Maya Anders.
Eu estava cada vez mais nervosa. Todo mundo olhava para mim, pintando o meu "eu" ali, inclusive Hugo, que tentava me acalmar, dando sorrisos tímidos e sinceros.
Eu poderia negar duzentas vezes que não sentia nenhuma palpitação no peito por ele, e eu deveria que eu mesma estaria mentindo, porque Hugo era uma chama dentro do meu peito
quase ardendo, talvez estivesse necessidade
de alguma coisa que a ajudasse a queimar ainda mais.
Meu coração estava tão agitado, tão bobo.Não poderia me apaixonar por Hugo, não agora. Ele era um garoto bom, lindo, sincero, talvez romântico... mas agora não era o momento para um romance.
Tinha os meus livros, os meus pais, tudo mais. Não sobraria tempo para ficar pensando em garotos. Ou melhor, o " garoto."Todo mundo me pintava, enquanto eu me esforçava para não corar com os olhares de todo mundo sobre mim, e até não me mexer, para não atrapalhar as pessoas.
De uma coisa eu deveria agradecer: eu não sabia nada de pinturas e artes, e essa oportunidade para ser a "modelo" meio que me ajudou a sair dessa.Olhei para Hugo, que se esforçava para desenhar. Descia o pincel sob o quadro com perfeição, e eu quase perdi a concentração.
- Maya! Para de olhar para Hugo e tente ficar quieta! - Meu susto foi tanto, que quase saí correndo dali. Hugo me encarou, com aqueles olhos amendoados sob mim. Meu coração errou uma batida.
Minhas bochechas esquentaram tão rapidamente, que graças á Deus eu joguei um pouco de cabelo para frente, tentando não
deixar claro que eu estava corada, porque todo
mundo me flagrou fitando o Hugo.
Céus, o Hugo!
O garoto de olhos amendoados.
O garoto que me deixava tão boba...Continuei parada até a aula acabar e a professora disser que o prazo havia acabado.
Levantei da cadeira e comecei a acompanhar
a professora para ver os desenhos.- Uau Guilherme, você arrasou! - Eu falei, dando uma aperto de leve no ombro dele, fazendo ele olhar para mim e me dar um sorriso. Sorri de volta, fitando os olhos dele.
Por incrível que pareça, alguém surgiu atrás de mim, colocando as mãos na minha cintura e me puxando.
Olhei para trás e lá estava Hugo, me olhando com os olhos cemirrados e com o maxilar trincado.
Ele olhava para Guilherme com irritação, e a sua mão estava firme na minha cintura. Quase que possessivamente.- Está tudo bem, Anjo? - Ele perguntou, acariciando a minha bochecha com a mão livre e beijando a minha testa.
Eu estava completamente confusa.
Eu não conhecia Hugo, ele não me conhecia... então por que agia assim? Estava ele com ciúmes de mim?
Só podia ser.
Tentei olhar para Guilherme e agradecê-lo por fazer o quadro, só que a mão de Hugo no meu queixo não deixou.
Bufei irritada.
Que diabos ele tinha?- Hugo! - Chamei ele, mas Hugo encarava Guilherme, tentando alertá-lo sobre alguma coisa. Por fim, eu consegui olhar para ele. - Obrigada pelo desenho, Guilherme. Saiu incrível!
- Obrigada, Maya. - Ele sorriu, mostrando suas cozinhas fofas e se aproximou, beijando minha bochecha e saindo.
Hugo, irritado, bufou.
- O que você tem? - Pergunto, tentando me afastar dele, só que Hugo não deixou, apertando a minha cintura.
- Ele viu que você estava comigo e ainda te beijou! - Passou a mão pelos cabelos, respirando devagar.
- Ele beijou a minha bochecha, Hugo. Nada demais. - Dei de ombros e dessa vez ele me deixou sair dos seus braços, que eram quentes e protetores por sinal. Era bom estar ali.
- Sim, mas não devia! - Olhei para ele, tentando entender.
- Você está com ciúmes? - Acompanhei o momento em que um 'v' firmou-se em suas sobrancelhas, me fazendo questionar.
- Por que pediu permissão?
Olhei de um lado para o outro, tentando inventar alguma coisa para dizer, mas não consegui.
Seus olhos focados em mim, me perturbaram.
Dei graças a Deus quando um professor entrou
na sala, e eu achei coragem e esforço suficiente
para voltar para meu lugar, que era ao lado dele.
Tentei desfocar daquele assunto ou voltar ao normal, mas não consegui.
Não havia como.Eu pedi sim permissão a ele com o olhar, mas não era algo que eu queria. Foi apenas uma troca de olhares e era como se eu tivesse ficado na necessidade de perguntá-lo, de questioná-lo se ele deixaria eu ir até lá.
Eu não planejava.
E agora isso tinha me colocado em uma situação muito embaraçosa.[...]
No intervalo, Hugo me pediu para acompanhá-lo até o reformatório, para ele lanchar e beber água, além de fazermos um tuor pela escola toda.
Dezirrê e Lucy quase infartaram quando eu disse que ia levar Hugo para conhecer a escola.
Tentei convencê-las que não era nada demais, apesar de questionar meu coração de o por quê ele estar tão acelerado.Não conversamos muita coisa, o que me deixava inquieta. Só ouvíamos alguns cochichos pela escola dos fofoqueiros.
Logo eles estariam dizendo que eu estava namorando.- Anjo? - Hugo chamou e eu parei para olhá-lo, disfarçando que eu estava feliz por ele deixar o silêncio de lado e tentar conversar comigo.
- Humm?
- Desculpa por mais tarde. Eu só fiquei com ciúmes daquele garoto que estava conversando com você. Ele estava perto do meu anjo e eu não podia deixar isso acontecer. - Olhei para ele, com os olhos arregalados.
- Meu anjo? - Pergunto, piscando para tentar recobrar os sentidos.
- Sim, isso mesmo que você ouviu. Meu anjo, meu, ok? Não posso deixar ninguém chegar perto assim de que é meu. Eu cuido muito bem. - Minha respiração ficou descompassada, e eu tentei fazê-la voltar ao normal.
- Hugo, eu não te conheço, você não me conhece. Não tem nada haver! Você está delirando! - Fiz uma careta, olhando para os corredores, quando senti o podrigão que vinha dos banheiros masculinos.
- Podemos nos conhecer. - Alegou.
- Eu... Eu não sei. Eu sou complicada demais, tenho... coisas Hugo. Somos diferentes e eu não me apaixono assim de uma noite para o dia e nem depósito minha confiança assim tão rápido em alguém. - É, eu estava certa. - Eu te conheço a somente um dia. Não sei nada sobre você. MINHA vida é complicada...
- Eu te ajudo a descomplicar.
***
Seguinte...
" Olhe nos meus olhos, eles te dirão a verdade. A garota da minha história sempre foi você."
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O Anjo e Eu
Teen FictionMaya Anders era uma garota perdida, que não sabia como contar para os pais que ela queria uma coisa que eles não apoiariam. Os pais dela não aceitaria uma filha que não trilhassem os mesmos passos que eles, por isso, Maya esconde que é uma escritora...