[...]
- Como foi lá, rapaz? - Pergunta meu avô após dar umas tossidas por conta do cigarro, assim que entro.
- Foi divertido, comemos.. - Parei no meio da frase, droga, troquei ligeiramente. - Comi num restaurante bom, comprei as cortinas que precisava, foi bom.
- Deixe-me ver, posso instalar para você. - Ele tenta se levantar mas eu recuso, dizendo para continuar sentado.
- Não faça esforços vovô, eu mesmo faço isto, tudo bem? - Liberei um sorriso e me despedi, indo para meu quarto.
- Vai dormir querido? Descanse bastante, deve ter andado um monte, não? - Mamãe fala de seu quarto me olhando e eu afirmo com a cabeça dando um leve sorriso e então seguindo rumo ao meu quarto novamente.
Dei um descansada, mais tarde iria me encontrar com Teresa e Arvid.
[...]
- HAHA! Nem brinca! - Teresa e Arvid riam das histórias de transa que a garota já teve.
Não conseguia descrever o quão irritante era a amizade que eles fizeram num piscar de olhos.
- E ainda queria exigir, então apenas dei um belos tapas nele e saí de lá. - A garota se mostra convencida, que no caso ela já era, só mostrou mais esse seu lado.
- Bem merecido! - E Arvid concordava animado com tudo aquilo, um tremendo fofoqueiro.
- Vocês não teriam outro assunto para conversar, hum? - Os dois me lançam um olhar mortal, mostrando que eu seria o chato ali. - Tudo bem, ficarei quieto.
Rimos e Arvid vai para meu lado, Teresa se senta na janela quebrada. Estávamos numa casa com apenas seus destroços, fora queimada uns anos atrás, achamos um bom lugar para nos encontrarmos às vezes, além da cafeteria e biblioteca.
- E como foi aquela viagem que comentaram? - Teresa pergunta para nós enquanto balançava seus pés que não encontrara no chão.
- Foi incrivelmente bom, e também achamos um lugar ótimo para ficarmos a sós... - Arvid sorri e segura minha mão, me dando um daqueles seus olhares apaixonados e eu sorri igual um besta com aquilo.
- Que melosos. - Teresa faz cara de nojo e rimos.
- E com você, como vai com sua dama? - Perguntei, lembrando que ela era tão melosa quanto eu e Arvid juntos.
- Bem.. - Ela fala devagar para dar um suspense e dá um sorriso. - Conversei com ela, quer dizer, não foi bem uma conversa mas... Se eu insistir mais um pouco poderemos virar amigas.
- Que fofas, e como foi com ela? - Arvid comenta, ele gostava de saber sobre essas coisas, provavelmente estava já inventando um romance inteiro em sua cabeça.
- Elogiei seu vestido, o penteado em seus cabelos.. Nossa como ela estava bela. - Fala apaixonada, nunca havia vido Teresa desse jeito, estava.. Diferente.
- Depois nós que somos os melosos, não é? - Brinquei com ela que me deu um leve empurrão e todos rimos.
- É uma droga estar apaixonada, ainda mais por outra dama, vocês entendem. - Suspira.
Arvid e eu nos entre-olhamos, lembrando o mesmo acontecimento, o incidente com seu tio... Não falei em voz alta pois sei que ele ficaria desconfortável com isto, apenas segurei melhor sua mão, fazendo carinho em sua palma.
- Sabemos, sabemos muito bem. - Comentei sem jeito.
Ouvimos passos desconhecidos durante esse breve silêncio e estranhamos, logo um senhor pergunta alto quem estava lá.
- Merda, finjam que estão fazendo algo! - Arvid cochicha e pula a janela quebrada, cortando sua mão com vidro e eu fingi estar beijando Teresa, apenas com minhas mãos em sua cintura. Será que Arvid estava bem? Tomara que não tenha se machucado tanto..
- Hey, seus safados! - O velho aparece e fingimos surpresa. - Não podem ficar de namorico em lugares assim!
- Desculpe-nos senhor, teremos consciência da próxima vez.
- Vamos! Saiam daqui! - Peguei a mão de Teresa e saímos correndo de lá; já de uma certa distância, começamos a rir da situação.
- "Hey, seus safados"! - Teresa imita o velhote e eu rio ainda mais, porém lembro de Arvid.
- Espere, para onde ele foi? - Parei para pensar mas em questão de segundos o mesmo aparece andando até nós, com uma das mãos segurando o sangue que escorria da mão cortada.
- Estou aqui. - Ele sorri tentando ignorar a dor. - Que situação hein. - Riu e eu me aproximei.
- Arvid, sinto muito. - Teresa percebe o corte.
- Deixe-me ver. - Falei e ele afasta a mão de mim.
- Não se preocupe, estou bem, de verdade. Apenas preciso de um lenço. - Suspira apertando mais forte o corte.
Ouvimos um rasgo e olhamos para Teresa, onde estava com um pedaço de babado de seu vestido liso.
- Aqui, nem irão ligar, é só um vestido. - Dá de ombros dando o tecido para Arvid, que agradece e enfaixa sua mão, parando o sangramento.
[...]
- Uau, hoje foi um dia louco.
Agora estava eu e Arvid sentados na pedra, Teresa disse que precisara ir então viemos direto para cá.
- Demais. - Arvid sorri e eu o olho confuso.
- Está feliz por ter se machucado? Você é doido, sabia? - Rimos e ele me deu um leve empurrão.
- Sou doido apenas por você. - Nos encaramos com um sorriso de lado, então beija minha bochecha. - Estou feliz por estar sendo tão divertido, ter adrenalina, ser louco com você, ter uma amiga como Teresa e um amor perfeito como você.
Sorri com aquilo e segurei seu queixo, o beijando.
- Eu te amo, bem. - O olhei de pertinho, amava ver seus detalhes assim de perto.
- Eu também te amo, meu. - Ele solta um daqueles sorrisos. Deitamos lá mesmo, aproveitar um pouco do momento que tínhamos a sós.
Batia às vezes um vento frio mas a presença de Arvid me fazia ficar aconchegado, sem sentir tanto frio e nem calor, apenas...
Apenas nós.
No fim da madrugada, voltei para casa e entrei pela minha janela, baguncei meu cabelo e tirei minha camisa colocando outra mais leve e me deitei.
Daqui a pouco iria amanhecer, amo esta sensação de ver o sol nascer, mesmo que seja daqui da janela. Passei a noite em claro, tanto admirando o céu quanto pensando e agradecendo por tudo estar dando certo, sobre Arvid, Teresa, a viagem, era bom demais para ser verdade.
Como eu disse, estava bom demais para ser verdade.
- AJUDA POR FAVOR, EU PRECISO DE UM MÉDICO!
Continua...
Aparência de Teresa.
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Talvez em Outra Vida
Short StoryRonald era visto como o garoto perfeito da cidade, o dito marido perfeito para as damas. Seu mundo começa a se complicar quando a família Evans, os novos moradores daquela cidade pequena que praticamente ninguém visitava, chegaram; junto deles o fil...