-Cap. 4-

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-Sim, Sun, eu vou.

-Treze, tu tens o teu aprendiz e será muito perigoso. Tens a certeza? -pergunta-me ela.

-Tenho. Eu não posso ficar aqui para sempre -baixo a cabeça, por respeito nunca olhamos diretamente para os nossos superiores- O Adam pode cuidar dele por uns dias.

-O Alfa será anunciado amanhã de manhã, partiremos depois de almoço.

-Ok.

1.30 da manhã, 13 de junho, o meu Alfa morreu esta manhã e eu só quero ficar afastada por uns três dias. Três dias, os melhores do meu mês, três dias de caça.

******

Esta manhã tudo está mais calmo. Ontem à 1.20 nós descarregámos a comida e fomos dormir. Houve um pequeno imprevisto com um caçador de lobisomens e eu tenho umas cicatrizes a mais nos braços, cicatrizes feitas com armas de prata. As únicas que ficam permanentemente nos lobisomens.

Vou ter com Adam mas depois vejo que está com outra rapariga. Hesito por um momento mas depois continuo a andar na sua direção. Ele vê-me.

-Emily, onde é que andaste? -pergunta.

-Não é da tua conta.

Ele olha-me de cima a baixo e o seu olhar pousa nos meus braços cheios de cicatrizes.

-O que aconteceu? Tu estás cheia de cicatrizes.

-Não aconteceu nada! Eu só te vim avisar que voltei.

Ele agarra-me com força pelos pulsos.

-O.Que.Aconteceu.Contigo?

-Eu fui caçar e caímos numa armadilha. Contente?

-Estás bem?

-Nunca estive melhor. Quem é ela?- olho para a rapariga, loira de olhos azuis.

-Havery. É uma amiga minha. Havery, esta é a Emily.

-Desculpa intrometer-me, mas... Tu disseste caçar? -porquê que eu tenho a sensação que...?

-Claro, não podemos ir ao supermercado comprar carne para alimentar umas centenas de lobisomens

-Lobisomens? -não é uma sensação, é uma certeza.

-Adam, ela é humana! Como é que ela entrou? -pergunto zangada- Os guardiões não estão na fronteira?

-Saíram em patrulha.

-Todos?

-Sim, a mando do Alfa.

-Queres dizer o tipo que matou o Alfa -corrijo entre dentes.

-O Alfa.

Sacudo a cabeça. Este tipo só pode ser louco. Deixar todos os guardiões fora dos seus postos? Isso é loucura!

-Havery, certo? -pergunto e ela assente- Desculpa, mas não podes ficar mais tempo. Para o bem da tua sanidade mental. Ou vais embora ou então... Digamos que preferes ir embora.

-Mas...

-Cinco segundos, quatro, três...

-Eu não vou! Quero saber mais!

-Se é assim que queres...

Transformo-me e mordo-a. Assim, nem não nem sim, eu só fiz.

-Emily!

Volto ao normal.

-São as regras, não podemo arriscar que ela conte alguma coisa aos humanos.

-Mas...

-Não questiones! Aceita.

Existem dois tipos de lobisomens, os de nascença e os que foram mordidos. Eu nasci assim, Caleb nasceu assim também, Megan e as outras foram mordidas, Adam é de nascença e o nosso antigo Alfa também era.

-Havery. Fala comigo -ele agacha-se ao lado dela. Não tenho pena, tornei-me fria com o tempo e raramente tenho pena das pessoas.

-Vai ficar bem -encolho os ombros- Dá-lhe duas horas.

-Vou levá-la para um sítio seguro -Adam passa-lhe o braço pelos joelhos e o outro pelas costas.

-A margem do rio -sugiro- Quase ninguém vai lá.

Acompanho-o pela trilha até ao rio. Adam pousa Havery perto de uma árvore e senta-se ao seu lado.

Uma hora e meia depois ela acorda.

-Então novata? -fico perto dela- Sentes-te bem?

-Tu-tu mordeste-me! Tu eras um lobo! -ela começa a gesticular e eu agarro-lhe os pulsos para que pare.

-Agora, já podes saber tudo.

-Expliquem-me!

-Então é assim...- Adam começa mas eu corto-o.

-Podes achar loucura, mas nós somos lobisomens.

-Lobisomens não existem -cospe.

-Podes não acreditar, mas existem. Eu e o Adam somos lobisomens, tu és lobisomem. Isto -abro os braços e aponto para...tudo - É a nossa alcateia.

-Nã-Nãã, Oh!- Havery parece... chocada- Continua.

-A próxima lua cheia é exatamente... Esta noite. Vai ser a tua primeira transformação. Vai ser dolorosa. Os mordidos dizem que é...

-Mordidos?

-Existem dois tipos de lobisomens: os que foram mordidos, como tu, ou os que já nasceram lobisomens, como eu, tu foste mordida.

-Certo...

-Vamos levar-te ao edifício principal para te arranjarem um Mestre -levanto-me e ela faz o mesmo.

-Mestre?

-Uhum, para te ensinar tudo o que precisas de saber. Todos têm um, individual ou de grupo. Só os filhotes é que têm em grupo.

-E tu?O Adam é o teu Mestre?

-Não -contenho uma gargalhada, olho para ele de esguelha, parece envergonhado- O Adam é o meu aprendiz.

-Ah. Não esperava...Desculpa

-Não precisas de pedir desculpa, eu também não pensaria isso. 

Andamos.

-Como é que eu vou ser na forma de lobo? -pergunta.

-Não se sabe até ao momento -responde Adam, que vai atrás de nós- Eu sou cinzento e castanho, a Em é branca com uma marca no olho e o Justin era...

-Ruivo -soluço- Não fales dele denovo se queres continuar a ver a luz do sol.

-Não entendo, nem eram próximos -ele encolhe os ombros.

Com um movimento rápido ponho-me à sua frente e um braço a ameaçar apertar-lhe o pescoço.

-Não...Digas...Isso...Nunca mais! -rosno- O Justin era a única pessoa que eu aceitei como Alfa e todos os membros mais antigos estão de luto, incluindo eu.

Largo-o e continuo a andar ao lado de Havery.

-Quem era...o Justin? -pergunta ela.

-O nosso antigo Alfa, foi morto há quatro dias -respondo- Um assunto delicado.

-O que lhe fizeram?

-Um tipo matou-o para ser o Alfa. É lei, matas o Alfa passas a ser Alfa.

-Chama-se Charles -informa Adam- Faltas-te à cerimonia de admissão.

-Obrigada por me lembrares, já me tinha esquecido -digo num tom sarcástico.

Eu sou... um LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora