Capítulo 10/3:

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              Quando abro meus olhos vejo que Píton ainda estava no mesmo lugar, com certa dificuldade me levanto daquele chão húmido e gelado. Meu corpo estava mais dolorido do que quando eu lutei contra Cafel.

- Como foi no Tártaro? - Píton diz com aquela voz sibilante.

- Tirando essa dor, foi interessante. Conheci o labor de Sísifo, realmente algo triste.

- Se achou esse castigo triste não aguentaria ver; a roda de Ixion, a súplica de Tantalo, a fome de Erisictão, a preguiça de Quelone e tantos outros.

- Pelos deuses, nem quero saber o que eles passam. Mas... Por que vc me mandou para o labor de Sísifo?

- Eu só te mandei para o Tártaro com a intenção de você aprender algo, agora com quem você iria aprender isso fica a escolha do seu destino. Até lhe perguntaria qual foi a lição mas conheço bem o conto de Sísifo, enganar a morte.

- Eu tive um plano mas não acho que daria certo. - Minha tristeza era evidente pois lembrei onde estava a corrente mágica.

- Sabe, nem todo grande herói são aqueles que cumprem sua missão é ficam vivos, se é que você me entendo.

            Talvez Píton e Sísifo tenha razão, só talvez preciso de um sacrifício.

P.O.V CHIARA PELEGRINI

             Meus olhos estavam fechados, mas o som de gotas de água era tão alta que acabei abrindo meus olhos. Aos poucos pude distinguir os objetos a minha volta, o sol de verão sobre mim, o azul do oceano e pessoas trabalhando na pesca. Me levantei e vejo que estava em Portland, minha terra natal. Caminho com dificuldade.

- Bom dia Chiara, já está indo na feita logo cedo. - Um velho amigo do meu pai me cumprimenta.

       Apenas sorrio sem saber o que fazer. Não tenho notícias de Portland desde que lutamos contra Tifão nessas águas. Olha em direção ao local que Breno, Kamila e Daniel mandaram Tifão para o Tártaro, era como se tudo estivesse acontecendo nesse exato momento.

- Onde você estava meu amor. - Uma mulher me faz sair desses pensamentos. Olho para ela e noto uma certa semelhança entre nós.

      Ela era negra, cabelos cacheados, olhos mel, é um sorriso extremamente lindo. Meu cérebro não conseguia reagir.

- Está tudo bem minha filha? - Ela pergunta.

- Mi... Minha filha?! - Ela me olha confusa.

- Está tudo bem? Está se sentindo mal?

- Eu não tenho mãe.

     Saio correndo em direção ao hotel do meu pai. Vejo que alguns hóspedes estavam lá caminhando pelo saguão. Passo por elas e vou até o escritório, não encontro ninguém então ele só pode estar na cozinha. Dito e certo.

         Ele estava instruindo algumas pessoas, não me lembro de ter vários funcionários.

- Pai!! - Ele se vira.

- Oi meu bem, você trouxe os temperos que lhe pedi? - Ele sorri. - Está tudo bem? Está ofegante e agitada.

- Uma mulher...

- Oi vida. - Essa voz...

- Oi querida. - Aquela mesma mulher caminha até meu pai e beija ele na minha frente. - Vejo que você encontrou  nosso tesouro.

- Sim mas eu acho dar o dia de folga para ela, tadinha está trabalhando de mais que nem me reconheceu.

- Nossa filha, sinto muito te fazer trabalhar de mais.

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