𝐌𝐀𝐑𝐑𝐈𝐀𝐆𝐄 ─ 𝐒𝐇𝐈𝐑𝐁𝐄𝐑𝐓

💍 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟏 💍

𝐓𝐑𝐄̂𝐒 𝐀𝐍𝐎𝐒

❝𝐏𝐎𝐕'𝐒 𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀

    Três anos... Fazia três anos desde que tudo começou a desmoronar para ela.

    Anne não gostava de falar ou pensar naquele assunto, mas era inevitável, principalmente quando se completava três anos que tudo havia começado.

    Ela levantou da cama e foi direto para o banheiro, pois queria tomar um banho gelado para tentar dormir, já que na noite passada, assim que deitou a cabeça no travesseiro e lembrou a data do dia seguinte, desatou a chorar e não conseguiu dormir nada.

    A fome estava grande naquele dia, mas a dor em seu peito era maior. E se Anne estava certa de uma coisa era que, não iria descer para comer, pois, em dias como aquele, onde suas emoções estavam afloradas, corria o risco de desabar na frente de todos. E a última coisa que ela queria era acabar chorando na frente dos irmãos.

    De banho tomado e com o peito vago, ela deitou na cama e desabou.

    — Anne? — A voz de Gilbert soou abafada por conta da porta.

    Na cama, Anne mordeu o lábios para não acabar implorando que ele entrasse, que Gilbert a abrace e a beije até que aquela dor em seu peito não fosse mais existente. Ela queria o colo daquele homem, queria se envolver no calor dele e esquecer de tudo que estava acontecendo a sua volta.

    Anne piscou algumas vezes, confusa com os próprios pensamentos.

    — Hoje não, Gilbert. — A voz de Anne saiu trêmula e rouca, de quem tinha chorado.

    — Eu trouxe o seu café da manhã.

    Anne colocou a mão sobre a barriga quando ela começou a roncar. Naquele dia, parecia que a fome estava mais intensa, havia até uma grande vontade de tomar suco de laranja, que, aliás, era favorito dela.

    — Eu não vou sair da porta até que você abra.

    Embora não falasse, era exatamente isso que queria. Anne queria que ele não saísse dali, do lado dela. Queria que Gilbert entrasse, invadisse seu quarto até que estivesse a abraçando bem forte.

    — Anne, eu juro por Deus que vou escalar a janela do seu quarto com a bandeja de comida. E se eu cair e me machucar, você vai ter que me ajudar e beijar os meus machucados até ele ficar bom.

    Anne escondeu o rosto no travesseiro e soltou uma risada abafada.

    Só Gilbert Blythe para faze-la rir naquela hora.

    Por alguns milésimos de segundos, conforme andava até a porta, ela havia esquecido do peso que estava no seu peito. E assim que abriu a porta e viu Gilbert parado ali, segurando uma bandeja, não conseguiu conter o seu primeiro e verdadeiro sorriso do dia.

    — Bom dia, gatinha.

    Anne deixou ele entrar e fechou a porta logo depois. Gilbert deixou a bandeja sobre a mesa de cabeceira e depois sentou na cama. Ele esticou a mão em direção a Anne, e quando ela agarrou a dele com a sua, Gilbert a puxou até que a ruiva estivesse em seu colo, com uma perna em cada lado do corpo do moreno.