CAPÍTULO 45-EPÍLOGO

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"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é!"


João Pedro ficou em choque quando abriu a porta de casa num domingo de manhã e deu de cara com o pai de Afonso seguido pelo que eles mais tarde saberiam ser um advogado.

O rico empresário estava muito sério e estava explícito que o último lugar onde ele queria estar seria naquela casa!

Dona Eva, que estava ali presente, percebeu que o filho não conseguiria falar nada e, por isso, convidou o empresário para entrar.

Percebendo que o carro importado havia parado em frente a sua casa, também Liam, que estava nos fundos da casa cuidando da horta, veio logo temendo que fosse Afonso e já se preparando para brigar.

_Por favor, entre. A casa é simples, mas é cheia de amor pra dar._frisou dona Eva com um sorriso.

Élio pretendia ser sucinto, pois queria sair dali logo e acreditava que aquele último gesto encerraria de vez a participação daquelas pessoas em sua vida.

_Aceitam um café, uma água?_ofereceu dona Eva.

_Não, obrigado. 

_E o seu pai? Como está?_ela quis saber.

_Ele está bem e é por isso que estou aqui. Vim, em nome de toda a família, agradecer a você, rapaz,  mais uma vez por seu gesto heroico._disse o pai de Afonso se dirigindo a Liam.

Liam ainda se sentia incomodado por ouvir aquela palavra que tanto fora empregada para descrever Afonso e por isso adiantou logo.

_Não houve gesto heroico algum. Agi como qualquer cidadão de bem teria agido naquela situação. Havia um homem precisando de socorro e eu podia ajudá-lo. Qualquer um no meu lugar teria feito o mesmo.

_Você salvou a vida do meu pai..._repetiu Élio insistente, admitindo para si mesmo estar incomodado por dever aquilo àquelas pessoas._Seremos eternamente gratos a você.

_Abaixo de Deus, ele salvou sim._frisou dona Eva.

Élio sentiu que precisaria de perspicácia para não sair dali sem dar o recado que precisava.

_O fato é que estamos muito agradecidos e também envergonhados por tudo o que o meu filho fez com vocês. Sei também que ele a iludiu com toda aquela história de que lhe arranjaria um rim novo..._falou agora se dirigindo à dona Eva.

_Não se preocupe._João Pedro finalmente tomou a palavra._Como disse o meu noivo, não nos devem nada, muito menos algum ressarcimento pelas atitudes do seu filho. Minha mãe foi introduzida na lista de doação de rim e, como todas as pessoas necessitadas deste país, irá esperar a vez dela que, com a graça de Deus, será breve.

Élio finalmente achou que era melhor deixar o advogado falar, pois sentia que as cicatrizes da passagem de seu filho pelas vidas daquelas pessoas estavam impedindo que o diálogo fluísse  como deveria ser.

_Meu nome é Edgar Porto Leal e eu sou o advogado da família. No momento, estou aqui pra representar o senhor Salomão Castro Ribeiro Moraes que gostaria de recompensá-los por salvarem a vida dele e também em nome do senhor Élio e da dona Cátia  que desejam corrigir todo o mal que o filho deles  possa ter lhes causado._informou o advogado calmamente.

O advogado estendeu um envelope que João Pedro, assim como Liam, se recusou a pegar, pois já imaginavam indignados  que lhes  ofereceriam  dinheiro.

_Não precisamos do seu dinheiro!_disse João Pedro de cabeça erguida.

_Não precisa pagar pelo que fiz. Um obrigado já foi dito e isso me bastou._também Liam ergueu a cabeça e mostrou que tinha dignidade.

ENTRE DOIS AMORES-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora