O olhar dele sobre mim, era tão intimidador. Era como se ele pudesse me ler, que pudesse descobrir todos os meus segredos.
Mesmo com tanta força naquele olhar, nenhum de nós dois tentamos desviar o olhar. Senti um frio se espalhar pelo meu estômago, criando as famosas borboletas na barriga. Quando eu escrevia, descrever aquelas cenas se tornava difíceis, quando eu não tinha vivido nenhuma dessas experiências. Até agora.
Olhar pra ele tinha se tornado algo... prazeroso. Eu não sabia decifrar aquele olhar, mas duvidei muito que ele soubesse decifrar o meu.
Estar tão perto dele, mesmo depois de tudo que ele fez, - os comentários idiotas, a minha demissão do serviço, a chegada dele na escola...- me deixa tão confusa. E por algum motivo, eu me senti atraída por ele, esquecendo as perguntas dele.
Meu coração batia acelerado, e eu quase pude perceber que ele escutava. Engoli em seco, abrindo a boca diversas vezes, pra tentar falar alguma coisa, mas nada saía. Eu me perdi nas minhas próprias palavras.
- Hugo...- Sussurrei, tomando um fôlego, e tentando desviar o olhar.
Era bom manter o olhar fixo no dele. Eu me perguntava, o por quê de ele ser diferente. Hugo não me contava nada sobre a sua vida. Eu não sabia do que ele gostava de fazer, qual são suas metas pra vida... nada do tipo.
- Anjo... eu...- Será que ele também se manteve perdido em suas palavras? - Diz alguma coisa...- Suplicou, baixinho.
Formulei diversas perguntas, mas a única que tinha toda a minha curiosidade, era essa:
- Por que você me chama de anjo? Eu não tenho nada a ver com... ser um anjo. - Eu queria uma resposta completa. Nada de meios.
Isso me intrigava desde o início.
Hugo me intrigava. O olhar dele me intriga. Tudo nele me deixa intrigada.
Ele surgiu do nada, procurando meus livros, naquele dia. E a única coisa que eu sabia sobre ele, é que ele tem uma irmã com fibrose cistíca, que precisa de uma cura e faz tratamentos.
É doloroso para ele. Eu sei disso.
E é por isso que eu queria descobrir mais sobre ele, mesmo sabendo que seria raro demais ele me contar. Só que... tudo que ele faz, me deixa com a sensação de mistério.
- Essa é uma pergunta, que terá resposta minha em outro momento, Maya. - Ele disse, desviando, até que em fim, seu olhar do meu.
Graças á Deus! Eu já estava começando à ficar nervosa com aquele olhar.
- Por quê? - Pergunto, tentando ser tão intimidadora, quanto ele.
- Você faz muitas perguntas...- Ao ouvir aquilo, mantenho o silêncio, olhando novamente para o céu.
Não sabia que hora era essa, e nem queria olhar num relógio, então continuei olhando para o céu.
Às vezes, quando tudo era sobrecarregado demais, desde muito nova, eu tinha um desejo imenso de estar em conexão com o céu.
Eu podia ter um dia horrível, estar cheia de coisas pra fazer, mas mesmo assim, eu deixava isso tudo de lado, e ia olhar o céu. Ele me acalmava, e eu só não sabia o por quê. Talvez, como Hugo disse... eu faço perguntas demais.
Mas hoje, é meio difícil ficar confortável, olhando para o céu, com a presença dele. Deixava tudo mais difícil e Hugo não sabia disso, pois ele não me deixou ali sozinha.
- Você faz o quê da vida? - Mesmo com o comentário dele anterior, eu perguntei.
- Eu sou cantor, Maya. - Minha boca abre em um "O" perfeito. Ele é cantor?
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O Anjo e Eu
Teen FictionMaya Anders era uma garota perdida, que não sabia como contar para os pais que ela queria uma coisa que eles não apoiariam. Os pais dela não aceitaria uma filha que não trilhassem os mesmos passos que eles, por isso, Maya esconde que é uma escritora...