15 - Poema?

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Maya Anders.

Deitei-me por alguns minutos, cheia de cobertores. Apesar de tudo, eu ainda sentia frio e uma dor pequena no meu coração. Geralmente, quando eu estava com a umidade baixa, meu coração batia acelerado, o que causava uma dor aguda no meu peito. Minha respiração também se tornava lenta e de repente, respirar para mim tornava-se uma dificuldade.
Sentia que eu deveria vomitar à qualquer momento, então fiquei em alerta.
Mas isso demorou à acontecer, então me levantei da cama, com dificuldade e decidi ir tomar uma água, para ver se melhorava.

Levei maior susto com a Filipha, que estava na cozinha da minha casa, procurando alguma coisa. Assim que ela me viu, levou um susto também, e de virou para mim, assustada.

- Ué Filipha. O que você 'tá' fazendo aqui, sua maluca? - Perguntei, me aproximando dela, meio com dificuldade.

- Ai meu Deus! - Ela exclamou, fazendo uma careta confusa. Não sei se era impressão minha, mas ela estava tentando disfarçar alguma coisa, até porque, seus cabelos estavam meio bagunçados. - Você quase me mata de susto.

- Ai ai garota. - Reviro os olhos, segurando-me com cuidado no balcão da cozinha. - Quero saber o que você estava procurando, isso sim.

- Ah eu estava...- Filipha foi interrompida pelo meu pai, que saía de dentro do seu quarto, de roupão, soado e os cabelos assanhados também.

Filipha arregalou os olhos rapidamente e deu um olhar de soslaio com o meu pai. Meu pai pareceu ficar com vergonha e tentou disfarçar.
Eu realmente não sabia que o meu pai estava aqui em casa, sendo que a minha mãe deixou bem claro hoje de manhã que ele havia ido para uma cidade vizinha, fazer uma cirurgia num paciente. Será que ele estava mentindo para a minha mãe? Ou ele teria chegado mais cedo?

- Pai? O senhor não estava fazendo uma cirurgia não? - Olho para ele, tentando parecer concentrada e determinada ao mesmo tempo. Aquela altura, Filipha já tinha dado tempo de arrumar seu cabelo e agora ela estava atrás de mim, parecendo uma robô. Ainda sim, pude ver que suas bochechas estavam rosadas. - E você não me disse o que estava fazendo aqui, Filipha!?

- Ah - Meu pai começou dizendo, abotoando um botão do seu roupão, que exageradamente estava aberto. - Eu não viajei. O carro deu problema, então coloquei numa oficina, mais cedo. - Estranhei, porque quando eu cheguei, me lembro que ter visto um carro ali, só não sei se era do meu pai.

- Então de quem é aquele carro que está estacionado ali? - Curvo as sobrancelhas, evitando olhar para Filipha.

Eu não queria pensar muita coisa desses dois juntos, afinal, não seria possível. Não mesmo.
Quando cheguei aqui em casa, ela não estava aqui, eu me lembro disso. Não é possível que ela tenha estado aqui dentro de casa e eu não percebi.
Comecei à estranhar, porque ela não era de vim aqui em casa, até porque, eu ia ela não éramos tão íntimas à ponto dela vim aqui. E agora ela tinha entrado aqui, e o meu pai estava aqui em casa, andando de roupão, ainda mais.

- É meu! - Filipha se intrometeu, dando um passo a frente.

- Você veio fazer o quê aqui? - Cruzo os braços sob o peito, cemirrando os olhos. Mas desistir de estar em pé e me sentei, quando minha boca salivou, sinal que logo viria vômito.

- Eu... eu vim deixar esse poema que o Luke mandou para você. É isso! - Apesar de toda a desconfiança, fiquei surpresa. - Eu não queria te entregar pessoalmente, muito menos ele. Então decidi vim deixar na sua casa e eu pedi a chave a sua mãe. - Ela disse, tirando um papel qualquer de dentro do bolso traseiro da sua calça e vindo me entregar. Ela deu uma entreolhada com o meu pai.

- Poema? Por que ele me mandaria um poema? - Luke não é dessas coisas, pelo que eu sei. Ele prefere falar pessoalmente, do que mandar cartinhas. Então pensei: este leite tem água.

- Hum, não sei. Talvez porque ele esteja com vergonha de entregar para você. - É... talvez seja uma possibilidade, mas isso não quer dizer que este assunto acaba por aqui.

- Me dê aqui. - Pelo o papel de sua mão e fico estática, quando percebo uma caligrafia diferente da dele. De todos esses nossos anos de amizade, eu conhecia a forma como ele escrevia, que era em letras de forma. - Isso está estranho. Ele não escreve assim.

- Eu escrevi! - Ela diz, sorrindo estranhamente. Eu não conseguia acreditar naquilo.

- Quanta coincidência meu Pai do Céu. - Meu pai murmurou, dando um sorriso amarelo. Eu só conseguia pensar em uma coisa. Será que o meu pai estava traindo...- Bom, até mais meninas. Vou me preparar para o jantar beneficente que teremos esta noite, inclusive filhota, você precisa ir arrumar as suas coisas também... pensando bem, você não aparenta estar tão bem assim. Está acontecendo alguma coisa?

- Não, só estou meio enjoada. Minha umidade resolveu abaixar hoje. Mas não tem problema. Até lá, já estarei melhor. - Digo e ele susurra um "ok" enquanto volta para o quarto.

- Até mais Maya. Leia com bastante atenção o poema do Luke. - Ela sorriu meio falso ainda e saiu, deixando a chave em cima do balcão. Filipha se foi.

Eu não queria ficar criando paranoias, então decidi abrir o papel e ler o que estava escrito ali.

" Com você, o mundo se torna mais suportável.
Meu sorriso fica mais confortável,
E eu sinto que tudo fica mais "destacável" com você por perto.

Você é dona dos meus sorrisos,
Alegra os meus dias com seus risos,
E mesmo sem perceber,
Deixa meu coração quase a perder as batidas.
Você torna tudo mais alegre, vida
Com você, a vida faz mais sentido,
E sinto que estou caindo,
Em um precipício.
Porque... maior que a queda que tenho por você,
É um penhasco."

Como escritora, eu saberia como é escrever um poema. Eu não escrevia, mas às vezes sentia vontade de pôr em prática algo assim. Só que, até então, eu recebi um. Como nunca tinha recebido.
Estava romântico, e eu me animei. Talvez o Luke gostasse de mim mesmo, mas... acho que aquela quedinha que eu tinha por ele acabou.

***
Seguinte...

" que maior que a queda, é o penhasco que eu sinto por você."

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