- Você demorou desta vez, então eu ganhei. - Arvid fala assim que me vê subindo a pedra e sentando ao seu lado, com um leve sorriso.
Estava tarde, no horário que marcamos de nos ver, porém acabei chegando atrasado. Fiquei tenso com a situação do velho e teria que falar para ele.
- Arvid, precisamos conversar.. - Suspirei e ele me olha preocupado.
- É algo muito grave? Está tudo bem?
- Não é esse tipo de coisa. Lembra daquele velho que nos olhara mais cedo? - O mesmo afirma e eu continuo. - Ele me chamou uns minutos antes de eu sair correndo e me falou que conhecia você, isto é verdade?
Arvid havia chegado perto para ouvir porém quando falei a última frase, ele se afasta aos poucos se sentando melhor novamente, parecia frustrado ou algo do tipo.
- Ele.. - Hesita em falar e me olha, não parecia que estava confortável para falar sobre isso e eu entendi.
- Tudo bem, não precisa falar-me agora. - Entrelacei meus dedos nos seus. - Apenas me diga o necessário, o quê eu preciso saber. - Arvid aperta minha mão, nervoso com aquilo, mas então respira fundo para se acalmar.
- Conheço ele.. Não queria falar para você pois.. Não sei, ele não é uma pessoa boa entende? - Concordei com a cabeça o olhando atentamente, então ele continua. - E também eu me sentia vigiado por ele, quando andava na rua.
- Ele mexeu ou fez algo com você? - Falei preocupado mas ele negou, tirando um pouco dessa preocupação.
- Mas aquele velho tem cara de saber que eu sou... Sempre passou essa impressão.
- Acha que ele pode fazer algo pra te prejudicar?
- Não sei... Mas tenho medo. - Ele desvia o olhar e eu o puxo levemente para meus braços.
- Não é o único. Mas sabe que se acontecer alguma coisa, eu estou aqui. - Ele sorriu e olha-me, segundos depois me beijando.
Ficamos assim por um tempo, olhando o céu, nos abraçando. Eu achava que ele olhara o céu comigo porém, quando prestei atenção, ele estava olhando para um lago, não muito longe de onde estávamos.
- O que foi Arvid? - Falei o olhando e logo observando o lago junto.
- Reflete perfeitamente a noite. - Comentou e então me deu uma olhada, sorrindo. - Podemos ir lá?
- Está tarde, eu não sei.. - Hesitei um pouco, a água estaria muito gelada nesse horário, e como eu voltaria para casa com roupas molhadas?
- Vamos, agora é o melhor horário. - Ele falou e se levantou rapidamente, descendo da pedra e tirando suas roupas. Ele não tem jeito.
Confesso que fiquei um tempinho sentado, admirando de longe seu corpo praticamente nu, até ele me acordar do meu transe e me chamar para ir com ele. Corei ao ver que Arvid percebera que eu encarava seu corpo.
Desci da pedra e tirei minhas roupas também, estava um frio da desgraça por ser de madrugada e ainda íamos numa água gelada, nossa, que sorte.
- É a primeira vez.. Que te vejo assim. - Arvid comentou desviando o olhar de mim, parecia um pouco tímido agora.
Não que eu não esteja também, quer dizer, naquele dia onde passamos dos nossos "limites" e quase transamos, não chegamos ao ponto de ficar nus um para o outro, nem de cueca, então isso era novo ainda.
- V-Você entra primeiro, você que deu idéia. - Cruzei os braços e ele me olha.
- Ah não, vamos juntos. Se eu for primeiro você não vai querer entrar e irá ter feito-me de bobo. - Merda, ele é bom. Revirei os olhos e Arvid ri, logo pegando meu braço e correndo até o lago.
- Não, não! Espera, tá gelada! Aaah que merda! - Entramos na água, estava um gelo, meu corpo todo se arrepiou na hora e Arvid apenas ria de mim, mergulhou para molhar o cabelo. - Como você não tá sentindo esse frio?!
- Porque não está tão gelado, eu diria que isso é um drama seu. - Ele me zoa e jogo água nele.
- Otário.
- Babaca.
- Espere até eu te pegar! - Fui atrás dele, e ele começou a se movimentar rápido pela água, "correndo" de mim e rindo de mim ao mesmo tempo.
- Até parece que vai conseguir me pegar sendo tão lent.. AAAAAA - Arvid praticamente grita quando pego seu pé fingindo ser um bixo e eu começo a rir muito. - Não tem graça!
- Tem sim, e muito. - Falei entre risos e ele me deu um tapa forte nas costas. - Ai! Seu maluco!
- Bem feito. - Falou debochado e me jogou água. Como ele estava perto, puxei seu braço fazendo ele ficar em minha frente. Fingi que iria beijá-lo pois me aproximei bastante e então comecei a fazer cócegas nele. - Ronald para!
- Só quando me pedir desculpas. - Falei sorrindo vendo ele rir descontroladamente com as cócegas.
- Tá bom, tá bom, eu peço! - Arvid fala rindo e eu paro de fazer as cócegas e cruzo meus braços. - Desculpe, mas mereceu do mesmo jeito.
Antes que eu pudesse pegá-lo novamente, correu para fora do lago.
- Seu..! Argh. - Acabei rindo no final vendo ele correr todo atrapalhado e saí rapidamente também, ficar naquele gelo sozinho é horrível.
- Meu deus, está muito frio. - Arvid fala abraçando a si mesmo.
- Ah, não me diga. - Falei irônico e ele me deu um leve empurrão, o quê me faz rir.
Fui até o mesmo e o abracei por trás rindo, fazendo-o tomar um leve susto mas me abraçar devolta. Ele se vira para mim devagar e então rodeia meus ombros com seus braços e me beija.
- Achei que estivesse bravo comigo. - Falei assim que demos uma parada para respirar e ele riu com um "hahaha" me zoando.
- Quer que eu fique bravo com você? Tá bem então. - Saiu dos meus braços e deu as contas, eu ri baixo e o virei para mim novamente.
- Estou brincando, por favor não fique bravo comigo. - Implorei de um jeito irônico que o fez revirar os olhos.
- Imbecil. - Me dá um leve empurrão novamente, mas dessa vez eu quase caio, então ele me segura.
- Não sei agora se me ama ou me odeia. - Rimos juntos e nos abraçamos novamente. - Bem, eu te amo pelo menos..
- O quê está dizendo? É claro que eu te amo Ronald. - Senti ele sorrindo mesmo não vendo seu rosto de sorri junto.
Essa sensação de saber o quê ele pensa, perceber suas emoções, perceber o quanto nos amamos, queria que isso durasse para sempre. Arvid, você não sabe o quanto eu te amo.
Continua...
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Talvez em Outra Vida
KurzgeschichtenRonald era visto como o garoto perfeito da cidade, o dito marido perfeito para as damas. Seu mundo começa a se complicar quando a família Evans, os novos moradores daquela cidade pequena que praticamente ninguém visitava, chegaram; junto deles o fil...