- O final poderia ser melhor, empresto para você, então me diz se gostou.
Estava já de tarde, umas 16:47. Arvid ficou praticamente uma hora naquele livrinho, empolgado como sempre. Achei interessante, provavelmente lerei depois.
No meio da conversa, lembrei que precisava voltar para casa, organizar meu quarto principalmente e guardar umas caixas que minha mãe havia pedido.
- Merda, terei que ir embora.
- Agora?
- Sim, prometi fazer algo para minha mãe e ainda não fiz. Madrugada hoje na pedra? - Falei me levantando após dar um selinho em Arvid.
- Claro, me espere lá. - Ele deu um leve sorriso e se levantou um minuto depois de mim.
[...]
- Ronald, sente-se aqui. - Minha mãe fala assim que me vê entrar em casa.
- Tudo bem, o quê aconteceu? - Me sentei em sua frente e ela fica em minha frente, com uma cara séria.
- Você e o Arvid ontem. - Puta merda, como ela sabe disso? Espere, pode ser paranóia, ela ainda nem acabou a frase.
- Ahn, continue. - Falei meio tenso, não sabia o quê ela iria me dizer, então ela suspira.
- Ele está sendo um fardo para você? Me disseram que viram ele sempre te arrastando para longe das moças na festa, e eu não quero ninguém atrapalhando meu filho de achar uma noiva.
Ufa, não foi o quê eu havia pensado, não quero que descubram logo agora, nem chegamos em julho pelo menos, seria péssimo se falassem alguma coisa.
- Tudo bem mamãe, ele não me atrapalha nisso, eu vou.. achar uma noiva. - Afirmei mesmo mentindo, apenas para dar esperanças para minha mãe, o quê deu certo pois ela começou a sorrir.
- Ótimo, querido. Agora vá lá guardar as coisas que pedi para você, tenho que sair por agora.
- Ok, até o jantar. - Ela me abraça rapidamente, pegando um daqueles seus chapéus exagerados e saindo de casa. Respirei fundo e fui guardar as caixas.
Precisava arranjar algum emprego temporário, na verdade no mínimo dois, só assim para conseguir sair daqui com Arvid em setembro.
[...]
- Nossa, o quê trouxe? Isso é muito bom.
Já daria 2 da manhã e eu e Arvid estávamos no nosso lugar, comendo.
- Não tem receita, são só morangos com leite condensado. Não sei por que, mas é minha comida predileta. - Dei de ombros.
- Agora é a minha também. - Ele dá risada. - Podemos fazer qualquer noite.
- Claro. - Merda, não expressei mas essa frase de Arvid teve dois sentidos. - Na próxima você traz uma vasilha maior, compramos o leite condensado juntos e eu trago os morangos.
- Você cultiva? - Ele pergunta deixando lá naquela pequena vasilha, agora apenas com raspas de leite condensado e uma colher.
- Sim, quer dizer, faço isto com minha mãe, porém eu esqueço na maior parte do tempo e mamãe acaba cuidando mais do que eu. - Rimos juntos. - Tem outro hobby a não ser ler?
- Bem.. Eu queria colecionar pedras. - O garoto olha para a lua, que refletia em um lago não muito longe de nós.
- Pedras?
- Sim. Mas não qualquer pedra, pedras exóticas, coloridas, bonitas. - Ele sorri e se vira para mim. - Acha que seria maluquice minha?
- Claro que não, colecionar pedras é algo diferentes e.. É bom ser diferente. - sorri o olhando e acabei me deitando.
Nos encarávamos como realmente apaixonados. Os olhos dele brilhavam quando olhava para a linda lua em nossa frente, sentia borboletas no estômago quando ele me dizia "Eu te amo".
Eu nunca estive com uma sensação tão incrível assim.
- Arvid. - Ele vira seu olhar para mim. Eu apenas puxei levemente a blusa que usara e segurei seu queixo, levantando minha coluna levemente e o beijando.
