Capítulo 12.

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- Ah.. Ronald. - A mãe de Teresa fala ao me ver em frente à sua porta, com um certo ódio e desgosto, talvez por me achar um tarado.

- Bom dia senhorita, eu vim formalmente pedir para conversar com sua filha, esclarecer as coisas. - Falei com um sorriso educado e com um olhar insistente.

- Entre então, rapaz, mas lembre-se que estarei perto. - Ela me dá espaço para entrar e eu agradeço.

Vejo Teresa com um vestido branco simples enquanto tomava chá na mesa da cozinha, assim que me vê entrando quase engasga, porém mantém a tal elegância e dá um leve sorriso.

- Que surpresa, você por aqui Ronald. Sente-se, por favor. - Faço o quê ela diz e agradeço afirmando com a cabeça.

- Nós.. Precisamos conversar. - Falei num tom mais baixo e ela faz uma cara de surpresa junto com deboche, meu deus que garota mais..

- Seja direto, é sobre você ser um tarado? -Praticamente bati a mão na mesa, o quê a assustou, mas soltei uns risos aliviando a situação, risadas forçadas no caso.

- Você é tão engraçada Teresa. - A mesma me olha desconfiada. - Estou urgentemente querendo falar com você. - Voltei ao tom sério e baixo.

- O quê quer? - Cruza os braços.

- Não posso falar aqui. - Apontei com o olhar para sua mãe vendo alguns jornais, porém estava esperta à nossa conversa. Dei um sorriso educado e toquei levemente em suas mãos. - Espero você lá fora, Teresa.

Me levantei me despedindo dela e de sua mãe, só queria higienizar minha mão agora. Bem, meu plano era o seguinte: convencer a Teresa a ter um namoro falso comigo e dar impressão sobre algum noivado, assim não iriam suspeitar de mim e de Arvid, deixando-nos livres para planejar a viagem como queremos.

- Ouvi dizer que ele já saiu com mais de dez damas por aí, que cafajeste. - Duas senhoras cuchicham quando passam por mim (ainda a espera da garota); onde ouvem isso?? Pelo amor de deus. Nunca cheguei a ficar com três garotas e agora sou apaixonado por um homem, eu odeio fofocas.

Vejo Teresa sair de sua casa, agora com uma roupa mais formal e meiga, haha como se ela fosse assim...

- Vamos para uma cafeteria, espero que não se importe. - Falei começando a andare a deixando para trás, que logo corre para conseguir me acompanhar.

- Desembuche, o quê quer? - Me questiona enquanto andamos.

- Finja ser minha namorada, por gentileza. -  Entrei na cafeteria e ela riu de mim, o quê me fez virar para ela confuso.

- Espera, está falando sério? - Falou parando de rir aos poucos. - Isso só pode ser brincadeira, não somos mais crianças Ronald.

- Não estou brincando, quero que finja ser minha namorada por, aproximandamente três ou quatro meses. - Nos sentamos e pedi um café simples, enquanto ela apenas me encarara intrigada.

- Não estou acreditando nesta idiotice.

- Teresa, que merda. - Arfei já me estressando com aquilo. - Isso é importante para mim, e para você também, não quer que comecem com fofocas com seu nome, não é? - A encarei novamente. - Sei que não é a garota perfeita, que sai com rapazes mais velhos para se divertir.

-...Como sabe disso? - Agora ela fala séria, cruzando seus braços novamente.

- Fomos amigos desde criança, sei com quem eu me relaciono. - Meu pedido chega e eu agradeço. Quando a garçonete sai, voltei minha atenção à conversa. - Vamos Teresa, concorde comigo e os dois lados saem vitoriosos.

A garota fica em silêncio por alguns segundos pensando na proposta e então suspira, me olhando.

- Tudo bem, mas teremos regras, e quero saber o motivo por que está me pedindo isso. Não me suporta, e eu também não gosto de você, me fale o motivo. - Não poderia explicar tudo para ela, nem o "básico", ser homossexual era um pecado em nossa cidade e provavelmente ela não nos apoiaria, as pessoas não aceitam diferentes tão fácil, eu mesmo demorei a me aceitar.

- Não posso contar o motivo ainda. Você ainda terá todo o direito de ficar com outras pessoas mas peço apenas uma coisa: não vá na.. Pedra. - Merda, iria sair "nosso lugar" porém ela não é Arvid, ainda bem que mudei rapidamente. - Sem perguntas, apenas não vá lá.

- Você é tão estranho. - Soltei um riso. - Tudo bem, vai ficar tudo a mesma coisa, só o fato de estarmos "juntos" que irá afetar nossa rotina. Mas não será muita coisa.

- Pode contar para sua mãe sobre nosso "namoro", não quero quero que ela fique me olhando daquele jeito novamente, como se eu fosse... - Ela me interrompe.

- Um tarado. - A mesma ri.

- ...É. - Revirei os olhos e desviei o olhar. - Tenho algo para fazer agora então, até mais.

Percebi que algumas pessoas nos olhavam então para deixar elas ainda mais surpresas, toquei no queixo de Teresa antes de sair, como se eu fosse beijá-la. Saio de lá como se nada tivesse acontecido.

Meu deus que saudade de Arvid.

Seu nome invade minha cabeça, queria logo que chegasse a noite, porém tive que ir trabalhar.

[...]

Estava de madrugada, fui para onde nos encontrávamos e esperei o garoto. Parecia que choveria, uma boa ideia tomar um banho de chuva com ele.

Ele está demorando.

Arvid está atrasado.

Ele.. Não vem.

Mais de 40 minutos esperando ele chegar, agora caíra algumas gotas de chuva do céu e ele ainda não chegara. Eu queria muito falar com ele, abraçá-lo, por que Arvid não aparece?

Estava com mau pressentimento sobre isso. Desci da pedra e fui andando entre o mato até chegar relativamente perto da cerca, onde vi ele, e mais alguém.

Era uma briga, uma briga feia, e Arvid estava perdendo. Não consegui ver pessoa pois estava num ponto cego de qualquer luz, mas parecia uma pessoa mais velha.

Será que...

Não poderia ficar apenas observando toda aquela violência. Fui correndo até lá e afastei Arvid da tal pessoa. Ele estava horrível. Cara acabada, uma manga da roupa rasgada, parecia também ter levado chutes na barriga pela posição..

- Seu merdinha! Não vão demorar para descobrir sobre um homossexual de merda como você! - O homem fala/grita com uma risada grotesca.

- Qual o seu problema?! Deixe-o em paz!

- Ronald.. - Arvid fala com uma voz de choro. - Vá embora, por favor.

- O quê, por que? Não pode ficar sozinho aqui com esse louco. - Sussurrei de volta.

- E-Ele.. Não é ninguém, apenas vá embora, não me veja por alguns dias, eu te peço isso.

Minha cabeça dizia para ficar lá com ele, dar apoio e o tirá-lo daquela situação, mas meu corpo não obedece e dá uma olhada para Arvid, logo me afastando e saindo correndo por trás daquelas casas, indo para a minha.

Por que eu fiz isso? E por que ele me pediu uma coisa dessas? Eu sou uma péssima pessoa e péssimo namorado.

Quando olharia mais uma vez para trás, finalmente enxerguei quem era o monstro. Um homem com uma expressão revoltada, porém que parecia muito com o.. Arvid.

Seria o... pai dele?

Continua...

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