Capítulo 14.

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Fomos ao banheiro juntos depois daquilo, tomamos banho pela primeira vez juntos, sem vergonhas e sem malícias. Conversamos a madrugada inteira, matei a
saudade do sorriso de Arvid, dele falando animadamente sobre seus livros.

Antes do sol nascer tive que voltar para casa.

- Precisa mesmo? - Me abraça formando um biquinho em seus lábios.

- Infelizmente, mas nos veremos de noite Arvid, não se preocupe. - Abracei-o dando um beijo no topo de sua cabeça, eu era dois centímetros mais alto que ele apenas, porém parecia que eu era bem maior.

- Tudo bem, vá pela janela, ok? Cuidado na rua. - Ele deu um suspiro me soltando e fomos para o quarto dele, onde nos beijamos e eu pulei a janela segundos depois, acenando para ele e seguindo caminho atrás das casas.

Pulei da minha janela e baguncei meu cabelo e tirei minha camisa, para dar a impressão que eu acabara de acordar. Ainda sim dormi por umas meia hora, acordei por causa dos raios de sol que surgira.

Me levantei bocejando e logo saindo do quarto, indo comer alguma coisa.

- Ronald? - Tomei um susto e virei com tudo, vendo meu avô apoiado na janela, fumando como sempre. - O quê faz acordado a essa hora rapaz?

- Bom dia para o senhor também. - Saiu irônico. - Não consegui mais dormir, preciso de cortinas para meu quarto.

- Compre com seu próprio dinheiro, não está trabalhando na obra da praça? Eles pagam bem. - Solta a fumaça e eu coço o pescoço.

- Estou economizando para outros assuntos vovô... - Desviei o olhar e senti ele me encarar.

- Você.. Voltou tarde ontem? - Merda, eu disse que iria entregar os livros para Arvid e acabei passando a noite lá, como eu iria explicar isso.

- A-Ahn, como? - Comecei a fazer café, para ver se me concentrava em alguma coisa. - Sim, na verdade, ficamos conversando por horas e horas, perdi a noção de tempo, desculpe.

- Vou deixar escapar essa, sei que sua mãe não gosta qur volte tarde assim mas você é jovem, tem que aproveitar a vida. - Olhei para ele no mesmo instante e sorri, logo agradecendo, o quê me faz ficar distraído fazer respingar umas gotas de água quente em meu braço.

- Merda. - Suspirei sentindo aquele arder e agradeci meu avô novamente, que ria de mim por ser desatento.

- Sirva um pouco para o velho aqui, seu moleque. - Brincou comigo e sorriu, fiz o mesmo e servi o café em duas xícaras, logo levando até ele e me sentando perto do mesmo. - Comprarei umas cortinas para você, mas se sua mãe perguntar diga que comprou com seu próprio dinheiro está bem?

Desde pequeno, meu avô me protegia e me mimava mais que minha mãe, por eu ser um dos seus únicos netos que conversa com ele. É um pai para mim, gosto de tê-lo por perto, mas sei que isso não durará muito tempo...

- Não precisa vô, sabe que eu não gosto que fique comprando coisas para mim, já sou..

- Um adulto? - O mesmo completa e me dá um peteleco. - Que nada, olhe essa cara de pateta! Ainda é uma criança para o vovô aqui.

Rimos da situação. Eu iria fazer dezenove e ele me tratava como se eu tivesse ainda doze anos.

- E também sabe que não pode aindar sozinho por aí, se acontecer algo mamãe irá ficar uma fera com você.

- Tolice dela, já falei que estou melhorando, não preciso depender de ninguém entendeu? - Me dá um outro peteleco. - Agora vá lá comprar mais uns cigarros para mim, tome. - Deu algumas moedas e eu assenti. Fui rapidamente até meu quarto vestir uma camisa e logo saí de casa.

Fazia alguns anos, meu avô teve um acidente com cavalos e ficou sem andar por um tempo. Até hoje não se recuperou totalmente mas é feito uma criança, ninguém segura aquele velho. Vive dizendo que está se recuperando mas está claro que ele partirá cedo, tanto pelo problema em andar quanto dos pulmões, infectados pelo cigarro.

Não gosto que ele fume, mas se eu não comprar ele me briga, então...

- Para o velho não é? Haha ele não toma jeito.. - O dono do mercadinho comenta.

- Sabe como ele é. - Soltei uma risada baixa e paguei pelos cigarros, saí de lá jogando alguns pela rua para ter menos.

- Ronald. - Ouço meu nome ser chamado e vejo Teresa vindo até mim. - Precisamos conversar.

- Agora? Tenho que ir em casa agora.

- Eu acompanho você e te falo no caminho. - Suspirei e ela me deu um tapa, logo fomos andando.

- Fale.

- Mamãe está falando em casamento toda hora. Quanto tempo isso vai durar Ronald? Sabe como isso é irritante? - Reclama.

- Eu sei, sei muito bem. Mas aguente por mais alguns meses, tudo bem? Ninguém descobrirá que não temos nada de você for discreta com seus caras e atuarmos bem.

- É, então falando nisso.. - A interrompi, apontando para meu avô que nos olhava pela janela com aquela cara de marrento dele, era assim na frente dos outros mas comigo era um crianção.

- Me espere aqui. - Ela assentiu e entrei rápido. - Aqui está.

Entreguei para meu avô que olhou para mim e depois para Teresa, me encarando com um sorrisinho, insinuando algo.

- Vocês dois, hein.

- Pare com isso vovô. - Ele riu e pegou um cigarro, acendendo e começando a fumar.

- Vá logo, antes que sua mãe queria fazer essa garota morar aqui. - Me empurrou e acabei rindo, saindo de lá rapidamente.

- Então, o quê queria me falar? - Questinei Teresa assim que saí de casa e ela olha para os lados, como se estivesse incomodada com algo.

- Eu.. Não posso falar aqui. - Pegou meu braço e foi me puxando até a praça que estava tendo aquela obra. Não havia ninguém lá ainda.

- O quê houve? Fale logo.

- Não sei como posso se explicar isto, e você pode me julgar também. É um dos motivos por eu não me poder casar com você. - A ouvi bem, esperando ela falar, mas apenas desviava o olhar.

- Então...? - Ela supira e se aproxima de meu ouvindo, falando.

- Eu.. Estou apaixonada, por uma mulher. - Suas palavras me fizeram ficar sem reação na hora. Espera, a TERESA gostava de ALGUÉM. No caso uma mulher, o motivo do meu choque.

Então ela.. Sabia como eu me sentia.

- ...Uau. - Foi o quê eu comsegui falar na hora. - Quer dizer, que incrível!

- S-Sério? - Ela se afasta para ver minha reação melhor. Eu sorri para a mesma.

- Você sabe.. Como é se sentir assim agora.

- Espera, você também..? - Ela deixa a pergunta no ar e eu apenas afirmo, e ela me olha surpresa. - Então por isso o casamento? Você também tem alguém?

- É o.. - Sou interrompido.

- Sou eu, prazer em finalmente conhecer-te, Teresa. - Arvid é a pessoa que me interrompe, aproximando-se de nós.

Continua...

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