Maya Anders.Minha vida era tão perfeita. Bem, pelo menos, eu admitia. Para mim, era. Eu tinha duas amigas que estavam comigo desde muito novas. Dezirrê e a Lucy. Dezirrê é a mais fogosa de nós três. A conheci no primeiro dia que estive aqui em Águas Claras.
Lucy era a base do nosso grupo. Era tímida, inteligente e muito bonita. Vários garotos estendiam aos seus pés e ela não dava muita moral, pois ela é a namorada do Luke. Os dois juntos não prestam.
Meus pais são tão bons, que eu ainda me pergunto, como poderiam existir?
Bom, essa era eu. Uma escritora famosa, que ninguém sabia o real motivo de eu esconder o meu nome e nunca dar motivos para elas descobrirem coisas sobre mim. Tenho somente dezessete anos e já tenho inúmeros fãs. Isso mesmo.
Eu achava isso perfeito, mas também muito pesado às vezes. Eu entrava no aplicativo de escrever, publicava um capítulo e em menos de dois minutos, haviam milhares de pessoas pedindo por mais. Achava isso bom, mas era um peso enorme nas minhas costas.
Uns exclamavam: MAYA! MAYA! MAIS CAPÍTULOS, POR FAVOR! Isso me deixa muito maluca às vezes.
Eles sabiam o meu nome, mas não sabiam quem eu realmente era. Não sabiam que eu tinha só dezessete anos e não sabiam nada sobre a minha vida.
É isso. Tenho tanto medo deles descobrirem, porque os meus pais querem que eu seja uma doutora. Sim, doutora. Isso eu não quero e também não quero decepciona-los. Então, escondo esse segredo.
Nem as minhas amigas sabem disso. Está guardado à sete chaves.
- Maya! - Lucy gritou. Ela era bem escandalosa, o que diferenciava ela de Dezirrê.
- Oque é? - Gritei de volta, fechando o computador rapidamente, pois havia escutado passos se aproximando do meu quarto.
Maya e Dezirrê, praticamente moravam com a gente. Meus pais as recebiam como se fossem duas filhas.
- Tá na hora de você ir trabalhar, querida! - Ela apareceu no meu quarto, abrindo a porta de supetão. - Livraria te espera.
É. Nas horas vagas, entre a escola e as horas que eu escrevia, eu trabalhava em uma livraria. Apesar de simples, era o trabalho mais relaxante e confortável que já existiu.
- E você? Não vai embora não? Cadê o seu namoradinho romântico? - Perguntei, levantando da cama e cruzando os braços, sob o peito.
- Não, não vou embora. Marquei de assistirmos as temporadas de Riverdale que não assistimos e comer muita besteira, com a Dezirrê e lógico, você. - Revirei os olhos. Besteiras para Lucy, era o codinome para chicletes, balinhas, biscoitos recheados, salgadinhos e tudo que se pode imaginar. Tudo muito prejudicial à saúde.
- Você não havia me dito isso! - Disse, ainda encarando a minha amiga.
- Lembrei depois. - Respondeu. - Ah! A tia Meire, disse que vai voltar só a noite.
- Ela diz isso todos os dias, Lucy. O quê vai fazer com isso? Trabalha tanto...- Retruquei.
- Relaxa! Ela consegue. Agora...- Me olhou. - VAI ARRUMAR GAROTA! VOCÊ VAI CHEGAR ATRASADA! - Gritou, ainda bem perto de mim.
Com a melhor calma do mundo, suspirei e fui para o banho. De lá, comprieendi que eu não ia escrever capítulos hoje, uma pena. Não tinha muito tempo hoje. Meus dias são assim: acordo às seis da manhã, para ir a escola, volta ao meio-dia, às 1:30 - que é a hora agora - vou para a livraria, voltando somente as sete e meia. O que não dava muito para escrever. Talvez eu poste capítulo as 8:30. Não sei.
Tomei um banho bem rápido, vesti uma calça jeans rasgada nas coxas e uma blusa rosa de mangas. E o meu velho all star de sempre nos pés.
Peguei o meu celular, fones de ouvido, dinheiro, caso eu precise comprar um livro e coloquei tudo dentro da minha mochila. Desci para a varanda, vendo somente Lucy lá, sentada, comendo uma vasilha de morangos.
- Já estou indo. - Prontifiquei.
- Vá com Deus...- Ela disse, com a boca cheia.
- Me dá um...? - Pedi, estendendo um dedinho para pegar, mas ela me deu um tapa. - Au...- Gemi.
- Vai embora logo, garota! - Me rendi e fui até a porta.
- FAZ A A JANTA! - Gritei, descendo as escadas do condomínio, quase correndo.
Não tinha elevador e o jeito era descer uma escadas. Era pobre mesmo esse lugar.
Agarrei as alças da mochila e comecei a andar. A livraria não era tão longe, mas era um pedacinho abusado até lá. Meu celular vibrou e eu o peguei. Quando cliquei na tela, era quase trezentos comentários. Assim como no computador, eu tinha uma segunda conta no meu celular. Eram tantos comentários, que eu não seria capaz de responder.
" MAYA! POR FAVOR, MAIS CAPÍTULOS! "
"MAYA É A PATROA! "
" MAYA!!"
E o resto, todos exclamavam meu nome. Era tão agonizante e bom ao mesmo tempo. Se eu saísse pela rua e as pessoas descobrissem quem eu realmente era, provavelmente, eles estariam em cima de mim agora.
Poderia ser bom, mas ao mesmo tempo ruim. Ao longo dos anos, quis tanto contar para os meus pais que eu não queria ser doutora e sim escritora, mas quando eu tentava falar alguma coisa, eles não me deixavam falar. Esse é o último ano na escola. Preciso falar para eles, antes que eu entre para a faculdade.
Preciso tanto dizer, mas eles não me deixam. Sempre querem o que eles desejam. Minha mãe é doutora, meu pai doutor e eles acham que eu quero seguir os mesmos passos que eles, mas não é assim.
- Chegou! - Filipa exclamou, assim que me viu.
Filipa Singer é muito bonita. Morena de cabelos longos e rosto perfeito. Parece até uma modelo de tão linda. E é isso mesmo que ela quer seguir. Moda. Ela leva muito jeito para isso.
- Acho que sim. - Sorri, tirando a mochila e colocando-a em cima da mesinha de centro.
- Trabalhar, Maya. Está com cara de preguiça! - Ela disse, estralando os dedos na minha frente.
- Estou nada. Acabei de chegar da escola, e acha que deveria está sorrindo para as paredes? - Levantei uma sobrancelha para ela, esperando a resposta.
- Hum... Talvez? - Neguei com a cabeça e olhei para a livraria.
Tudo estava calmo, só havia uma garota sentada próxima á prateleira de livros didáticos, anotando algumas coisas. Havia um garoto que usava óculos em frente à uma gibis e livros de histórias em quadrinhos. E também, um idoso, que lia na área de fantasia. Ninguém na área de romance. Que pena.
É. Como podem ver, minha vida é perfeita!
***
Seguinte...Uma história novinha em folha para vocês. Espero muito que gostem.
" Perdida em pensamentos, só quero ver seus olhos, decorar seus movimentos."
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O Anjo e Eu
Teen FictionMaya Anders era uma garota perdida, que não sabia como contar para os pais que ela queria uma coisa que eles não apoiariam. Os pais dela não aceitaria uma filha que não trilhassem os mesmos passos que eles, por isso, Maya esconde que é uma escritora...