Capítulo 11.

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Pulei pela cerca, andando pela grama nervoso com tudo isso. Não sabia o quê falar quando encontrar com Arvid, foi a nossa primeira briga, e eu que causei tudo isso.

Chegando perto da pedra finalmente (acabei enrolando alguns segundos andando em círculos) e o vi de longe, sentado olhando para a lua, meu deus que bonito.

Subi devagar e logo ele me olha, surpreso porém intrigado, acho que não achara que eu vinha.

- Ronald.. - Sua expressão de esperança me dá paz por dentro, me fazendo soltar um suspiro e sentar-me ao seu lado.

- Desculpe por hoje..

- O quê? Não! Não é você que deve pedir desculpas, sou eu. Não queria dar-lhe impressão que não temos confiança um no outro. - Arvid segura minhas mãos. - Eu sei que precisa de um momento para pensar, apenas me precipitei. Mil perdões Ronald.

Olhei seus olhos que por algum motivo brilhavam e acabei sorrindo. Que merda, não consigo ficar bravo com ele por muito tempo.

- Me desculpe também, por falar aquilo tudo... Claro, algumas partes realmente são reais e desabafei o quê eu sentia, pois senti que não me entendia direito. - Arvid abaixa a cabeça ao ouvir mas eu a levanto, segurando seu queixo. - Mas.. Percebi que, de algum modo, estampa sincronizados e que posso confiar em você para tudo.

Arvid sorri e me abraça fortemente, um abraço caloroso.

- Eu estava com muito desejo de você esses dias, passei dos meus limites ao te falar aquilo, perdões novamente. - Ele faz uma cara triste.

- Chega de desculpas por hoje, está bem? - Beijei o topo de sua cabeça. - Eu já te perdoei mas por favor, entenda meu lado de vez agora..

- Claro. - Ele deu um sorriso rápido e me deu um beijo rápido.

Tivemos aquele nosso tempinho de ficar abraçados e apenas apreciar a lua e tudo à volta. Assim que iria chamar seu nome para comentar algo sobre um livro que me emprestara, ouvi uma, na verdade duas vozes longe de nós, porém na mesma área.

- Arvid, precisamos ir, depressa.

- O quê? Por que? - Me olha confuso e eu faço sinal de silencio e me aproximo um pouco, falando baixo.

- Tem gente aqui, você não comentou nada com ninguém, não? - Ele recusa com a cabeça e se levanta junto comigo.

- Aqui é sujo... - A voz se aproxima da pedra e eu e Arvid pegamos nossos sapatos para não fazer barulho.

- Que isso querida, é só capim. - Voz de um homem, rapaz no caso.

- Um casal? - Arvid pensa alto e eu apenas concordo com a cabeça.

- Devem ter vindo para.. - Olhei para ele e corei. - Coisas.

- Sexo. - Sério, só era eu o tímido da relação?

- ...Aham, isso. - Desviei o olhar os vi se aproximar, nos escondemos atrás da pedra, assim que eles passassem para o outro lado iríamos embora.

- Pelo menos nada mancha esse vestido mesmo. - Finalmente reconheci a voz: Teresa.

Tive a confirmação quando vi ela passando com o tal rapaz, que era bem parecido comigo, para a pedra. Como ela descobriu esse lugar? Eu que espalhei o boato daqui, e ela odeia cobras, por que ela viria novamente?

- Vamos. - Sussurrei para Arvid e ele afirma, logo andando silenciosamente comigo até a cerca.

- Sabe quem eram aquelas pessoas? - Ele pula primeiro e vou logo depois.

- Apenas a garota, mas ela não é importante. Que merda, por que escolheram lá?

Se Teresa já havia encontrado um amor, por que insiste em conversar comigo, e em na minha casa? E ainda tentar me encrencar com aqueles joguinhos dela. Puta merda, que garota mais...

- Será que... - Saí dos meus pensamentos quando Arvid começa a falar. - Falaram algo para eles?

- Talvez, não sei, apenas nós dois sabemos disso, e eu não falei nada. - Suspirei. - Vai voltar à sua casa?

- Sim, já que pegaram no lugar para usar de motel. - Ele revira os olhos e toca em meu ombro, se despedindo. - Tenho um jantar de família amanhã, meus avós vêm para cá, não sei se poderei te ver amanhã Ronald.

- Tudo bem, tenha um bom dia amanhã, se divirta se puder. - Sorri e olhei aos lados, vendo que não tinha ninguém, dei um selinho rápido nele e nos afastamos, indo para caminhos diferentes.

[...]

- SEU MOLEQUE.

Sou acordado por tapas de manhã logo cedo, o me assusta pra caramba, geralmente ela me acorda primeiro para me bater.

- Ai pare! O quê eu fiz dessa vez?! - Falei me levantando sem nem ter a oportunidade de bocejar.

- Sair com Teresa tudo bem, mas não esperava que saísse de fininho a noite para ficar aos namoros com ela, não te eduquei assim! - Espera, do que ela estava falando?

- O quê? Espere, pare com isso! - Minha mãe respirou fundo e cruzou os braços, parando de me espancar praticamente.

- Ande! Sabe que eu concordo sobre a Teresa, é uma mulher perfeita para você mas, filho, sair assim podem achar que é um pervertido!

Milhares de perguntas rodam em minha cabeça mas apenas uma em especial me afeta: como ela soube que eu saí sendo que ela tem um sono incrivelmente pesado e, meu deus, nem da Teresa eu gosto!

- Mamãe eu explico... - Ela me interrompe.

- Sabe o quê aconteceu na mesma noite?! Disseram que viram dois homens se beijando, não acredito que essa besteira de homossexualidade chegou até aqui! - Na hora que comentou, senti meu corpo congelar, como ela sabe de tudo isso?! - Se não estivesse com Teresa achariam que você beija homens agora, não vê a gravidade das suas ações seu moleque?! - Ela iria começar a me bater mas eu a impedi, começando a falar.

- Estou saindo com Teresa! - Menti recuando para trás e ela me olha, brava porém surpresa. - Há alguns dias, desde de alguns dias.. É-É algo nosso, não queria espalhar ainda.

Falar aquilo me deu enjoo, será que era uma boa hora para vomitar? Merda.

- Ronald. - Minha mãe me encara com olhos cerrados mas em questao de segundo solta um grande sorriso e aperta minhas bochechas, e meu deus como dói. - Parabéns querido! Finalmente achou uma mulher, vou avisar suas tias!

- Não mamãe, por favor, me escute. - A impedi de sair do quarto e ela me olha intrigada. - Não quero que saibam ainda, n-não é nada sério por enquanto, quero que me dê um tempo, tudo bem?

Ela hesita um pouco mas então suspira, me prometendo que não iria contar a ninguém. Essa era uma das mentiras das grandes, precisava conversar diretamente com Teresa.

Que merda, quem está fazendo isso?

- Mamãe, mais uma coisa. - Falo antes dela sair do quarto. - Como soube.. De tudo isso?

- Ah, um boato correu da noite pro dia, mas espero que não faça mais isso! Não quero que achem que meu filho é um safado.

Boato?

Continua...

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