sábado a noite
deitada na cama com meu gato
olhando para a parede branca
que me fita de volta
lembro de você
nossas lembranças invadem
meus pensamentos
involuntariamente
me deixo render
"que saudade"
meu subconsciente sussurra
baixinho, quase sem voz
como quem conta
um segredo obsceno
num instante
estou no passado,
não sou mais eu
mas aquela outra
dentro daqueles abraços
vivendo aquelas noites,
que se perderam no
limbo,
que viraram nada
além de lembrança
"que saudade",
ela murmura pra mim
me encarando com os
olhos gigantes
"sinta"
respondo,
afagando seus cabelos.
não faça mais nada
além de sentir,
e guardar num
cantinho do peito.
é intangível,
inalcançável
talvez até fantasioso e ilusório
que nem as estrelas,
bem longe
me encarando do céu.
