viagens

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gosto de viajar no banco de trás
viagens longas enquanto a paisagem muda
caminhos longos enquanto mudo
observo tudo mudar com prazer
dentro do carro,
onde é seguro e quente.
gosto do sabor que deixa em minha boca
a sensação que deixa nos lábios
é o meu hidratante labial favorito de
cereja,
que carrego comigo o dia inteiro.
o perfume é doce, suave mas marcante
difícil de esquecer,
difícil, não impossível.
mordo os lábios com gosto de cereja
quanto mais distante fica,
menos desejo os detalhes,
logo sinto falta de um fantasma
turvo, sem traços
sem calor, sem forma
que desaparece no campo da mente
reservado ao que poderia ser e não foi.
logo some,
como uma quase obra de arte
que se apaga aos poucos
voltando a ser tela em branco
caminho reverso
instantes incertos.
amar ficções é bom até certo ponto,
você alimenta um pouco
porque é bom se perder
mas com o tempo,
é recorrentemente chato
definitivamente improdutivo,
indubitavelmente esquecível.
gosto de viajar no banco de trás
observo as luzes brilhantes
ficarem turvas,
de grandes tornarem-se miúdas
até sumir sem qualquer resquício
ausentes de tal forma que
há de se perguntar
elas realmente existiram?

fotossínteseOnde histórias criam vida. Descubra agora