14 - Imunidade baixa.

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Maya Anders.

Mamãe não ficou chateada por eu ter sido despedida da livraria. Ao contrário, estava feliz. Ela disse que já estava na hora de eu sair de lá mesmo, porque havia mais com coisas com que me preocupar. O que seria o hospital.
Fui para o quarto, e resolvi ligar para Lucy e Dezirrê.
Elas atenderam imediatamente, numa ligação compartilhada.

- Oi meninas! - Falo, acenando para as duas.

- Eu quero só saber o que você estava fazendo esses dias, Maya Anders!? - Lucy berrou, exclamando com uma voz indignada.

- Bom... Eu? Eu não estava fazendo nada demais. Acreditam? Fui demitida da livraria e fui uma vez no hospital dos meus pais...- Admito.

- Quer dizer, seu hospital! - Exclamouz Dezirrê, com uma careta óbvia. - Agora... por que você foi demitida? Por acaso você estava ficando com o Luke ou algo do tipo?

Tive que rir, né. Não é mentira que eu tinha uma quedinha por ele quando éramos melhores amigos, só que depois eu tive que superar essa paixãozinha e deixar ele ser feliz com a namorada dele.
Apesar de eu ter chorado inúmeras vezes, quando os via juntos. Nós éramos melhores amigos! E ele sempre me chamava para sairmos nós três para lanchar e quando chegávamos lá, ele e ela ficavam aos beijos, quase engolindo um ao outro.
Eu odiava isso!
Mas a garota era perfeita! Era doce, sorridente, gentil... inteligente, educada. Ela era perfeita em todos os sentidos.

- Você deveria saber que eu não tenho chances com ele e eu também não quero nem saber do Luke. Eu não gosto mais dele como antigamente, Dezi. - Respondo, confiante, sem gaguejar, até porque, era verdade.

- Claro. Você está criando um romance com o Hugo, o gatoso da nossa turma, não é? - Revirei os olhos.

- Eu e Hugo não temos nada! Nada nada. Eu apenas fui gentil com ele. - Digo.

- Já que você vai ficar enrolando para não contar como você foi demitida, vou desligar. Minha mãe me mandou ir no mercado faz uns cinco minutos. Quando ela aparecer aqui, vai ser com um chinelo no meio da testa. - Eu e a Lucy rimos dela, sabendo que era verdade. A mãe da Dezirrê é deste tipo. - Beijos!

Ela desligou e só ficou Lucy na chamada.
Ela ria do outro lado da linha e eu fiquei sem entender nada, esperando ela terminar de rir.

- Maya, vou aí na sua casa para você me contar como você foi demitida e o porquê que todo mundo na escola está dizendo que escutou Hugo chamando você de meu anjo. - E desligou na minha cara.

Ferrou com certeza.

[...]

Cheguei na escola atrasada uns dez minutos, porque estava com imunidade baixa. Estava muito fraca, mas não poderia faltar, porque hoje teria uma palestra importante na escola.
Eu não disse nada para a mamãe. Guardei isso para mim.
Só enchi uma garrafa de água - ajudava muito para subir a imunidade -, fiz uma salada cheia de tomates, porque eu era apaixonada; e coloquei remédio dentro da mochila.
Apesar de tudo isso, sentia vontade de vomitar.

- Maya! - A professora de literatura chamou. Parecia brava. - Por que está atrasada?

- P-professora... desculpa. Estou com a imunidade meio baixa, então...

- Ô desculpe, minha linda. Por quê veio para a escola se está assim? Deveria ter ficado em casa! -  Ela parecia preocupada.

- Tem a palestra hoje e eu não quis perder, até porque, é importante. Não se preocupe senhora Carter. Irei ficar bem...- Ela assentiu, explicando para os alunos sobre o meu atraso, o que era desnecessário.

Hugo estava lá, e quando me viu sentar perto dele, pareceu me analisar por inteiro, procurando alguma coisa.
Desviei meu olhar do seu e abaixei a cabeça, me sentindo fraca. Para falar a verdade, não sei como cheguei aqui na escola andando.
A professora chamava atenção de alguns alunos na sala, mas não chegou a chamar a minha, já que eu não prestava atenção em nada.

Quando você está com a imunidade baixa, parece que até os batimentos do seu coração doem. Fica mais difícil respirar e você não tem forças nem para andar.
Pensei que tivesse sido alguma coisa que havia me feito mal, mas não era. Eu odiava ter isso, mas por intermédio dos meus pais, que são médicos, eu ficava melhor mais rápido.

- Você está bem, Maya? - Lucy foi quem perguntou seguida por Dezirrê.

- Mais ou menos...- Respondo, com a voz fraca.

De repente, sinto uma vontade imensa de vomitar. Levantei a mão para a professora e antes dela olhar, eu já tinha cruzado a sala e corrido para o banheiro mais próximo.
Mau tive tempo de chegar na pia e estava vomitando. Porcaria!
Eu odeio vomitar, porque tenho a sensação de ter tudo revirando dentro do meu estômago.
Minha boca salivava muito e eu tive que respirar fundo para não surtar.
Quando finalmente o vômito parou, me olhei no espelho da pia e vi muitas olheiras em meus olhos.
Lavei meu rosto e boca, amarrando meu cabelo novamente. Esperei um pouco para descobrir se eu não vomitaria de novo.

- Maya! - A inspetora apareceu. - Vamos comigo até a secretaria. - Ah não! Um lugar abafado como aquele... Não daria certo.

- Ok. - Digo, contra minha vontade.

- Sente-se - Ordena, quando chegamos até lá.

Sentei meio desconfortável, sob olhares da diretora e a inspetora.
Arqueei a sobrancelha, esperando ela falar comigo.

- Quero que vá para casa. A palestra não é tão importante como imagina. Sua mãe, se descobrir que você está assim, ficará furiosa com você - Eu não quis nem imaginar.

- Eu não estou me sentindo muito bem mesmo. Quero deitar, dormir...- Suspiro.

- Pois vá. O vigia vai deixar você até lá de carro. Vá buscar suas coisas e só volte quando estiver melhor, viu? - Asssenti.

Fui caminhando meio zonza até a sala e quando cheguei lá, já havia trocado de professor.
Entrei na sala e ele me deu um olhar compreensivo. Caminhei timidamente até a minha mochila e peguei as minhas coisas. Antes de sair, alguém puxou o meu braço.
Era Hugo.

- O quê?

- Você está bem? - Ele perguntou, me olhando nos olhos.

- Não. Vou para casa agora - Digo, sem cerimônia.

- Passo lá mais tarde para vê-la. - Ele diz, como se fosse uma coisa super normal.

- Ainda não estou falando normalmente com você! - Falo e saio, indo para fora do portão.

Algumas meninas ficaram me olhando. Pensei que elas queriam estar no meu lugar, afinal, eu estava indo embora.
Mas ela mau sabiam que eu estava muito mal. De verdade.
Só precisava dormir, e descansar urgentemente.

***
Seguinte...

" De todas os nomes, o seu é o mais belo"

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