quando eu saí do meu quarto eu vi
meu pai se partir, em mil pedaços
diante de mim, minha casa flutuou
pra longe do chão, não tão legal
quando eu saí pra comer
a comida esfriou
a água toda esparramada no chão
o fogo consumindo todas as paredes
e as fotos sumindo com cada lembrança
eu fui tola
inocente
uma criança de vestido rodado e
pirulito na boca
não é engraçado
acordar um dia e perceber
que nenhum monstro vai aparecer
embaixo da cama
eles caminham com você...
quando eu me dobrei e
tentei me humilhar
meus olhos não clarearam
ali estavam pessoas que
me diziam que a culpa
de toda dor era minha.
que cruel
eu sou
por permitir que o mundo se destrua
e que a doença devore
nossas almas
drene nossos sangue
e nos deixe arrasados
não é engraçado
acordar um dia e perceber
que não existe bicho-papão,
e que os fantasmas do passado
nunca vão deixar de te assombrar
que seus piores pesadelos
não precisam do sono
não precisam da ficção
para existir
não é engraçado
acordar um dia e perceber
que nada ou ninguém
pode travar sua luta por você.
