantes se passaram, enquanto olhávamos um para o outro e, subitamente, ele começou a chorar, soluços altos começaram a ecoar pelo pequeno quarto. 

Engoli em seco, tentando eu mesmo controlar as minhas próprias lágrimas, toda aquela situação estava fazendo uma grande bagunça no meu psicológico, eu nem sabia exatamente o que eu estava sentindo, os meus sentimentos estavam uma completa bagunça.

Magnus apertava cada vez mais a minha pele, enquanto me puxava em sua direção. Sua mão saiu de minha cintura e foi  para o meu braço e agora ele me acariciava, enquanto beijava o topo de minha cabeça, tentando me passar algum tipo de conforto em toda aquela situação.

O homem abriu os seus olhos marejados e tentou esticar a sua mão trêmula em minha direção. Engoli em seco mais uma vez, olhando na direção de Magnus, que deu um sorriso que não alcançou os seus olhos, um sorriso  me incentivando.

— Não faça nada ou deixe de fazer alguma coisa, qualquer coisa, da qual possa se arrepender depois.. — Sussurrou, beijando a minha testa com ternura, antes de me soltar.

Olhei-o por alguns instantes e depois para o homem deitado, que ainda tentava levantar a sua mão para mim. Livrando-me de todo o orgulho e mágoa que poderiam existir dentro de mim, contornei a cama, ficando ao seu lado, tocando em sua mão frágil, uma sensação esquisita tomou conta de mim e aquele aperto no peito ficou maior.

Ele fechou os seus olhos e soluçou, antes de abri-los mais uma vez e, me olhando profundamente, disse com um fiapo de voz:

— Perdoe-me, meu filho..   —  Sua frágil mão levou a minha ao seu rosto, mantendo-a ali, aninhando-me, enquanto ele chorava copiosamente. — Perdoe-me, por favor..

É claro que naquele momento, as minhas barreiras já haviam sido rompidas e eu não controlava mais as lágrimas que caíam em meu rosto, eu odiava parecer tão frágil ou chorar na frente de alguém, mas naquela situação era impossível não ficar assim. 

Ele continuou, falando com dificuldade:

— Eu não tive tempo de pedir perdão a sua mãe, Alexander, ela se foi e eu ainda era um homem miserável..  —   Disse, de forma frágil.  —   Mas, eu gostaria que me perdoasse.. 

The Deal  (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora