- Eu quase infartei, juro! - Teresa chega ao nosso lado parecendo super alegre.
- O quê? Com o quê? - Arvid pergunta rapidamente. Estávamos no café, como sempre. Posso considerar o lugar como nosso agora, se passara dois dias desde que fiz Teresa ter alguma conversa com sua amada.
- Culpa de Ronald! - Ela me olha cerrando os olhos.
- Minha? Me poupe, eu só lhe ajudei. - Fiz careta em sua direção e Arvid deu um peteleco em nós dois.
- Me atualizem, vamos! - O mesmo fala impaciente e Teresa volta ao foco.
- Roland me fez conversar com minha garota. - Ela sorri e Arvid faz o mesmo. - Conversamos e tanto, ela me levou para minha casa, temos tanto em comum, ela é... - Teresa suspira, mais um daquele seus momentos melosos.
- Eu falei que ajudei-a, de nada. - Falei e ela revira os olhos.
- Está bem, você ajudou. - Confessa o óbvio. - Mas me deixou nervosa para um cacete, tá bom??
- Idiotas. - Arvid fala rindo de nós dois.
- Ah! Também sonhei com ela, um sonho incrível rapazes... - Teresa fala ignorando completamente tudo, tomando iniciativa de contar seu sonho, que dizia que estava ela e sua amada em um campo, as duas passeavam de mãos dadas pela grama, sem se preocupar com nada...
Algum dia, tomara que algum dia, sejamos assim Arvid.
Aproximadamente uma hora depois, voltei para casa para trocar de roupas, um novo emprego. Ouvia minha mãe cantarolar na sala, enquanto embrulhara algumas coisas, mas olhando de perto, eram.. As coisas do vovô.
- O quê está fazendo? - Perguntei perplexo olhando para ela, não acredito que iria jogar fora as coisas do meu avô.
- Guardarei no sótão, querido. Me ajude aqui. - Me estende uma grande caixa, eu a pego a deixo no chão novamente. - Ronald, ajude sua mãe, querido.
- Ajudar a se livrar de lembranças do meu avô? - Perguntei irônico e suas bochechas envermelham de raiva. - Por que está fazendo isto?!
- Ronald! Desde quando ficou rebelde deste jeito? - Ela se aproxima e dou um passo para trás. - Eu sou sua mãe, pegue a droga das caixas e leve para o sótão, já!
O quê aconteceu com você, mãe?
Tentar ganhar desta discussão levaria a nada, bufei e peguei as caixas para levá-las ao sótão, como ela pediu. Como ela poderis agir assim sempre que tocava em algo relacionado ao meu avô?
Não parecia ser um tipo de fase de luto, mas sim, ódio.
[...]
- Não consigo descrever o quanto isso é bom. - Arvid comenta, lambuzando o morango no leite condensado, ambos não éramos fãs de chocolate, preferimos leite condensado.
- Estou cheio, pode comer o resto. - Bocejei e afastei os morangos, deitando a cabeça em seu colo. Refleti um pouco sobre tudo de olhos fechados porém ainda acordado.
- Está tudo bem? - Arvid pergunta baixo, achando que eu estava dormindo.
- Sim, só... - Suspirei abrindo os olhos. - Minha mãe, está estranha.
- Hum, descreva estranha. - Deixou a comida de lado, começando a me ouvir.
- Desde que vovô morreu, ela tem sido grossa, estressada quando toco em seu nome ou algo que tenha referência a ele.
- Não acha que seria por causa do luto? - Ele fala, porém nego.
- Parece que ela não gosta. Hoje cheguei em casa e ela estava colocando as coisas dele em caixas, para deixá-las no sótão. E ela sabe que meu avô amava aqueles itens velhos.
Ficamos calados por um tempo, Arvid fica sério e me olha.
- Ela fica feliz quando não fala algo referente a ele?
- Talvez, na verdade sim. Depois daquele funeral, eu havia voltado para casa para trocar-me e ela agia como se nada tivesse acontecido, e hoje cantarolava antes de eu aparecer. - Ouço Arvid engolir seco e levanto minha cabeça de seu colo, agora ficando ao seu lado. - Está bem?
- Sim, claro. Só estou preocupado com você. Sua mãe parece estar agressiva como você fala, não quero que faça algo contigo. - Suspira e desvia o olhar. - E também, tenho algo em mente sobre isto, mas não parece adequado falar esse tipo de coisa.
- O que seria? - Perguntei e ele não me responde, apenas me dá um beijo.
- Ainda não Ronald, ainda não. - Encosta nossas testas e fechamos os olhos por alguns segundos.
O quê ele estava tentando dizer?
Dormimos na pedra novamente, na verdade eu sentia saudade disto, entre dormir sozinho em uma cama e dormir com Arvid numa pedra, prefiro a segunda opção.
Seria umas seis da manhã quando acordei e Arvid não estara em meu lado. Me sentando, e então pude vê-lo tirando as roupas e indo até aquele lago.
Bocejei e o observei de longe por um breve momento. Desci da pedra silenciosamente e coloquei a mão em direção de onde vinha um raio de sol forte e estreitei os olhos.
- O quê está fazendo? - Questinei quase dando um susto no mesmo, que virou surpreso e rimos.
- Bom dia.. E, não sei, me deu vontade. - Ouvi o barulho das águas quando ele se move, ficando de costas para o sol e de frente para mim.
- Se bem que está numa temperatura boa neste horário. - Comentei, me sentando perto dele, mas fora da água.
- Nem frio, nem quente, mediano. - Falamos juntos e rimos disso.
- Li sua mente, igual ao bruxo das Cinzas. - Fala dando referência a um de seus livros, um daqueles de fantasia.
- Oh sim, me lembro deste. Falou que leríamos juntos, não? - Falei e ele afirma com a cabeça.
- Acho que será seu primeiro livro de fantasia, que lerá comigo no caso. - Arvid ri e fica um tempo se molhando na água.
- Sua mãe não irá estranhar voltar todo molhado assim?
- Relaxe, ainda é muito cedo provavelmente, dará tempo de me secar. - Dá de ombros.
Não demorou muito para ele sair e tentar me abraçar para me molhar também. Correu atrás de mim e ficamos assim até ele estar possívelmente mais seco.
- Agora, pare de rebeldia e volte para casa. - Falei rindo e ofegante ao mesmo tempo, como um corpo tão esbelto igual o dele corre tanto?
Bufa e vai até mim, me beijando e sorrimos depois de segundos.
- Precisamos de mais dias assim, quando viajarmos espero que seja deste jeito todo o dia com você.
- Bom, eu espero que não! Você quase me mata de tanto correr. - Falo sendo dramático e ele dá um soco em meu braço e eu rio mais.
- Bastardo. - Afastou-se e vestiu suas roupas rapidamente zangado.
- Hey, meu bem. - Levantei com um sorriso no rosto. - Sabe que estou brincando. - O abracei e o mesmo revira os olhos, porém em questão de segundos vira para mim novamente com um sorriso de canto.
- Se qusier minhas desculpas, é melhor correr para pagar! - Ele faz cócegas em mim e eu me contorço gargalhando e logo correndo dele.
- Seu idiota! - Falei correndo dele enquanto ríamos.
Euforia.
Continua...
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Talvez em Outra Vida
Short StoryRonald era visto como o garoto perfeito da cidade, o dito marido perfeito para as damas. Seu mundo começa a se complicar quando a família Evans, os novos moradores daquela cidade pequena que praticamente ninguém visitava, chegaram; junto deles o fil...