💍 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟗 💍

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𝐑𝐎𝐘𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐑𝐃𝐍𝐄𝐑

❝𝐏𝐎𝐕'𝐒 𝐀𝐍𝐍𝐄

    Fazia um tempo que eu não falava diretamente com Gilbert, e aquilo me machucava de uma forma inimaginável.

    Eu sabia que acabaria sentindo algo por Gilbert, percebi isso dias depois que o conheci. E mesmo assim, segui a ideia que Josie me dera meses atrás, sem medo de me arriscar, sem medo de me machucar.

    Eu só não esperava que ele sentiria o mesmo por mim. Quero dizer, quem é o louco que se apaixonaria por mim? Bom, pelo visto, Gilbert Blythe. E esse era um dos vários motivos de ser louca por ele.

    Mas, agora, cá estou eu, escondendo o que sinto dele, o magoando, dizendo que não correspondia os seus sentimentos, quando, na verdade, era mais uma das minhas mentiras. E eu tinha que atuar muito bem para que Gilbert não descobrisse nada, pois aquele homem conseguia me ver de uma forma que ninguém jamais conseguiu.

    Eu não me arrependia de nada, de nenhum momento em que vivi ao seu lado. Mas se eu pudesse voltar no tempo, não teria aceitado o acordo. Não por ele, é claro, mas por saber que Gilbert estava machucado por culpa minha, e eu poderia ter impedido que tudo acontecesse. Só que eu não fiz.

    Eu sei que no início eu parecia relutante. Mas nunca foi por medo de me apaixonar, mas por medo que ele se apaixonasse por mim. Eu já tinha em minha cabeça que nunca iria me envolver mais intimamente com ninguém, por mais que eu sentisse algo. Enquanto Gilbert só tinha palavras. Um termo, mais especificamente. Um termo que o impedia de se apaixonar por mim. Mas, pelo jeito, não o impediu.

    Mas não importava mais. O casamento de Diana chegara, e ele iria partir na manhã seguinte. Ou seja, não importa se há ou não um sentimento, ele terá um fim. E embora nós já tenhamos colocado um ponto final na nossa história, naquele dia do quarto, quando Gilbert me contou sobre o que sentia, nada era tão definitivo quanto a sua volta para Londres.

    Encarei meu reflexo pelo enorme espelho do meu quarto, e repeti as mesmas palavras pela décima vez:

    — Entrar na igreja, suportar uma hora da festa, e depois dizer a Diana que vou subir para meu quarto por estar com dor de cabeça — apertei uma mão suada na outra, em uma tentativa falha de conter meu nervosismo.

    Passei a mão por meu vestido azul claro que aluguei para usar como madrinha, peguei as chaves do meu carro e sai do quarto.

    Estava descendo as escadas quando quase me bati com um dos garçons que estava se arrumando para a festa que será feita no Jardim da nossa mansão.

    — Srta. Anne, certo? — assenti com a cabeça. — Me falaram que a senhorita estaria aqui, e me pediram para perguntar qual será mais ou menos a chegada dos convidados.

    — Acho que cerca de umas duas horas eles começam a chegar — respondi, tentando não mostrar o quão nervosa eu estava.

    O rapaz assentiu e se retirou.

    Esfreguei o peito e voltei a andar até a porta da frente. Mas parei quando uma mulher entrou na minha frente.

    — Srta. Anne, só para avisar, está tudo pronto para a chegada dos noivos — quase vomitei quando seu perfume doce me envolveu. — Não quer dar uma olhada?

    — Se minha irmã confiou em você, eu também confio — disse, sorrindo da forma que podia, tentando conter o enjoou repentino. Apontei para porta — Agora, eu preciso ir. Falta meia hora para o casamento começar, e ainda estou aqui.

𝐌𝐀𝐑𝐑𝐈𝐀𝐆𝐄 ─ 𝐒𝐇𝐈𝐑𝐁𝐄𝐑𝐓Onde histórias criam vida. Descubra agora