- Também te amo. - Arvid fala em meio aos beijos, o quê me fez rir. Era isto que eu queria falar mas acabei fazendo outra coisa.
Ele se senta em meu colo e praticamente se deita em mim, dando beijos em meu rosto. Me sentei novamente, fazendo-o agora ficar realmente sentado em meu colo e o beijei. A cada ato que fazíamos íamos mais além. Arvid passou suas mãos em meus ombros e eu passei pelo seu abdômen ainda coberto pela blusa.
- Não, não posso fazer isso. - Falei parando um pouco para respirar.
- Você.. Você pode sim, Ronald. - O olhei assim que falou, ele parecia confiante, mas eu não.
Eu queria, mas não tinha coragem, e se eu o machucasse? Encarei Arvid novamente e então ele respirou fundo e desabotoou sua camisa e pegou minha mão, colocando em seu abdômen, onde dava para sentir sua respiração acelerada.
- Arvid.. - O mesmo me beija antes que eu pudesse falar alguma coisa.
Acariciei seu corpo delicadamente. Ele era magro mas com uns certos "músculos". Parecia ser esculpido por deuses, Deus por que colocou-o em minha vida?
Chegamos a um momento que parecia que seria nosso "finalmente", mas não aconteceu. Tenho medo, dúvidas, perguntas, tudo, não quero que um momento desses seja em uma pedra. Se for para acontecer, quero que seja em um lugar confortável, que Arvid não esqueça.
Passamos o resto da madrugada no nosso lugar. Ambos sem camisa, apenas com roupas debaixo, nos abraçando olhando ao céu estrelado. Eu ainda não conseguira dormir, então revesava entre admirar o céu e Arvid.
Igual a um anjo dormindo, talvez fosse um que viera me fazer feliz e não me contou. O abracei forte, agradecendo mentalmente por tudo aquilo estar acontecendo, espero que não acabe tão rápido.
[...]
Acordei com as luzes do sol em meu rosto, meus olhos ficam estreitos ao ver que estava forte. Olhei ao meu lado e vi Arvid ainda dormindo, beijei sua testa e me sentei bocejando.
Minutos se passam e ouço um grunido vindo de Arvid, então percebi que ele acordou.
- Bom dia. - Falei olhando ele, com um leve sorriso.
- Por que não me acordou? - Boceja e se senta, espreguiçando-se.
- Parecia cansado, e eu gosto de ver você dormindo. - Ele sorri com o quê digo e se aproxima devagar, me dando um selinho.
- Bom dia. - Deita sua cabeça em meu ombro por alguns segundos e então pega sua blusa.
- Precisa ir? - Falei vendo-o colocar a blusa.
- Não agora, posso enrolar mais alguns minutos, porém tenho que aparecer para o café da manhã. - Suspira.
- Tudo bem, eu também preciso aparecer cedo em casa, e tomar um banho também. - Esfreguei meus olhos, um banho me acordaria melhor desta preguiça.
Ficamos um tempo conversando sobre coisas bobas até ele ir embora. Fiquei um tempo lá sentado sozinho, e então me vesti e fui voltar para casa. Fiz todo o processo de pular a cerca, passar as escondidas até atrás de casa. Pulei minha janela e troquei de blusa para uma mais regata, para fingir que acabara de acordar.
Fiquei sorrindo bobo para o teto lembrando de Arvid dormindo; minha mãe bateu na porta, me dando um leve susto. Demorei uns segundos até responder que já iria levantar.
- Uau, me sinto um fugitivo, eu amei isso. - Falei sorrindo e me levantei, logo fingindo um bocejo alto e saindo de meu quarto, como se nada tivesse acontecido.
Bem, eu achava que estava tudo bem.
Continua...
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Talvez em Outra Vida
Historia CortaRonald era visto como o garoto perfeito da cidade, o dito marido perfeito para as damas. Seu mundo começa a se complicar quando a família Evans, os novos moradores daquela cidade pequena que praticamente ninguém visitava, chegaram; junto deles o fil...