4 - Fight Song.

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Maya Anders.

Encarei o garoto á minha frente, tentando entender, por que raios, eu fui esbarrar com ele de novo!?
Sério, o que eu estava tentando fazer, desde que o vi saindo da livraria, era nunca mais vê-lo, mas agora percebo que acabei de esbarrar no mesmo garoto que está á procura de mim.

- Desculpa... Eu não vi você...- Gaguejei, pegando o meu celular, que no impulso acabou caindo no chão. Orei mentalmente para que ele não tivesse acabado hoje, mas quando peguei-o do chão, só tinha trincado um pouco no canto da tela.

- Quebrou? - Ele perguntou, com a voz rouca e sedutora de antes, ignorando completamente o meu pedido de desculpas.

- Só trincou um pouco a tela, nada demais. - Respondi, olhando para aqueles olhos verdes-amendoados. Tão belos, que pude quase ver um brilho, tão intenso que me vez dá um passo para trás.

Seus olhos tinham sim um brilho lindo, tão brilhante que parecia um milhão de estrelas, misturadas ao verde fraco de seus olhos.
Fiquei completamente hipnotizada ao olhar para aqueles olhos, querendo ler o que tinha dentro deles.
Eu não teria desviado o olhar, se não fosse por um grupo de garotas que passou por a gente.

- Ai, essa é aquela típica cena clichê daquele livro... como é o nome dele mesmo? - Uma garota dizia, olhando para outras três garotas, que seguravam cartazes em suas mãos.

Quis esconder o rosto ou saí correndo, mas aquele momento não era muito apropriado fugi assim e ser descoberta.
Oque me intrigava era o que estava acontecendo comigo, que era um dos sintomas de estar apaixonada nos meus livros.

- Em busca de resposta para o meu amor? - Uma outra disse, fazendo uma careta pensativa e tapando o rosto com a mão por causa do vento que trazia os ciscos da rua.

Parecia que ia chover muito hoje, por isso eu estava saindo mais cedo da livraria.
Queria me deitar, tomar um café quente e ler alguma coisa, ou então dormi, ouvindo o som da chuva lá fora.
Sonhar é bom.

- Eu... Eu vou indo...- Puxei a alça da minha mocinha para cima, joguei o cabelo para o lado e saí.

Senti um puxão em meu braço, quando me virei, era Hugo que havia puxado-o.
Cemirrei os olhos para ele e engoli em seco, quando ele olhou bem dentro dos meus olhos, sem se importar com nada.

- Como posso te encontrar novamente? - Minhas sobrancelhas erguidas mostraram o quanto eu estava confusa com aquela pergunta.

- Não sei, não te conheço. - Tá, talvez eu não devesse ser tão irônica assim com ele, já que a irmã dele é a minha fã. Não, não era hora para isso, porque ela era doente e lembrar dessa doença, me deixava triste, desolada.

- Eu sei, é que... Eu quero conhecer você, anjo. - Sorri no fundo da mente. Eu, anjo? De onde isso?

- Anjo? Por que você tá me chamando assim? Eu não sou nenhum anjo e...- Suspirei.

Ele ainda não tinha soltado meu braço, o que me deixava extremamente desconfortável.
O toque dele era quente, suave e... merda, eu não deveria ter pensado isso.
Afinal, Angelica fazia isso com o Filiphe ?
O clichê deles dois aconteceu assim.
Não é como se eu fosse viver um.

- Porque seu cabelo é tão... lindo, brilhante, chamativo, da cor dos cabelos de um anjo e seus olhos são os mais lindos que já vi. O verde, nossa! Nunca tinha visto. - Meu coração acelerou.

- Obrigada. - Sussurrei, e ele soltou o meu braço.

Dei outros passos para trás e respirei fundo, mordendo a minha bochecha.
Seria tão estranho dizer que eu estava nervosa?
Não, era só coisa da minha cabeça.
Depois do que o Marcos fez comigo, eu não quero saber de nenhum garoto.
Dei um último sorriso e saí, o que me fez pensar que eu não respondi sua pergunta.

- Ei, como faço para te encontrar de novo? - Ele gritou, chamando a atenção de algumas outras pessoas espalhadas pelos cantos da cidade, prevendo a chuva e outros apressados com seus guardas-chuvas para irem embora e não se molharem.

- Me procure! - Gritei de volta, me dando conta que essa pergunta dele e a minha resposta, é totalmente clichê.

Fui embora com um sorriso estúpido no rosto, como se eu estivesse ansiosa e feliz ao mesmo tempo, mas não era assim.

[...]

- Cheguei. - Mamãe anunciou, beijando a minha testa e tirando o jaleco dela.

- Como foi seu dia? - Perguntei, olhando para ela e percebi que o meu pai ainda não havia chegado.

- Cansativo e produtivo também - Tirou os sapatos e suspirou cansada. - Tive que ficar horas num parto de duas zeladoras de uma escola.

Um sorriso brotou em meu rosto.
Talvez ele seriam grandes amigos, porquê nasceram no mesmo dia, com mães amigas.
Vendo por esse lado, talvez não fosse tão ruim assim, fazer medicina.

- Que bom que deu tudo certo. - Sorri. - E o papai?

- Ele tá fazendo uma cirurgia de última hora, querida. Mas já já volta para casa. - Meu pai era cirurgião, minha mãe doutora e Ayla, minha irmã já estava na faculdade.

- Ok. As meninas saíram, talvez foram nas casas dela.

- Amanhã quero que você vá comigo no hospital, Maya. Quero que você aprenda as coisas e saiba cada lugar daquele hospital, já que é lá que você irá mexer quando se formar. - Engoli o choro. Esse hospital era meu, estava em meu nome, mas eu não queria.

- Tudo bem. - Me levantei do sofá e a chuva começou. - Vou terminar de escrever.

- Escrever o quê, querida? - Esqueci que minha mãe não sabe que eu escrevo.

- Ah, um texto para a professora de português. - Menti, dando de ombros para sai, porém, a pergunta seguinte de minha mãe me deixou em choque:

- Maya, por que todo mundo estão falando de uma tal de escritora? Você sabe quem ela é? - O ar sumiu dos meus pulmões.

- Ouvi um monte de gente falando sobre ela, só que ninguém sabe nada sobre ela. Dizem que ela é uma escritora anônima. - Atuei, normalizando meus movimentos e expressões.

- Incrível. Ela já está mesmo muito famosa. - Ela disse e saiu, me deixando com esperanças dela aceitar, quando soubesse que era eu.

Corri para o quarto e sentei de frente para o computador, começando um novo capítulo e ouvindo a música Fight Song e por algum motivo, eu pensei em tê-la ouvido no fone de Hugo.

***

Seguinte...

" Minha mãe disso que eu era romântico. E isso eu posso provar que sou."

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