-Cap. 6-

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Hoje eu não me sinto a mesma Emily de ontem, eu dei parte fraca e isso não vai acontecer denovo. Levanto-me, agarro na tinta para o cabelo e vou até à casa de banho.

Só digo uma coisa: Eu não me arrependo daquilo que acabei de fazer.

A minha raiz ainda se nota, começa a ficar vermelho, laranja e depois loiro. Eu não pareço aquela miúdinha fraca da alcateia, nunca fui, nunca serei, muito menos agora. Visto um top e uns calções curtos e vou até à cantina.

Caleb olha para mim surpreendido e eu devolvo-lhe o olhar.

-Virei espelho? -pergunto enquanto pouso o tabuleiro na mesa.

-Tenho duas pergun... -começa.

-Primeiro, porque eu quis. Segundo, não posso estar de mau humor, é? -respondo mesmo antes de ele perguntar.

-Oquê? Os lobisomens também comunicam por telepatia? -pergunta Havery que se senta à minha frente.

-Felizmente, não -respondo- Não queria estar a ouvir os pensamentos de toda a gente a toda a hora.

-Então...? Oh.

-Nós connhecemo-nos há oito anos, não julgues, princesa -diz Caleb.

Será que alguém notou que ele lhe chamou «princesa»? Eu notei, eles notaram?

Havery cora.

-Vocês viram o Adam? -pergunto.

-Não, ele ontem ao jantar parecia chateado, o que se passou?

-Eu gritei com ele e ele gritou comigo -escondo o rosto nas mãos- Não me julguem.

-Nunca te julgaria, Em -ele põe uma mão no meu ombro- Mas acho que devias falar com ele.

-E eu acho que não consigo.

-Faz um favor a ti propria e faz o que eu te digo.

-Porque é que tu tens de ter sempre razão?

Adam não apareceu no pequeno almoço e eu dirijo-me à cabana dele. 1,2,3, boa sorte, Emily.

Toc-toc, por favor abre, abre, abre. Ele abre.

-Euvimpedirdesculpa - digo muito rápido e sem pausas.

-Oquê? -Oh Diabo.

-Desculpa Adam, eu fui impulsiva -gaguejo- E estava demasiado exaltada quando gritei contigo.

-Não tens de pedir desculpa, lobita, eu é que tenho. Agroa, dizes-me o porquê de teres pintado o cabelo?

-Eu...Eu não queria parecer a mesma rapariga fraca de ontem -uma lágrima escorre-me pela bochecha- Tu chamaste-me Lobita?

-Algum problema?

-Não, nenhum. Deixas-me entrar? Quero mostrar-te uma coisinha que tenho vindo a esquecer-me.

-Entra.

Ele libera o espaço da porta e eu entro.

-Agora, foca-te em mim e presta atenção...

Eu faço aquilo de ontem, meia transformação. As minhas unhas crescem e ficam afiadas, as minhas presas de fora e as orelhas bicudas.

-Wow! Como é que fazes isso? -sorrio com a surpresa dele.

-Meia transformação, demais não?

-Uhum, posso perguntar-te outra coisa?

-Podes.

-Porque é que os teus olhos não mudam de cor quando te transformas e os de todos nós mudam?

-Porque eu quero. É preciso muita concentração mas com o tempo surge naturalmente. Consigo faze-los ficar cinza-escuro, queres ver?

-É claro!

Fecho os olhos por um momento e quando os abro sei que estão de outra cor, as minhas pupilas queimam e depois a dor torna-se num pequeno incomodo.

-Uau.

Fecho-os denovo e faço-os voltar à cor normal, verde. Sinto uma comichão irritante na clavícula, coço e a comichão torna-se numa dor. Queima.
-Ai -gemo.
-Estás bem? -Adam agarra-me pelos ombros.
-Óptima -recomponho-me -Não foi nada.
-Não me parece que estejas tão óptima como dizes.
-A sério. Não tem importância.
-O que te aconteceu ontem quando eu me fui embora?
-A mulher tinha uma faca de prata -bufo- Estou bem, só me encostou mas queima. Isto há de passar.
-Espero bem que sim...

Eu sou... um LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora